"Os 100 Mais do Cinema Fantástico" por António Pascoalinho
10 - 1
1.O Gabinete do Dr. Caligari
tít. orig.- Das Kabinett des Doktors Caligari (Alemanha 1919)
real.- Robert Wiene
Numa cidade imaginária, um sonâmbulo é exibido como espectáculo de feira. Na mesma noite, um homem é assassinado e uma rapariga raptada. Será possível controlar uma mente e levá-la a praticar o Mal? Robert Wiene construiu em 1919 o expoente máximo do chamado Expressionismo Alemão. As sombras, o preto e branco, os cenários inclinados e a representação plena de esgares e gestos excessivos, nunca foram igualadas. E transformaram este filme num dos mais imperdíveis clássicos do início da Sétima Arte.
2.Nosferatu, o Vampiro
tít. orig.- Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (Alemanha 1922)
real.- Friedrich Wilhelm Murnau
Primeira adaptação (que eu conheça) ao Cinema da novela de Bram Stoker. Um genial exercício de terror e sombras, num dos máximos expoentes do Expressionismo Alemão. Quem não recorda as unhas afiadas de Max Schreck ou a invasão do porto pelos ratos que trazem a peste? Podem ainda referir-se a morte do vampiro com o nascer da aurora e o cantar do galo, a casa em ruínas para onde o nosso Conde se muda, a ele mais aos caixões, ou a viagem à Transilvânia com a carruagem fantasma. O problema é que, neste filme, tudo é bom e não há adjectivos que cheguem para o descrever. A obra foi colorizada e sonorizada à posteriori, o que lhe concede uma nova dimensão. Mas seja qual for a versão, apetece sempre (re)descobrir os prazeres deste vampiro.
3.Metropolis
tít. orig.- Metropolis (Alemanha 1926)
real.- Fritz Lang
O mais perfeito dos filmes de Ficção Científica foi realizado numa época onde ainda nem se ouvia falar em efeitos especiais. O expressionismo da cenografia, a simetria dos planos e o grafismo da cidade do futuro, fizeram desta obra um must absoluto. Quem não relembra com saudade o trabalho mecânico dos operários na fábrica, o mundo dos ricos e o submundo onde se vegeta, ou o robot com a cara da bela Maria, encarregue de levar os trabalhadores à revolta? A versão colorizada com música de Giorgio Moroder fez furor nos anos 80 mas, sinceramente, o efeito que o original provocou nas plateias da época é muito mais interessante!
4.Frankenstein
tít. orig.- Frankenstein (USA 1931)
real.- James Whale
Henry Frankenstein, assistido pelo corcunda Fritz, trabalha secretamente na criação de vida artificial. À noite, desenterram cadáveres do cemitério e viram coleccionadores de pedaços humanos, com os quais pretendem dar vida a um monstro. Por azar, Fritz rouba o cérebro de um assassino e, o que poderia ser um grande passo para a Humanidade, transforma-se num caminho para o Horror. Boris Karloff é um monstro inesquecível. E a Universal construiu um dos mais míticos filmes que o Fantástico jamais nos ofereceu.
5.O Médico e o Monstro
tít. orig.- Dr.Jeckyll and Mr. Hyde (USA 1932)
real.- Rouben Mamoulian
A mais conseguida adaptação fílmica da obra de Robert Louis Stevenson é, quanto a mim, esta versão de 1932. Mesmo contando com a de 1944, onde Spencer Tracy e Ingrid Bergman pontificaram. Aqui, tudo é mais negro, como no romance, desde a sequência inicial em câmara subjectiva (processo raro na época), até às aparições do perverso Hyde. Fredric March compõe como ninguém a dualidade do seu personagem, da elegância do Dr. Jeckyll que corteja a bela Muriel, à viscosidade do Mr. Hyde que passa as noites com Ivy, a prostituta. E a ideia da morte como redenção para uma experiência científica falhada, não deixa o espectador indiferente.
6.O Malvado Zaroff
tít. orig.- The Most Dangerous Game (USA 1932)
real.- Ernest B. Schoedsack e Irving Pichel
O Conde Zaroff, proprietário de uma sinistra ilha nas Caraíbas, diverte-se a praticar nos seus domínios o mais raro e perigoso de todos os "desportos": a caça ao homem. Para isso, coloca falsas bóias de sinalização, de modo a provocar o naufrágio dos navios que por ali passam. E em seguida, persegue os náufragos até ao amanhecer. Até ao dia em que um dos caçados decide tornar-se caçador, e o algoz se torna presa. Rodado nos mesmos cenários de King Kong, com um realizador e uma actriz em comum, este filme é um dos grandes clássicos da aventura em estado puro. Fay Wray só tinha que mudar de peruca entre os dois filmes. E Leslie Banks compõe o vilão com mais tiques de que há memória na História do Cinema.
7.Vampyr
(Alemanha 1932)
real.- Carl T. Dreyer
David Gray é um jovem viajante que se alberga numa pequena pensão do Norte de França. Durante a noite, um velho mendigo vem pedir-lhe ajuda. David segue-o até um castelo misterioso e vê o velhote morrer à sua frente. No seu quarto, encontra uns relatórios sobre os poderes dos vampiros e a forma de os contrariar. E decide pô-los em prática. Um filme muito estranho, repleto de enigmas, sombras e medos inexplicáveis. Como se o poder dos vampiros não passasse de um medo instalado na alma dos incautos. Bastante inovador, sobretudo atendendo à época em que foi feito.
8.Parada de Monstros
tít. orig.- Freaks (USA 1932)
real.- Tod Browning
Num circo sempre em digressão, um grupo de deformados, inválidos e verdadeiras aberrações semi-humanas, vive tentando sobreviver como família, num Mundo que não tem lugar para tamanha fealdade. Mas, como em todos os Mundos, o amor e a solidariedade vivem paredes-meias com o engano e a traição. E isso vai conduzir à terrível vingança dos monstros. Este é um filme estranhíssimo, que a MGM ofereceu a Tod Browning depois dos enormes sucessos de Dracula e Frankenstein, e a quem deu total liberdade de realização e montagem. O mais curioso é que Browning decidiu escolher para actores, verdadeiros anormais, o que confere à obra o ar de verdade possível que ainda hoje ostenta. Realmente notável!
9.King Kong
tít. orig.- King Kong (USA 1933)
real. e prod.- Merian C.Cooper e Ernest B.Schoedsack
"A 8ª Maravilha do Mundo". Um rei no seu universo, transportado para os meandros da civilização. E por isso perdido. Por amor de uma mulher. É a primeira incursão do Cinema pelo tema ancestral da Bela e o Monstro. E talvez uma das mais conseguidas. Em 1933 a técnica era ainda rudimentar, sobretudo nos campos do sonoro e efeitos especiais visuais. Mas o resultado final atingido é deveras assombroso: o altar de sacrifícios na ilha, os duelos com o brontossauro e o pterodáctilo ou a famosa escalada e morte no Empire State Building são sequências de verdadeira antologia. Um gorila que inspira o pânico. O amor como causa de perdição. E um filme imprescindível que não perdeu nada da frescura original e se devora nos dias de hoje com igual agrado.
10.O Homem Invisível
tít. orig.- The Invisible Man (USA 1933)
real.- James Whale
Os habitantes de uma pequena pensão andam intrigados com um novo inquilino. Ele anda sempre de luvas, usa óculos escuros com lentes grossíssimas e tem a cara permanentemente envolta em ligaduras. Como quem não entende o desconhecido, costuma temê-lo, os demais moradores decidem alertar a polícia. E esta obriga o misterioso homem a revelar-se, que é como quem diz, a desaparecer à frente dos seus olhos, já que se tratava de um cientista acabado de descobrir o soro da invisibilidade. É histórica a sequência em que o homem tira as ligaduras, bem como a perseguição final, num campo nevado onde só se vêem as pegadas. E é mais um grande clássico do mestre James Whale.
tít. orig.- Das Kabinett des Doktors Caligari (Alemanha 1919)
real.- Robert Wiene
Numa cidade imaginária, um sonâmbulo é exibido como espectáculo de feira. Na mesma noite, um homem é assassinado e uma rapariga raptada. Será possível controlar uma mente e levá-la a praticar o Mal? Robert Wiene construiu em 1919 o expoente máximo do chamado Expressionismo Alemão. As sombras, o preto e branco, os cenários inclinados e a representação plena de esgares e gestos excessivos, nunca foram igualadas. E transformaram este filme num dos mais imperdíveis clássicos do início da Sétima Arte.
2.Nosferatu, o Vampiro
tít. orig.- Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (Alemanha 1922)
real.- Friedrich Wilhelm Murnau
Primeira adaptação (que eu conheça) ao Cinema da novela de Bram Stoker. Um genial exercício de terror e sombras, num dos máximos expoentes do Expressionismo Alemão. Quem não recorda as unhas afiadas de Max Schreck ou a invasão do porto pelos ratos que trazem a peste? Podem ainda referir-se a morte do vampiro com o nascer da aurora e o cantar do galo, a casa em ruínas para onde o nosso Conde se muda, a ele mais aos caixões, ou a viagem à Transilvânia com a carruagem fantasma. O problema é que, neste filme, tudo é bom e não há adjectivos que cheguem para o descrever. A obra foi colorizada e sonorizada à posteriori, o que lhe concede uma nova dimensão. Mas seja qual for a versão, apetece sempre (re)descobrir os prazeres deste vampiro.
3.Metropolis
tít. orig.- Metropolis (Alemanha 1926)
real.- Fritz Lang
O mais perfeito dos filmes de Ficção Científica foi realizado numa época onde ainda nem se ouvia falar em efeitos especiais. O expressionismo da cenografia, a simetria dos planos e o grafismo da cidade do futuro, fizeram desta obra um must absoluto. Quem não relembra com saudade o trabalho mecânico dos operários na fábrica, o mundo dos ricos e o submundo onde se vegeta, ou o robot com a cara da bela Maria, encarregue de levar os trabalhadores à revolta? A versão colorizada com música de Giorgio Moroder fez furor nos anos 80 mas, sinceramente, o efeito que o original provocou nas plateias da época é muito mais interessante!
4.Frankenstein
tít. orig.- Frankenstein (USA 1931)
real.- James Whale
Henry Frankenstein, assistido pelo corcunda Fritz, trabalha secretamente na criação de vida artificial. À noite, desenterram cadáveres do cemitério e viram coleccionadores de pedaços humanos, com os quais pretendem dar vida a um monstro. Por azar, Fritz rouba o cérebro de um assassino e, o que poderia ser um grande passo para a Humanidade, transforma-se num caminho para o Horror. Boris Karloff é um monstro inesquecível. E a Universal construiu um dos mais míticos filmes que o Fantástico jamais nos ofereceu.
5.O Médico e o Monstro
tít. orig.- Dr.Jeckyll and Mr. Hyde (USA 1932)
real.- Rouben Mamoulian
A mais conseguida adaptação fílmica da obra de Robert Louis Stevenson é, quanto a mim, esta versão de 1932. Mesmo contando com a de 1944, onde Spencer Tracy e Ingrid Bergman pontificaram. Aqui, tudo é mais negro, como no romance, desde a sequência inicial em câmara subjectiva (processo raro na época), até às aparições do perverso Hyde. Fredric March compõe como ninguém a dualidade do seu personagem, da elegância do Dr. Jeckyll que corteja a bela Muriel, à viscosidade do Mr. Hyde que passa as noites com Ivy, a prostituta. E a ideia da morte como redenção para uma experiência científica falhada, não deixa o espectador indiferente.
6.O Malvado Zaroff
tít. orig.- The Most Dangerous Game (USA 1932)
real.- Ernest B. Schoedsack e Irving Pichel
O Conde Zaroff, proprietário de uma sinistra ilha nas Caraíbas, diverte-se a praticar nos seus domínios o mais raro e perigoso de todos os "desportos": a caça ao homem. Para isso, coloca falsas bóias de sinalização, de modo a provocar o naufrágio dos navios que por ali passam. E em seguida, persegue os náufragos até ao amanhecer. Até ao dia em que um dos caçados decide tornar-se caçador, e o algoz se torna presa. Rodado nos mesmos cenários de King Kong, com um realizador e uma actriz em comum, este filme é um dos grandes clássicos da aventura em estado puro. Fay Wray só tinha que mudar de peruca entre os dois filmes. E Leslie Banks compõe o vilão com mais tiques de que há memória na História do Cinema.
7.Vampyr
(Alemanha 1932)
real.- Carl T. Dreyer
David Gray é um jovem viajante que se alberga numa pequena pensão do Norte de França. Durante a noite, um velho mendigo vem pedir-lhe ajuda. David segue-o até um castelo misterioso e vê o velhote morrer à sua frente. No seu quarto, encontra uns relatórios sobre os poderes dos vampiros e a forma de os contrariar. E decide pô-los em prática. Um filme muito estranho, repleto de enigmas, sombras e medos inexplicáveis. Como se o poder dos vampiros não passasse de um medo instalado na alma dos incautos. Bastante inovador, sobretudo atendendo à época em que foi feito.
8.Parada de Monstros
tít. orig.- Freaks (USA 1932)
real.- Tod Browning
Num circo sempre em digressão, um grupo de deformados, inválidos e verdadeiras aberrações semi-humanas, vive tentando sobreviver como família, num Mundo que não tem lugar para tamanha fealdade. Mas, como em todos os Mundos, o amor e a solidariedade vivem paredes-meias com o engano e a traição. E isso vai conduzir à terrível vingança dos monstros. Este é um filme estranhíssimo, que a MGM ofereceu a Tod Browning depois dos enormes sucessos de Dracula e Frankenstein, e a quem deu total liberdade de realização e montagem. O mais curioso é que Browning decidiu escolher para actores, verdadeiros anormais, o que confere à obra o ar de verdade possível que ainda hoje ostenta. Realmente notável!
9.King Kong
tít. orig.- King Kong (USA 1933)
real. e prod.- Merian C.Cooper e Ernest B.Schoedsack
"A 8ª Maravilha do Mundo". Um rei no seu universo, transportado para os meandros da civilização. E por isso perdido. Por amor de uma mulher. É a primeira incursão do Cinema pelo tema ancestral da Bela e o Monstro. E talvez uma das mais conseguidas. Em 1933 a técnica era ainda rudimentar, sobretudo nos campos do sonoro e efeitos especiais visuais. Mas o resultado final atingido é deveras assombroso: o altar de sacrifícios na ilha, os duelos com o brontossauro e o pterodáctilo ou a famosa escalada e morte no Empire State Building são sequências de verdadeira antologia. Um gorila que inspira o pânico. O amor como causa de perdição. E um filme imprescindível que não perdeu nada da frescura original e se devora nos dias de hoje com igual agrado.
10.O Homem Invisível
tít. orig.- The Invisible Man (USA 1933)
real.- James Whale
Os habitantes de uma pequena pensão andam intrigados com um novo inquilino. Ele anda sempre de luvas, usa óculos escuros com lentes grossíssimas e tem a cara permanentemente envolta em ligaduras. Como quem não entende o desconhecido, costuma temê-lo, os demais moradores decidem alertar a polícia. E esta obriga o misterioso homem a revelar-se, que é como quem diz, a desaparecer à frente dos seus olhos, já que se tratava de um cientista acabado de descobrir o soro da invisibilidade. É histórica a sequência em que o homem tira as ligaduras, bem como a perseguição final, num campo nevado onde só se vêem as pegadas. E é mais um grande clássico do mestre James Whale.
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