“The King Speech” foi suficientemente falado para que a subida ao trono do rei George seja agora conhecida por todos. Um dos pontos em falta nessa história é uma visita feita pelos monarcas britânicos à antiga colónia americana. Os Estados Unidos podem ter desviado o irmão mais velho do caminho real, mas a este rei deram um forte empurrão para que se assumisse como governante dos ingleses e modelo dos europeus, num momento bastante dificil. Mas claro, isso é a visão americana da história.
Este é o diário de Daisy, a prima afastada de Franklin D. Roosevelt que fazia o presidente voltar a ser o homem que sempre foi. Num país em crise, Roosevelt sempre permaneceu impávido. Trocou os confortos e as preocupações presidenciais de Washington por um quarto na casa de campo da mãe que o vigia como se fosse uma criança pequena. Os raros momentos de absoluta liberdade que tem, são a folhear a famosa colecção de selos, ou quando leva Daisy a passear. Tudo muda quando recebe a visita do recentemente coroado Rei George da Grã-Bretanha. Aquilo que parecia uma visita de cortesia, seria uma reunião informal entre dois governantes com o objectivo claro de impedir a eminente ameaça alemã. Uma guerra que os ingleses sabiam que iriam perder sem aliados. Uma guerra que interessava à moribunda economia americana.
Por entre cocktails, serviços de louça partidos e cachorros quentes, encontram-se Roosevelt, o presidente que sabe continuar a ser apenas um homem, e George, o homem que não sabe ser rei. A experiência de um velho presidente pouco convencional vai ajudar o jovem governante a definir um rumo, numa Europa à procura de alguém com visão. Esta visão exageradamente patriótica de como os EUA salvaram o mundo por antecipação, é salva pelo tom humorístico de tudo o que se sucede. Sanitas com aroma a madeira, caricaturas dos soldados ingleses no aposento do rei, um protocolo secular que perde todo o sentido perante uma democracia que mais de um século antes cortou os laços com essa mesma monarquia. Pior, um presidente com uma atitude paternalista perante o antigo colonizador!
Pelo meio há momentos de bom cinema, como os movimentos de câmara na recepção, a floresta com aspecto de pintura, ou os pensativos cigarros de um presidente com mobilidade reduzida e de um rei gago. Há aquele encanto de contar os detalhes mais cor-de-rosa de uma história sobejamente conhecida. Mas o que sobra depois de se retirar o sabor da novidade? O que há para além de um simples fim-de-semana? O filme não tem nada de novo para quem conhecer a história. Foca-se em demasia nos pontos-chave das personalidades envolvidas que são convenientes para esse momento, mas não serve para conhecer quem eles foram ou a época em que viveram. Em especial Daisy que, sendo a menos importante das personagens e mantida fora dos holofotes, parece ainda mais oca, cumprindo muito mal a função de narradora para a qual tinha de cativar.
Nos últimos quinze ou vinte minutos quase todas as personagens dão um pequeno espectáculo. Daisy ganha autoridade, o casal real tem um diálogo maravilhoso, os governantes convivem isentos de formalismos - quase como crianças - e o filme começa a ganhar rumo. Mas subitamente está o fim-de-semana terminado e separam-se, ficando o filme novamente frágil e sem tempo para mais correcções.
Roosevelt foi um presidente extraordinário e Bill Murray interpreta-o de forma soberba, mas este ainda não é o filme definitivo sobre ele.
Este é o diário de Daisy, a prima afastada de Franklin D. Roosevelt que fazia o presidente voltar a ser o homem que sempre foi. Num país em crise, Roosevelt sempre permaneceu impávido. Trocou os confortos e as preocupações presidenciais de Washington por um quarto na casa de campo da mãe que o vigia como se fosse uma criança pequena. Os raros momentos de absoluta liberdade que tem, são a folhear a famosa colecção de selos, ou quando leva Daisy a passear. Tudo muda quando recebe a visita do recentemente coroado Rei George da Grã-Bretanha. Aquilo que parecia uma visita de cortesia, seria uma reunião informal entre dois governantes com o objectivo claro de impedir a eminente ameaça alemã. Uma guerra que os ingleses sabiam que iriam perder sem aliados. Uma guerra que interessava à moribunda economia americana.
Por entre cocktails, serviços de louça partidos e cachorros quentes, encontram-se Roosevelt, o presidente que sabe continuar a ser apenas um homem, e George, o homem que não sabe ser rei. A experiência de um velho presidente pouco convencional vai ajudar o jovem governante a definir um rumo, numa Europa à procura de alguém com visão. Esta visão exageradamente patriótica de como os EUA salvaram o mundo por antecipação, é salva pelo tom humorístico de tudo o que se sucede. Sanitas com aroma a madeira, caricaturas dos soldados ingleses no aposento do rei, um protocolo secular que perde todo o sentido perante uma democracia que mais de um século antes cortou os laços com essa mesma monarquia. Pior, um presidente com uma atitude paternalista perante o antigo colonizador!
Pelo meio há momentos de bom cinema, como os movimentos de câmara na recepção, a floresta com aspecto de pintura, ou os pensativos cigarros de um presidente com mobilidade reduzida e de um rei gago. Há aquele encanto de contar os detalhes mais cor-de-rosa de uma história sobejamente conhecida. Mas o que sobra depois de se retirar o sabor da novidade? O que há para além de um simples fim-de-semana? O filme não tem nada de novo para quem conhecer a história. Foca-se em demasia nos pontos-chave das personalidades envolvidas que são convenientes para esse momento, mas não serve para conhecer quem eles foram ou a época em que viveram. Em especial Daisy que, sendo a menos importante das personagens e mantida fora dos holofotes, parece ainda mais oca, cumprindo muito mal a função de narradora para a qual tinha de cativar.
Nos últimos quinze ou vinte minutos quase todas as personagens dão um pequeno espectáculo. Daisy ganha autoridade, o casal real tem um diálogo maravilhoso, os governantes convivem isentos de formalismos - quase como crianças - e o filme começa a ganhar rumo. Mas subitamente está o fim-de-semana terminado e separam-se, ficando o filme novamente frágil e sem tempo para mais correcções.
Roosevelt foi um presidente extraordinário e Bill Murray interpreta-o de forma soberba, mas este ainda não é o filme definitivo sobre ele.
Título Original: "Hyde Park on Hudson" (Reino Unido, 2012) Realização: Roger Michell Argumento: Richard Nelson Intérpretes: Bill Murray, Laura Linney, Samuel West, Olivia Colman, Olivia WIlliams, Elizabeth Wilson Música: Jeremy Sams Fotografia: Lol Crawley Género: Biografia, Comédia, Drama, História Duração: 94 min. Sítio Oficial: http://www.hydeparkonhudsonmovie.com/ |
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