29 de julho de 2019

"Eternal Winter" por Nuno Reis

Eternal Winter
Na guerra as coisas nunca são preto no branco. Há demasiados cinzentos. Se antigamente a rectidão dos vencedores estava assegurada por serem eles a escrever a versão final dos factos, o tempo veio corrigir essa grave falha. Aprendemos a procurar o outro lado da questão e a ouvir os testemunhos daqueles cuja voz era ignorada. Recuando à Segunda Guerra Mundial as coisas parecem simples. Hitler mau. Mussolini mau. Hirohito mau. Mas isso não torna o outro lado bom. Do lado aliado estavam Churchill e Roosevelt, considerados dos maiores líderes do século XX, mas também estava Stalin que inicialmente era aliado da Alemanha na divisão da Polónia. E como temos vindo a aprender, todos eles fizeram coisas pouco correctas. Diria até desumanas.
Eternal Winter
Em História não se costuma falar muito dos pequenos aliados do Eixo. Enquanto a Bulgária teve um papel quase decorativo, outros como a Roménia e a Hungria foram preciosas armas contra a União Soviética. E a vingança foi terrível. Dando algum contexto, a sensação que tive ao visitar a Polónia foi de um país orgulhoso nos seus feitos que não se voltará a vergar. A Hungria estava num estado semelhante ao da Alemanha, muito focada nos seus próprios crimes de guerra (por exemplo, ser o país que mais judeus enviou para campos de concentração) e ignorando o seu lado de vítima que também foi bem real. Este “Inverno Eterno” é o primeiro filme húngaro que se foca no outro lado da história. Quando os russos ocuparam a Hungria e, para se vingarem, escravizaram as etnias indesejáveis da população nos temíveis gulags para os fazerem reconstruir o que tinham destruído na guerra. Setenta anos depois, quando a Rússia está novamente a estender os seus tentáculos na Europa de Leste e os EUA banalizaram os campos de concentração (coisa que não faziam desde que detiveram os cidadãos de origem japonesa após o ataque a Pearl Harbor), a Hungria vem recordar-nos que as vítimas são sempre os inocentes apanhados no fogo cruzado.
Eternal Winter
Esta é a história de uma jovem mãe que perdeu o marido na guerra. Vive com os pais e a filha numa calma de curta duração. Quando o exército bate à porta, comunicam que terá de partir para ajudar na reconstrução. É uma viagem a pé e de comboio por milhares de quilómetros. O seu destino são umas minas de carvão no meio da neve onde estão vários outros indesejados. As regras são simples: cada dia cada pessoa terá de encher um carro de carvão para ter direito a jantar. Só que a higiene dos dormitórios não é a melhor, as caminhadas são longas e penosas em condições muito inóspitas, o ar das minas não é saudável, a comida prometida não chega para todos… e como se tudo isso não fosse suficiente, ainda há jogos de bastidores onde alguns se safam melhor que os outros.
Eternal Winter
Galardoada com o prémo de melhor actriz em Avanca, como em outros festivais antes e certamente muitos depois, Gera Marina é a protagonista do filme e a sua força motora. Contam-se pelos dedos das mãos as cenas em que não aparece. O instinto maternal, o sentido de justiça e a invulgar resiliência, fazem dela uma prisioneira obediente, mas de espírito indomável. Tudo fará para sobreviver e para defender os que lhe são queridos, não deixando que as injustiças a verguem. Só que a guerra é longa e mesmo depois do armistício, o que garante que alguém cumpra as promessas feitas a um grupo de escravos que fornecem a mão-de-obra mais barata? Irén terá de mudar a sua postura se quiser viver e voltar para a família.
Eternal Winter
Com uma visão quase alegre de uma situação negra, “Eternal Winter” começa com semelhanças à parte mais tenebrosa de filmes como “La Vita è Bella”, mas depressa segue o seu próprio rumo. É daquele nicho de filmes que não têm como propósito o entretenimento ou o fazer sentir bem, mas a informação e consciencialização. É uma forma da Hungria encarar os seus fantasmas e dizer ao mundo que nenhum segredo negro ficará escondido para sempre.
Eternal Winter
Um filme imperdível que chegou mesmo a tempo a este século tão complicado. É a terceira longa do crítico Szász Attila que após uns valentes anos no mundo da publicidade se dedicou ao cinema e até ao momento só fez longas de época (quatro). Veremos o que se segue, mas parece ser uma voz a ter em consideração na região.

Örök TélTítulo Original: "Örök Tél" (Hungria, 2018)
Realização: Attila Szász
Argumento: Norbert Köbli, Attila Szász (livro de János Havasi)
Intérpretes: Marina Gera, Sándor Csányi, Laura Döbrösi, Diána Magdolna Kiss, Franciska Farkas, Niké Kurta, Ákos Orosz
Música: Gergely Parádi
Fotografia: András Nagy
Género: Drama, História
Duração: 110 min.
Sítio Oficial: https://oroktel.hu

6 comentários:

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