O palmarés de um filme é sempre um pesado fardo a suportar. “Viridiana” pode ter ganho Cannes e pode ter sido votado melhor filme espanhol de sempre no centenário da arte no país vizinho, mas, por si só, não me cativou. Não foi pela antiguidade ou pelos vestígios de surrealismo. É preciso ver tudo o que significou para perceber o êxtase com que falam dele. Primeiro ponto, foi o regresso de Buñuel a Espanha depois de um longo exílio. Segundo, fintou a censura franquista que, sob influência da Igreja, o quis ver destruído, apesar do êxito internacional. Em Espanha desapareceu, mas uma cópia já tinha chegado a França (e vencido Cannes) de onde seguiu para o mundo e para a eternidade. Terceiro ponto, é uma crítica social, ao regime e em especial à cegueira da Igreja e da sua obra social. Tendo isto em mente ao rever “Viridiana”, este Buñuel fica um bocado diferente.
Viridiana é uma noviça prestes a fazer os votos. Ao receber uma carta do tio moribundo que a convida a visitá-lo, inicialmente recusa, mas a madre superiora ordena que ela lhe faça essa última vontade. O regresso ao mundo exterior não pertencia aos desejos de Viridiana pelo que se limita à propriedade do tio, como se continuasse em reclusão. Subitamente tudo muda e Viridiana tem a oportunidade de aproveitar um pecado alheio para fazer uma obra misericordiosa, e usar uma fortuna para prestar auxílio aos pobres. Isso fará com que se sinta melhor, mas com que descubra cada vez mais podres do ser humano.
Se à época foi um choque para a censura, hoje em dia não o será menos pelas cenas polémicas que vai acumulando. Nem é preciso listá-las pois destacam-se no meio de um filme que aparenta ser demasiado correcto quase todo o tempo até nos atirar com uma dessas surpresas. Também brinca com os espectadores mostrando personagens multi-dimensionais, não limitadas à primeira impressão que se faz deles, e que contrariam praticamente todos os estereótipos, tanto para o Bem, como para o Mal. É com essas pequenas diferenças que “Viridiana” vai fazendo pontos. Enquanto conta uma história fora do normal, dá uma lição de moral bem forte.
Com o passar do tempo vou gostando mais do filme. Já quase compreendo que tenha vencido a Palma de forma unânime. Talvez um dia concorde que é o melhor Buñuel e melhor filme espanhol, mas vamos com calma.
Viridiana é uma noviça prestes a fazer os votos. Ao receber uma carta do tio moribundo que a convida a visitá-lo, inicialmente recusa, mas a madre superiora ordena que ela lhe faça essa última vontade. O regresso ao mundo exterior não pertencia aos desejos de Viridiana pelo que se limita à propriedade do tio, como se continuasse em reclusão. Subitamente tudo muda e Viridiana tem a oportunidade de aproveitar um pecado alheio para fazer uma obra misericordiosa, e usar uma fortuna para prestar auxílio aos pobres. Isso fará com que se sinta melhor, mas com que descubra cada vez mais podres do ser humano.
Se à época foi um choque para a censura, hoje em dia não o será menos pelas cenas polémicas que vai acumulando. Nem é preciso listá-las pois destacam-se no meio de um filme que aparenta ser demasiado correcto quase todo o tempo até nos atirar com uma dessas surpresas. Também brinca com os espectadores mostrando personagens multi-dimensionais, não limitadas à primeira impressão que se faz deles, e que contrariam praticamente todos os estereótipos, tanto para o Bem, como para o Mal. É com essas pequenas diferenças que “Viridiana” vai fazendo pontos. Enquanto conta uma história fora do normal, dá uma lição de moral bem forte.
Com o passar do tempo vou gostando mais do filme. Já quase compreendo que tenha vencido a Palma de forma unânime. Talvez um dia concorde que é o melhor Buñuel e melhor filme espanhol, mas vamos com calma.
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