Alguém se lembra do aspecto de Samantha Morton com cabelo? A sério, quando foi a última vez que a viram com uma cabeleira que se apresentasse? Fosse cabeça rapada de "Minority Report", corte curto em "Sweet and Lowdown" e Longford", ou extremamente curto em "In America" e "Code 46", praticamente todos os grandes papéis da actriz foram conseguidos depois de uma valente tesourada. Por isso este seu mais recente protagonismo num filme sobre cancro era um sinal para esperarmos algo muito bom.
"Decoding Annie Parker" é inspirado numa história real que aqui é contada em duas partes. De um lado temos a ciência na pessoa da geneticista Mary-Claire King que tem a convicção de conseguir encontrar nos genes um motivo para o cancro da mama dizimar famílias inteiras. Essa parte do filme simplificou os termos e usou muitas metáforas para explicar o que estão a investigar e quais as suas teorias. Do outro lado temos a parte humana da questão na pessoa de Annie Parker, uma jovem cuja vida parece atormentada pela morte. A boa disposição de Annie e o facto de a conhecermos desde pequena faz com que a queiramos como a uma familiar nossa e lhe desejemos tudo de bom. Estas duas visões complementam-se de forma exemplar, tanto alimentando o nosso lado mais racional que procura respostas e provas, como apelando ao nosso lado emotivo que grita em desespero “coisas más não podem acontecer a gente boa”.
Depois de "The Big C" e "50/50" estava provado que a melhor forma de lidar com um cancro era com humor, muito humor. Com uma colaboração de Aaron Paul (Jesse de "Breaking Bad") foi como ter o aval do grande título recente sobre o tema. Nesta visão descontraída sobre a doença apresentados a Annie num momento mau da sua vida. Vamos pegar na mão dessa criança fragilizada e levá-la até à vida adulta, vendo-a cair e levantar-se sozinha. A sua alegria constante (a expressão “eramos jovens e tinhamos tempo” pode tornar-se moda) é inspiradora e exemplar. Samantha Morton tem uma transformação etária e fisionómica tal, que os anos parecem realmente ter passado por ela. Mesmo antes da queda de cabelo estamos convencidos e só queremos saber da sua história. Ellen Hunt tenta compensar falando de cromossomas, mas por muito querida que seja do público, não é Samantha Morton e a sua história se não fosse tão apelativa - e importante para o destino de Annie - seria desnecessária porque Morton sozinha fazia o filme perfeitamente. Por acaso as histórias até se cruzam, mas é como se ambas fossem apenas motivo mútuo porque a outra continuava a acreditar e a lutar. Annie queria saber se tinha perdido a família por azar ou para o monstro que lhe causava pesadelos, a Dra. King queria ajudar as pessoas como Annie que lhe escreviam às centenas ou milhares dizendo "Hei, eu estou aqui. Continuo a viver porque acredito que vai encontrar uma cura."
Claro que essas duas não estão sozinhas. No elenco temos nomes fortes como Ben McKenzie (Gordon de "Gotham"), Corey Stroll (protagonista de "The Strain") Maggie Grace (a filha em "Taken"), Alice Eve ("She’s Out of My League", "Star Trek Into Darkness), Rashida Jones (Ann de "Parks and Recreation") e Kate Micucci ("Garfunkel & Oates") para apelar a um público alargado. Este luxo nota-se pois em momento algum o filme perde fulgor ou interesse. Todos dão o seu melhor (por pouco que fosse pedido) para que o filme seja impecável. Tem pontos altos e baixos como todas as vidas, mas é tão rápido na transição (pobre Annie) que ninguém fica aborrecido. Uma incrível estreia na realização do experiente director de fotografia Steven Bernstein ("Monster", "Street Kings" e "Shoot’Em Up").
O cancro é um dos grandes males do nosso tempo. Ninguém está imune e todos correm o risco de perder alguém querido para a doença. O que a história de Annie nos mostra é que as causas estão a ser estudadas e um dia as curas serão descobertas. Cabe a cada doente lutar ao máximo para viver até lá. E quem não está doente, que aproveite a vida ao máximo pois nunca se sabe o que a vida nos reserva. Fazem falta filmes assim moralizadores.
"Decoding Annie Parker" é inspirado numa história real que aqui é contada em duas partes. De um lado temos a ciência na pessoa da geneticista Mary-Claire King que tem a convicção de conseguir encontrar nos genes um motivo para o cancro da mama dizimar famílias inteiras. Essa parte do filme simplificou os termos e usou muitas metáforas para explicar o que estão a investigar e quais as suas teorias. Do outro lado temos a parte humana da questão na pessoa de Annie Parker, uma jovem cuja vida parece atormentada pela morte. A boa disposição de Annie e o facto de a conhecermos desde pequena faz com que a queiramos como a uma familiar nossa e lhe desejemos tudo de bom. Estas duas visões complementam-se de forma exemplar, tanto alimentando o nosso lado mais racional que procura respostas e provas, como apelando ao nosso lado emotivo que grita em desespero “coisas más não podem acontecer a gente boa”.
Depois de "The Big C" e "50/50" estava provado que a melhor forma de lidar com um cancro era com humor, muito humor. Com uma colaboração de Aaron Paul (Jesse de "Breaking Bad") foi como ter o aval do grande título recente sobre o tema. Nesta visão descontraída sobre a doença apresentados a Annie num momento mau da sua vida. Vamos pegar na mão dessa criança fragilizada e levá-la até à vida adulta, vendo-a cair e levantar-se sozinha. A sua alegria constante (a expressão “eramos jovens e tinhamos tempo” pode tornar-se moda) é inspiradora e exemplar. Samantha Morton tem uma transformação etária e fisionómica tal, que os anos parecem realmente ter passado por ela. Mesmo antes da queda de cabelo estamos convencidos e só queremos saber da sua história. Ellen Hunt tenta compensar falando de cromossomas, mas por muito querida que seja do público, não é Samantha Morton e a sua história se não fosse tão apelativa - e importante para o destino de Annie - seria desnecessária porque Morton sozinha fazia o filme perfeitamente. Por acaso as histórias até se cruzam, mas é como se ambas fossem apenas motivo mútuo porque a outra continuava a acreditar e a lutar. Annie queria saber se tinha perdido a família por azar ou para o monstro que lhe causava pesadelos, a Dra. King queria ajudar as pessoas como Annie que lhe escreviam às centenas ou milhares dizendo "Hei, eu estou aqui. Continuo a viver porque acredito que vai encontrar uma cura."
Claro que essas duas não estão sozinhas. No elenco temos nomes fortes como Ben McKenzie (Gordon de "Gotham"), Corey Stroll (protagonista de "The Strain") Maggie Grace (a filha em "Taken"), Alice Eve ("She’s Out of My League", "Star Trek Into Darkness), Rashida Jones (Ann de "Parks and Recreation") e Kate Micucci ("Garfunkel & Oates") para apelar a um público alargado. Este luxo nota-se pois em momento algum o filme perde fulgor ou interesse. Todos dão o seu melhor (por pouco que fosse pedido) para que o filme seja impecável. Tem pontos altos e baixos como todas as vidas, mas é tão rápido na transição (pobre Annie) que ninguém fica aborrecido. Uma incrível estreia na realização do experiente director de fotografia Steven Bernstein ("Monster", "Street Kings" e "Shoot’Em Up").
O cancro é um dos grandes males do nosso tempo. Ninguém está imune e todos correm o risco de perder alguém querido para a doença. O que a história de Annie nos mostra é que as causas estão a ser estudadas e um dia as curas serão descobertas. Cabe a cada doente lutar ao máximo para viver até lá. E quem não está doente, que aproveite a vida ao máximo pois nunca se sabe o que a vida nos reserva. Fazem falta filmes assim moralizadores.
Título Original: "Decoding Annie Parker" (EUA, 2013) Realização: Steven Bernstein Argumento: Adam Bernstein, Steven Bernstein, Michael Moss Intérpretes: Samantha Morton, Ellen Hunt, Aaron Pau, Rashida Jones Música: Steven Bramson Fotografia: Ted Hayash Género: Biografia, Comédia, Drama Duração: 91 min. Sítio Oficial: http://decodingannieparkerfilm.com/ |
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