Por entre a grande quantidade de filmes que passaram na Cinefiesta, um que pode ter passado despercebido, infelizmente, é "El Sexo de los Ángeles". O mais recente filme de Xavier Villaverde (que os seguidores do Fantasporto recordarão de "Trece Campanadas") é uma fabulosa e muito acessível história sobre o amor fora do convencional.
Temos Carla e Bruno, dois estudantes universitários que se amam desde sempre, moram juntos e vão ser felizes para sempre. Uma manhã, ao enfrentar um carteirista, Bruno leva uma pancada na cabeça que lhe vai mudar completamente a vida. Drogas ligeiras, ocupação de casas, homossexualidade... Ele não era assim! Pode parecer o mesmo jovem, mas o seu comportamento não é igual. Enquanto isso, Carla continua a derradeira luta para salvar o jornal académico pelo que não se apercebe das diferenças até ser tarde de mais. Vai-se distraíndo das suas obrigações devido a este dilema, o que lhe traz consequências profissionais e junto com a situação dos pais aumenta o seu nervosismo.
A ironia do filme está em isto não ser uma consequência da pancada. Bruno ainda é jovem, está a descobrir quem é. As drogas parecem já ter sido parte da sua vida, a ocupação não foi propositada, e a homossexualidade, foi uma questão de encontrar a pessoa certa. Ele não gosta de homens no geral e não deixou de gostar de mulheres. Simplesmente da mesma forma que ama Carla e a prefere a qualquer outra, também Rai é o único homem de quem gosta. Porque o amor/desejo não pode ser limitado a um género. O amor/desejo é por um indivíduo.
Claro que não é um tema fácil. E "El Sexo de los Ángeles" foi feito para chocar um bocadinho as mentes mais conservadoras. Não é demasiado explícito no sexo entre homens, e antes de o mostrar, tem sempre um muito mais ousado acto sexual entre homem e mulher. Quem for terminantemente contra as relações homossexuais não gostará do filme apenas por isso. Quem for curioso, pode-se focar demasiado nesse ponto e perder a verdadeira mensagem. Quem estiver preparado e for capaz de se abstrair do género dos intervenientes, para ver apenas os dilemas de uma relação a três, vai ter uma experiência única.
Por um lado temos Bruno dividido entre o amor e o desejo, entre a relação estável a a aventura. Depois temos Carla que se sente traída, mas é capaz de perdoar. E finalmente Rai que se envolveu apenas por diversão e acabou a sentir mais do que esperava. Ora tudo isto é universal. Abstraindo-nos do género - e perdoem-me repetir sempre isto, mas será a maior dificuldade para quem assista - não são três rumos narrativos possíveis para um qualquer drama romântico?
Além desse drama apresentado com sentimento, há ainda uns toques de humor (não eram necessários, mas não destoam) e o grande trunfo de ser orgulhosamente falado em catalão sempre que os intervenientes o são. Para um estrangeiro isso pode passar despercebido, mas é um passo importante para aceitar a multiculturalidade espanhola.
Depois da sessão sai-se com muito em que pensar e com a satisfação de tempo bem passado pois desde a dança perfeitamente sincronizada da abertura, até ao último frame, que não revelo, experimenta-se todo o género de emoções. Um filme para rever assim que estreie.
Temos Carla e Bruno, dois estudantes universitários que se amam desde sempre, moram juntos e vão ser felizes para sempre. Uma manhã, ao enfrentar um carteirista, Bruno leva uma pancada na cabeça que lhe vai mudar completamente a vida. Drogas ligeiras, ocupação de casas, homossexualidade... Ele não era assim! Pode parecer o mesmo jovem, mas o seu comportamento não é igual. Enquanto isso, Carla continua a derradeira luta para salvar o jornal académico pelo que não se apercebe das diferenças até ser tarde de mais. Vai-se distraíndo das suas obrigações devido a este dilema, o que lhe traz consequências profissionais e junto com a situação dos pais aumenta o seu nervosismo.
A ironia do filme está em isto não ser uma consequência da pancada. Bruno ainda é jovem, está a descobrir quem é. As drogas parecem já ter sido parte da sua vida, a ocupação não foi propositada, e a homossexualidade, foi uma questão de encontrar a pessoa certa. Ele não gosta de homens no geral e não deixou de gostar de mulheres. Simplesmente da mesma forma que ama Carla e a prefere a qualquer outra, também Rai é o único homem de quem gosta. Porque o amor/desejo não pode ser limitado a um género. O amor/desejo é por um indivíduo.
Claro que não é um tema fácil. E "El Sexo de los Ángeles" foi feito para chocar um bocadinho as mentes mais conservadoras. Não é demasiado explícito no sexo entre homens, e antes de o mostrar, tem sempre um muito mais ousado acto sexual entre homem e mulher. Quem for terminantemente contra as relações homossexuais não gostará do filme apenas por isso. Quem for curioso, pode-se focar demasiado nesse ponto e perder a verdadeira mensagem. Quem estiver preparado e for capaz de se abstrair do género dos intervenientes, para ver apenas os dilemas de uma relação a três, vai ter uma experiência única.
Por um lado temos Bruno dividido entre o amor e o desejo, entre a relação estável a a aventura. Depois temos Carla que se sente traída, mas é capaz de perdoar. E finalmente Rai que se envolveu apenas por diversão e acabou a sentir mais do que esperava. Ora tudo isto é universal. Abstraindo-nos do género - e perdoem-me repetir sempre isto, mas será a maior dificuldade para quem assista - não são três rumos narrativos possíveis para um qualquer drama romântico?
Além desse drama apresentado com sentimento, há ainda uns toques de humor (não eram necessários, mas não destoam) e o grande trunfo de ser orgulhosamente falado em catalão sempre que os intervenientes o são. Para um estrangeiro isso pode passar despercebido, mas é um passo importante para aceitar a multiculturalidade espanhola.
Depois da sessão sai-se com muito em que pensar e com a satisfação de tempo bem passado pois desde a dança perfeitamente sincronizada da abertura, até ao último frame, que não revelo, experimenta-se todo o género de emoções. Um filme para rever assim que estreie.
Título Original: "El Sexo de los Ángeles" (Espanha, Brasil, 2012) Realização: Xavier Villaverde Argumento: Ana Maroto, Xavier Villaverde, José Antonio Vitoria Intérpretes: Astrid Bergès-Frisbey, Álvaro Cervantes, Llorenç González, Sonia Méndez, Julieta Marocco Música: Eduardo Molinero Fotografia: Sergi Gallardo Género: Comédia, Drama, Romance Duração: 105 min. Sítio Oficial: http://www.elsexodelosangeles.es/ |
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