Nos anos em que estive em Cannes nunca havia nada de interessante. Não vi nenhuma parada Troma. Não estava na rua quando atiravam granadas de fumo. Só sabia dessas situações porque me diziam e por um ou outro jornal gratuito que meninas em verde ou vemelho insistentemente me ofereciam. Chegando a Portugal vinham as perguntas repetitivas durante um mês "viste esta?", "estiveste com aquele?", "tanto tempo lá e não te cruzaste com ninguém importante?". Quando vou a Cannes é para cinema. Claro que fico contente de encontrar velhos amigos e gosto de falar com uma ou outra celebridade, mas não é o desfile glamoroso que se vê na televisão. Além das várias dezenas de celebridades mostradas às câmaras e escondidas dos veraneantes, há milhares de pessoas em alvoroço em busca delas. Desde que me deixem trabalhar, tudo bem.
Pois este foi um excelente ano para não ir lá. Entre roubos de jóias (em homenagem ao filme de Coppola exibido), pessoas a serem detidas com aparelhos suspeitos, e convidados evacuados de emergência, animação não falta. Sempre disse que a segurança lá não era tão boa como se apregoa. Mas ambiguamente também sempre achei o processo de entrada e revista demasiado lento. Quando chegava ao detector de metais já tinha tirado telemóvel, chaves e moedas dos bolsos, assim como qualqur caneta ou brinde que parecesse suspeito. E insultei mentalmente aqueles que não chegavam igualmente preparados.
Já adivinho que, se estivesse lá, ia receber 50 chamadas de pessoas preocupadas entre cada sessão. E quando chegasse iam perguntar se tinha sido revistado, evacuado, preso... A resposta em que não acreditariam seria "Revistas sempre houve. A saída das salas cheias assemelha-se a uma evacuação. Quando o filme é mau e não se consegue sair parece uma prisão de hora e meia. Não sei o que se passou, estive nos filmes."
Porque seguramente, quem está lá em trabalho, não vai deixar de ir aos filmes, às reuniões e às festas, só porque alguém quer desestabilizar o festival, fazer afirmações políticas ou o que quer que seja. O espectáculo tem de continuar e isso depende de todos nós: jornalistas, distribuidores, produtores, festivais.
Pois este foi um excelente ano para não ir lá. Entre roubos de jóias (em homenagem ao filme de Coppola exibido), pessoas a serem detidas com aparelhos suspeitos, e convidados evacuados de emergência, animação não falta. Sempre disse que a segurança lá não era tão boa como se apregoa. Mas ambiguamente também sempre achei o processo de entrada e revista demasiado lento. Quando chegava ao detector de metais já tinha tirado telemóvel, chaves e moedas dos bolsos, assim como qualqur caneta ou brinde que parecesse suspeito. E insultei mentalmente aqueles que não chegavam igualmente preparados.
Já adivinho que, se estivesse lá, ia receber 50 chamadas de pessoas preocupadas entre cada sessão. E quando chegasse iam perguntar se tinha sido revistado, evacuado, preso... A resposta em que não acreditariam seria "Revistas sempre houve. A saída das salas cheias assemelha-se a uma evacuação. Quando o filme é mau e não se consegue sair parece uma prisão de hora e meia. Não sei o que se passou, estive nos filmes."
Porque seguramente, quem está lá em trabalho, não vai deixar de ir aos filmes, às reuniões e às festas, só porque alguém quer desestabilizar o festival, fazer afirmações políticas ou o que quer que seja. O espectáculo tem de continuar e isso depende de todos nós: jornalistas, distribuidores, produtores, festivais.
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