O maior outsider nos Oscares deste ano era "Whiplash". A sua história simples sobre um potencial baterista parecia simples e incapaz de competir contra blockbusters que tinham custado vários milhões e facturado muitos mais. Quando a cerimónia terminou, era também o que tinha conseguido o feito mais notável: o único dos multi-nomeados que tinha vencido em mais de metade das categorias. Num ano invulgar em que todos ganharam algo e os mais fortes candidatos - com nove nomeações - se ficaram pelas quatro estatuetas, e outros com cinco a oito nomeações saíram com apenas uma itória, vencer três em cinco foi um feito notável.
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Damien Chazelle completou trinta anos em Janeiro. Até então tinha feito uma carreira discreta onde se destacaria apenas o argumento de "Grand Piano" que Eugenio Mira tornou num filme com Elijah Wood. Entretanto, Chazelle estava a fazer uma curta de nome "Whiplash" que, à semelhança de muitos outros cineastas como Neill Blomkamp, Andy Muschietti e Sean Ellis, foi o seu passaporte para a liga principal. A ideia original sempre foi uma longa, a falta de financiamento é que o "obrigou" a fazer uma curta que venceu Sundance, um belo precursor para o que viria a ser a consagração neste Fevereiro. Por acaso a longa também passou por Sundance, além de Cannes, Toronto, Deauville... Fazer uma curta como veículo promocional parece ser uma excelente ideia.
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Focando na versão longa-metragem, é a história de Andrew, um jovem músico que entrou num exigente conservatório e sabe que tem de dar o máximo todos os dias para ser alguém. Depressa dá nas vistas e o lendário Fletcher, mentor da orquestra da escola, diz-lhe para treinar mais. Andrew vai intensificar a sua preparação a um ponto que se torna doentio. A competição pelo lugar aumenta tão depressa como a capacidade interpretativa de Andrew e parece que mais sacrifícios terão de ser feitos. Físicos, mentais e emocionais. Na guerra e na música vale tudo.
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Se esta componente da história por si só parece pouco entusiasmante, a componente sonora por si só merece o visionamento. O detalhe da câmara, a forma como a edição de imagem e de som se completam para nos darem uma pequena perspectiva do que é a magia de fazer música. Uma verdadeira homenagem aos músicos que faz o comum dos mortais perceber quão pouco realmente se sabe de uma arte até viver em função dela.
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Mesmo que o desempenho fenomenal de Miles Teller e J.K.Simmons sozinhos justifiquem ir ver "Whiplash", uma homenagem à arte por si só vende pouco. Por isso há toda uma trama desenvolvida a partir daí, que muda o rumo do filme num instante, tornando-o sobre humanos quando parecia ser sobre música. Se foi pela música que nos conquistou, será pela humanidade que o recordaremos. Porque podemos pensar que um artista, um grande artista, sacrifica ter uma vida para se tornar lendário, mas nunca podemos esquecer que será sempre uma pessoa, um animal, e terá impulsos, momentos de fraqueza e de força. A forma como lida com isso é igualmente importante na definição do sucesso. E "Whiplash" equilibra perfeitamente as duas faces do ser humano.
Título Original: "Whiplash" (EUA, 2014) Realização: Damien Chazelle Argumento: Damien Chazelle Intérpretes: Miles Teller, J. K. Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser, Austin Stowell Música: Justin Hurwitz Fotografia: Sharone Meir Género: Drama, Música Duração: 107 min. Sítio Oficial: http://sonyclassics.com/whiplash/ |
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