21 de dezembro de 2005

"Os 100 Mais do Cinema Fantástico" por António Pascoalinho


20 - 11


11.A Noiva de Frankenstein
tít. orig.- Bride of Frankenstein (USA 1935)
real.- James Whale

James Whale, instigado pelo sucesso do seu primeiro filme com o monstro do Barão Frankenstein, decidiu dar-lhe uma companheira. As experiências de laboratório continuaram assim. Mary Shelley conta ao marido e a Lord Byron que, afinal, nem o monstro nem o seu criador sucumbiram ao incêndio do primeiro opus. E as condições estavam criadas para que se desse origem a um daqueles raros casos fílmicos em que a sequela não é inferior ao original. Boris Karloff abrigado na casa de um cego, a aparição da noiva Elsa Lanchester e as teorias sobre a utilização da luz na criação da vida, fizeram desta obra mais um êxito retumbante. Nem que fosse preciso que Boris Karloff perdesse 10 quilos num mês de rodagem, devido ao esforço em carregar com um fato e umas botas que pesavam, no seu conjunto, 32 quilos.

12.A Marca do Vampiro
tít. orig.- Mark of the Vampire (USA 1935)
real.- Tod Browning

Este filme ficou célebre pelo seu final: depois de uma sucessão de crimes horripilantes onde as vítimas eram encontradas sem pinga de sangue, as pistas parecem indicar tratar-se do trabalho de um pérfido vampiro. Afinal, tudo passava de uma brincadeira, ou melhor ainda, de uma peça de teatro, o que só descobrimos na última sequência, quando Bela Lugosi (ele próprio) arruma a capa num baú e profere a célebre frase: "Vamos para casa, por hoje já chega!". Farto do terror dito sério que ele mesmo ajudara a lançar, Tod Browning como que desmistifica aqui o seu Drácula. E abre caminho, pela primeira vez, para a possível ligação futuramente explorada, entre o Terror e a Comédia.

13.As Mãos de Orlac
tít. orig.- Mad Love (USA 1935)
real.- Karl Freund

Até onde chega o amor? Recusado pela mulher que ama, um médico dedica-se a misteriosas experiências de revitalização com uma boneca em miniatura da sua amada. Eis senão quando, o marido pianista da senhora vê as mãos decepadas num acidente de comboio, e ela não tem outro remédio senão recorrer aos serviços do clínico. Este implanta-lhe um novo par de mãos, mas são mãos arrancadas ao cadáver de um assassino. E quando elas parecem ganhar vida própria, não estão lá muito dispostas a tocar piano. Este é um filme estranhíssimo, com uma notável prestação de Peter Lorre no papel do médico dilacerado por um amor perdido. E que, não fosse só por ele, merece toda a nossa estima e consideração.

14.A Boneca do Diabo
tít. orig.- The Devil Doll (USA 1936)
real.- Tod Browning

Evadido de uma prisão onde fôra injustamente encarcerado, um banqueiro decide vingar-se dos seus antigos amigos. Um seu companheiro de cela, alquimista, descobre a fórmula para miniaturizar animais e torná-los escravos do Homem. E está quase a chegar à solução sobre como fazer o mesmo com seres humanos. À hora da morte, revela o seu segredo, e o nosso banqueiro vai aproveitar-se da situação. Esta obra é um prodígio de imaginação, mesclada de enorme suspense. Lionel Barrymore é insuperável. Ou não fosse ele um dos maiores actores actores da sua época. E este mais um filme de Tod Browning.

15.O Ladrão de Badgad
tít. orig.- Thief of Bagdad (Inglaterra 1940)
real.- Michael Powell e Ludwig Berger

Deposto do trono pelo seu grão-vizir, o hediondo Jafar, Ahmad, o califa de Bagdad, está preso. Abu, um pequeno ladrão, vai ajudá-lo a fugir. Como está apaixonadíssimo pela filha do Sultão, Ahmad declara-lhe o seu amor. Mas Jafar tem intenções parecidas, e chega a oferecer ao Sultão um cavalo alado em troca da filha. Ahmad e Abu embarcam assim em mil aventuras, até ao castigo dos vilões e à vitória do amor. Com cenários esplendorosos e um technicolor de eleição, esta obra é aventura em estado puro. Deixando no ar a pena de que as noites de Scheherazade sejam apenas 1001. A rever sempre com muito agrado!

16.A Pantera
tít. orig.- Cat People (USA 1942)
real.- Jacques Tourneur

Irena Dubrovna, estilista em Nova York, vive persuadida de que pertence a uma estranha raça de mulheres que, ao perderem a virgindade, se transformam em panteras. Aceita casar-se, apesar de tudo, com um homem loucamente apaixonado por ela, mas recusa-se a consumar a sua união. Apesar da ajuda de um psicanalista, a mutação inevitável vai mesmo ter lugar, conduzindo Irena à perdição. Este é um dos filmes que melhor interligou o universo da sexualidade com o Horror, o desejo carnal com o medo do monstro. E por isso não perdeu nada do seu enorme fascínio, mais que tudo proveniente da inegável beleza da sua protagonista, Simone Simon.

17.Les Visiteurs du Soir
(França 1942)
real.- Marcel Carné

Fortemente aborrecido no início da Primavera, o Diabo envia à Terra dois dos seus acólitos, para desesperar os Homens. Gilles e Dominique, sob a aparência de trovadores, chegam então ao castelo do Barão Hughes, prestes a celebrar o casamento da sua filha Anne com um cavaleiro. E tentam, através de sortilégios, impedir tal união. O Diabo chega mesmo a intervir mas nada consegue, já que, afinal, o Amor é mais forte do que a Morte. Poético, refinado e com os fabulosos diálogos de Jacques Prévert, este filme é ainda hoje um dos Clássicos mais unanimemente reconhecidos do Cinema Francês.

18.O Retrato de Dorian Gray
tít. orig.- The Picture of Dorian Gray (USA 1945)
real. Albert Lewin

Em finais dos século XIX, um pintor faz o retrato do jovem Dorian Gray. Apaixonado por uma cantora de segunda, o belo herói não resiste às convenções da época e renuncia ao seu amor. Chegando a casa, encontra o seu próprio retrato com uma expressão endurecida. Resolve pedir a moça em casamento, mas ela entretanto envenenara-se. Solução: passar a viver uma vida depravada, e deixar o retrato envelhecer, enquanto ele se conserva eternamente jovem. Este filme é uma reinvenção do mito da "fonte da juventude", levada ao extremo da beleza plástica. Até ao drama final, com o incêndio do quadro.

19.A Bela e o Monstro
tít. orig.- La Belle et la Bête (França 1946)
real.- Jean Cocteau

Um rico comerciante descobre que está arruinado. Parte para a floresta, mas o nevoeiro fâ-lo perder o Norte e parar junto de um castelo misterioso. No dia seguinte, colhe uma rosa do jardim, para dar a uma das suas 3 filhas. Mas é interrompido por um monstro com forma humana, mãos e cara cobertos por abundantes pêlos. A fera ameaça-o de morte, mas decide perdoar-lhe, se uma das 3 filhas do nosso herói aceitar ir viver com ele. Esta é talvez a versão mais conseguida desta história clássica, mesmo contando com a brilhante tentativa, animada pelos estúdios da Disney. Jean Marais está fantástico. E a poesia com que o tema é tratado nunca foi igualada pelos outros filmes que trataram este tema clássico.

20.O Fantasma Apaixonado
tít. orig.- The Ghost and Mrs.Muir (USA 1947)
real.- Joseph L. Mankiewicz

Uma jovem viúva resolve fugir de uma família asfixiante e instalar-se numa bela mansão à beira-mar. Pouco a pouco, começa a sentir-se observada e acaba por conhecer o fantasma de um cativante Capitão de Marinha, antigo proprietário da casa, que não está nada contente por ver os seus domínios assim invadidos. A rudeza do Capitão opõe-se à singeleza da senhora, possibilitando a evolução para uma história de amor platónico, onde aquela alma etérea leva a "piquena" a ver o nascer so Sol e nela implanta uma nova vontade de viver. E de amar. É Cinema Fantástico. Mas também uma das mais belas histórias de amor jamais contadas. E Gene Tierney nunca esteve tão bela!


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