14 de julho de 2005


Ontem houve antestreia do "The Gospel of John", que foi seguida por um debate sobre o filme e a temática religiosa no cinema. Para a dúzia de jornalistas presentes isso foi suficiente, mas o Antestreia conseguiu algo mais e um dos palestrantes, o nosso colaborador António Reis, deixou-nos a sua crítica ao filme.

"The Gospel of John" por António Reis



O Evangelho dos Milagres


Ante-estreou hoje a longa e penosa adaptação de Philip Saville dos Evangelhos Segundo S. João. Habituados que estamos a que os temas religiosos surjam com carácter cíclico nos ecrãs, é inevitável que se compare esta leitura literal de um dos Evangelhos com alguns dos outros filmes que abordaram temas similares, seja em registo de comédia – "Life of Brian" de Terry Gilliam – de musical - "Jesus Christ Superstar" de Norman Jewison – ou no registo dramático – "The Passion of Christ" de Mel Gibson.
Saville não tem o registo irreverente nem de Giliam nem de Jewison, nem o carácter provocador de Gibson, limitando-se a uma narração quase literal e televisiva que tornam pouco compreensível a estreia deste filme em cinema e nesta época do ano, isto sem se referir o atraso com que ele chega às salas portuguesas dado ser de 2003. Compreende-se que a formação de Saville seja na área do pequeno ecrã e que a sua estética seja também a da televisão: o papel do narrador como forma de economia de tempo e de narrativa, bem como da redundância dos flashbacks utilizados. Talvez que exibido em televisão na época da Páscoa em três episódios ou editado em DVD para catequese o filme tenha algum sentido. Mas conviria não se confundir isto com cinema. Sabendo-se que Saville já tem em carteira adaptações dos outros Evangelhos, teria talvez mais interesse uma adaptação fantástica do Apocalipse segundo S. João na temática do terror futurista. Se apesar desta crítica ainda tiver vontade de ir ver este catálogo de milagres, fica o aviso que a duração do filme se estende por mais de duas horas e trinta. A paciência pode ser uma virtude cristã mas não sei se é um critério cinematográfico.

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