Tenho de começar pelas más notícias e alertar todos os que ouçam falar do filme para algo preocupante. O pior de “Pecado Fatal” é o título. É um título vindo de nenhures que em nada ajudará na promoção de um filme que de resto tem tudo para ser um sucesso. É verdade que aquela combinação de palavras deixa qualquer um de pé atrás, mas o cinema português também nos tem trazido algumas desilusões com nomes mais apelativos. Esta, pelo contrário, é uma produção portuguesa, para o público português. Nem demasiado intelectual, nem demasiado comercial, com algumas falhas distribuídas pelas equipas envolvidas, mas que passarão despercebidas por entre o todo que tem uma qualidade vários furos acima da média, não só a nível nacional como europeu. Portanto, se a partir de 24 de Abril o tiverem em exibição por perto, não percam a melhor oportunidade em muito tempo de se reconciliarem com o nosso cinema.
Esta história tem duas partes. Por um lado temos Liliana, uma jovem que parte numa longa viagem a fugir do seu passado recente e em busca de um futuro que, se não pode não ser risonho, seja pelo menos sorridente. Depois temos Nuno, um rapaz simpático cuja vida dá uma volta de cento e oitenta graus quando recebe a visita de Miguel, seu amigo de longa data que tarde e a más horas precisa de um cúmplice. Serão estas duas vidas em diferentes fusos horários que nos vão prender ao ecrã.
O que tem de tão especial o filme? Simplesmente arrasa com as expectativas. Apesar do título, como já conhecia o trabalho de Luís Diogo fui ver com a confiança que as produções Filmógrafo/Cineclube de Avanca fizeram por merecer ao longo dos anos. E o que aconteceu naquela sala de cinema foi mágico. A fotografia é apelativa desde o princípio. O argumento tem pés e cabeça e é completamente ajustado à nossa realidade, sem que se aproveite disso em demasia. Os actores sabem o que estão a fazer. Muito do que estava a parecer estranho faz sentido com o decorrer da história. Quando termina, as dúvidas voltam a surgir. "Isto que acabei de ver foi um filme português?", "Se é possível fazer coisas destas, porque não o fazemos mais vezes? Ou sempre? Podia ser que o público se voltasse a conectar com a nossa produção. A indústria certamente agradeceria!"
Se querem ouvir dizer mal, temos pena, mas estão a ler sobre o filme errado. É verdade que o realizador poderia ter optado por dar mais variedade aos planos escolhidos. É uma falha normal de quem vem das curtas. E algumas partes do argumento podem ter sido um pouco feridas na sala de edição. Mas são coisas mínimas que é preciso estar muito atento para notar e acontecem em imensos filmes onde passam despercebidas entre as outras falhas, enquanto que aqui essas minúsculas imperfeições sobressaem e incomodam porque prejudicam um belíssimo trabalho (e podiam ter sido evitadas).
Indo por partes, a fotografia ser boa não é surpresa. Portugal sempre teve bons profissionais nessa área. O argumento ser bom é algo mais raro. Contam-se pelos dedos aqueles capazes de construir uma longa do início ao fim, seja por limitação própria ou por imposição do produtor. Mas onde Portugal é uma miséria, é nos actores. Pegar em modelos e colocá-los em televisão é fácil, mas não corre bem. O pior é que essa praga se expandiu para o cinema, onde um nome popular rende mais do que alguém bom no que faz. Todavia, aqui não houve esse problema. Felizmente o dinheiro era pouco e por isso não foram em busca dos nomes famosos, puderam limitar-se a desencantar aquela espécie rara de actores, os que sabem o que fazem. E o que é quase inédito por estes lados, deram-lhes diálogos credíveis. Não desfazendo o trabalho impecável de Miguel Meira - como a infeliz vítima das circunstâncias - e o alívio cómico trazido por João Guimarães - como o representante do que de mais nojento o sexo masculino é capaz - a estrela do filme é Sara Barros Leitão. Podem já a ter visto em algumas outras produções, mas esta Liliana que construiu, é algo extraordinário. Alegrias, tristezas, caretas, explosões de humor, tudo o que faz tem tal expressividade que não se sente como uma personagem de ficção, mas como uma pessoa presa em tela. Este regresso ao norte fez-lhe muito bem e não seria de estranhar vê-la com uma Sophia dentro de meses.
Apesar de ter evitado ao máximo os spoilers, duvido que noutras leituras não fiquem a saber demasiado. Podem aproveitar os quase dois meses que faltam até à estreia para esquecer tudo. Evitem ao máximo o trailer e mesmo o videoclip de Daniela Galbin. A única coisa que precisam de saber, é que o título não presta e esconde o verdadeiro valor de uma magnífica produção nacional sobre alguns dos verdadeiros significados de amor. Qualquer coisa abaixo dos 70000 espectadores será uma injustiça. E antes que se queixem do preço dos bilhetes, acreditem que vão desperdiçar dinheiro em filmes bem piores do que este de forma perfeitamente consciente.
Esta história tem duas partes. Por um lado temos Liliana, uma jovem que parte numa longa viagem a fugir do seu passado recente e em busca de um futuro que, se não pode não ser risonho, seja pelo menos sorridente. Depois temos Nuno, um rapaz simpático cuja vida dá uma volta de cento e oitenta graus quando recebe a visita de Miguel, seu amigo de longa data que tarde e a más horas precisa de um cúmplice. Serão estas duas vidas em diferentes fusos horários que nos vão prender ao ecrã.
O que tem de tão especial o filme? Simplesmente arrasa com as expectativas. Apesar do título, como já conhecia o trabalho de Luís Diogo fui ver com a confiança que as produções Filmógrafo/Cineclube de Avanca fizeram por merecer ao longo dos anos. E o que aconteceu naquela sala de cinema foi mágico. A fotografia é apelativa desde o princípio. O argumento tem pés e cabeça e é completamente ajustado à nossa realidade, sem que se aproveite disso em demasia. Os actores sabem o que estão a fazer. Muito do que estava a parecer estranho faz sentido com o decorrer da história. Quando termina, as dúvidas voltam a surgir. "Isto que acabei de ver foi um filme português?", "Se é possível fazer coisas destas, porque não o fazemos mais vezes? Ou sempre? Podia ser que o público se voltasse a conectar com a nossa produção. A indústria certamente agradeceria!"
Se querem ouvir dizer mal, temos pena, mas estão a ler sobre o filme errado. É verdade que o realizador poderia ter optado por dar mais variedade aos planos escolhidos. É uma falha normal de quem vem das curtas. E algumas partes do argumento podem ter sido um pouco feridas na sala de edição. Mas são coisas mínimas que é preciso estar muito atento para notar e acontecem em imensos filmes onde passam despercebidas entre as outras falhas, enquanto que aqui essas minúsculas imperfeições sobressaem e incomodam porque prejudicam um belíssimo trabalho (e podiam ter sido evitadas).
Indo por partes, a fotografia ser boa não é surpresa. Portugal sempre teve bons profissionais nessa área. O argumento ser bom é algo mais raro. Contam-se pelos dedos aqueles capazes de construir uma longa do início ao fim, seja por limitação própria ou por imposição do produtor. Mas onde Portugal é uma miséria, é nos actores. Pegar em modelos e colocá-los em televisão é fácil, mas não corre bem. O pior é que essa praga se expandiu para o cinema, onde um nome popular rende mais do que alguém bom no que faz. Todavia, aqui não houve esse problema. Felizmente o dinheiro era pouco e por isso não foram em busca dos nomes famosos, puderam limitar-se a desencantar aquela espécie rara de actores, os que sabem o que fazem. E o que é quase inédito por estes lados, deram-lhes diálogos credíveis. Não desfazendo o trabalho impecável de Miguel Meira - como a infeliz vítima das circunstâncias - e o alívio cómico trazido por João Guimarães - como o representante do que de mais nojento o sexo masculino é capaz - a estrela do filme é Sara Barros Leitão. Podem já a ter visto em algumas outras produções, mas esta Liliana que construiu, é algo extraordinário. Alegrias, tristezas, caretas, explosões de humor, tudo o que faz tem tal expressividade que não se sente como uma personagem de ficção, mas como uma pessoa presa em tela. Este regresso ao norte fez-lhe muito bem e não seria de estranhar vê-la com uma Sophia dentro de meses.
Apesar de ter evitado ao máximo os spoilers, duvido que noutras leituras não fiquem a saber demasiado. Podem aproveitar os quase dois meses que faltam até à estreia para esquecer tudo. Evitem ao máximo o trailer e mesmo o videoclip de Daniela Galbin. A única coisa que precisam de saber, é que o título não presta e esconde o verdadeiro valor de uma magnífica produção nacional sobre alguns dos verdadeiros significados de amor. Qualquer coisa abaixo dos 70000 espectadores será uma injustiça. E antes que se queixem do preço dos bilhetes, acreditem que vão desperdiçar dinheiro em filmes bem piores do que este de forma perfeitamente consciente.
Realização: Luís Diogo
Argumento: Luís Diogo
Intérpretes: Sara Barros Leitão, Miguel Meira, Joao Guimarães, José Eduardo
Música: DJWild
Fotografia: Pedro Farate
Género: Drama, Romance
Duração: 90 min.
Sítio Oficial: http://pecadofatal.com
6 comentários:
Tive a felicidade de assistir à estreia do filme e só posso afirmar que subscrevo por inteiro o comentário que acabei de ler...
Obrigado.
Atenção, a personagem femninina chma-se Liliana e não Sara. De resto, assisti á estreia e subscrevo, grande Filme.
Ai, que o sono nos prega partidas! Ou melhor, "a personagem era tão real que a confundi com a actriz". Assim soa melhor :)
Obrigado pelo alerta.
Terei que compensar a falha de não o ter visto no Fantas...confesso que foi mesmo o título que me afastou :( (por mais aleatório que isso seja..mas fiquei mesmo de pé atrás) E pela tua crítica, é bom saber que teremos essa possibilidade de nos reconciliarmos com o nosso cinema ;)
Vai ver Catarina. Foste a tanta coisa fraquinha que deixar escapar este até fica mal.
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