“Olá. O meu nome é Luís Tinoco... e neste preciso momento... decidi morrer.” É assim que começa a mais recente pérola do cinema nacional. Exactamente assim, com um ponto final, exclamações não são próprias da forma de ser de Tinoco. O protagonista desta comédia negra é um jovem infeliz e apático que, não sabemos bem porquê, decide morrer. Por coincidência recebe um telefonema de uma empresa que o poderá assistir nesse último acto. A Exit assegura aos seus clientes uma morte em grande, quase orgásmica. O filme resume-se ao último dia de Tinoco, quando explicará ao agente da Exit as razões de ser como é e os motivos que o levam a procurar o suicídio.
Longe de ser uma grande produção – nem sequer pelos padrões nacionais – consegue ser de uma criatividade excepcional e uma comédia negra com momentos absolutamente delirantes. Apoiado num elenco desconhecido (Wallenstein é a única estrela cinematográfica, os restantes têm experiência de teatro e de novelas) Artur Serra Araújo fez um filme calmo, suficientemente lento para ser apreciado e pensado, mas com momentos vibrantes estrategicamente colocados de forma a manter um espectador empolgado.
Tinoco acha que não vale a pena viver e assume uma postura de indiferença, torna-se um vencido da vida que anseia pela morte sem ter a coragem para a causar. A família disfuncional de Tinoco e a inacreditável juventude que teve fazem-nos compreender o problema. Não é só por algo concreto que lhe sucedeu que deseja morrer, mas por toda a sua vida ser um fracasso. O Doutor Cruz Morte - Wallenstein de volta às personagens negras - é o homem Exit responsável pelo último dia de Tinoco, tem por missão arranjar-lhe um sítio e uma forma de morrer inesquecíveis. É um homem extremamente motivado para o seu trabalho, para ele a morte é o “supremo acto da liberdade humana”, e a sua forma de encarar a morte dos outros cativa os espectadores. Ao longo do filme vai criando laços com Tinoco e é maravilhoso como consegue gostar minimamente dele e simultaneamente desejar-lhe tanto (e tantas vezes) a morte.
Graças a este filme pequenos objectos do dia-a-dia normalmente desprovidos de significado, podem ser causadores de um sorriso dias mais tarde. Só pelo espalhafato e pela novidade que trouxe ao cinema nacional merece uma espreitadela. É um tema polémico e logo pelo título afastará muito público, mas quem for ver a saber com o que conta não sairá desiludido.
Título Original: "Suicídio Encomendado" (Portugal, 2007) Realização: Artur Serra Araújo Intérpretes: João Fino, José Wallenstein, Neuza Teixeira, Eloy Monteiro, Luis Lucas, Ana Melo Argumento: Artur Serra Araújo Fotografia: Pedro Azevedo Música: Pedro Marques Género: Comédia/Drama Duração: 88 min. Sítio Oficial: www.suicidioencomendado.com |
1 comentários:
Nunca tive lido/ouvido nada sobre este filme mas depois de ter lido e de ter visto o trailer fiquei com vontade de o ver, a personagem de Wallenstein parece simplesmente fantástica!
Abriu um fórum de cinema por isso se quiserem por lá passar estão à vontade e até era uma mais valia para o fórum :D
Red Carpet: http://cineman.coresp.com/forum/portal.php
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