7 de março de 2010

É Cinema, é Porto, é Fantas


Estamos a encerrar mais um Fantasporto. Num ano em que o Fantas estaria de parabéns, a homenagem do festival foi ao seu Porto de abrigo. A cidade que o aconchega foi louvada na pessoa dos seus maiores nomes da cultura.
Se em anos anteriores foram galardoadas bandas míticas como Xutos e Pontapés e os GNR, nesta edição os trinta anos de carreira de Rui Veloso serviram de pretexto para uma sentida homenagem ao intérprete da emblemática música do Rivoli. Aos acordes de "A paixão (segundo Nicolau da Viola)", com a plateia em uníssono a trautear a canção, Rui Veloso relembrou que espera ainda ver o Rivoli devolvido à cidade, aos seus e à cultura.
Também o teatro na pessoa de Júlio Cardoso a propósito dos seus 50 anos de grande actor, justificaram a merecida atribuição do prémio carreira ao fundador da Seiva Trupe e do FITEI. Cinema e teatro ao contrário do que se pensa não são rivais, são artes irmãs. Especialmente no Porto, onde estes dois festivais resistem há trinta anos como bastiões das artes numa batalha inglória pelo Porto como Capital da Cultura.

Para que não faltasse nenhuma das áreas deste fórum da cultura, as artes plásticas foram homenageadas na pessoa de Ludmila, uma russa radicada em Portugal, que teve a sua exposição Metamorfoses em exibição no auditório. O realismo mágico dos seus quadros demonstra bem que o fantástico abrange todos os domínios da cultura.
Para o fim ficou a homenagem ao cinema português. Luís Galvão Teles, que foi o cineasta escolhido para a retrospectiva desta trigésima edição, ouviu em palco os aplausos de um público entusiasta a um dos maiores realizadores e produtores aquém e além fronteiras.

A cerimónia de encerramento foi mais breve do que o habitual. Não se ouviu discursos sobre a crise e os pedidos de dinheiro da organização foram discretos. Os convidados não se aperceberam, mas aqueles amigos que nos visitam ano após ano sabiam que algo estava mal. Juntaram-se aos protestos e em galego - ou arranhando o português - pediram ajuda. Percebem as dificuldades que o festival atravessa e imaginam as possibilidades de crescimento se houvesse um pouco mais de confiança...

Não é apenas cinema, não é apenas Fantas, é muito Porto. Só faço votos para que se continue a ouvir "para te levar ao festival que há no Rivoli". Não é necessário empenhar anéis de rubi, os preços são acessíveis a todos.

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