”Darkness” por Nuno Reis
O Cinema tem dois elementos fulcrais que são imprescindíveis nos filmes de terror, o nevoeiro e a escuridão. Apesar de o nevoeiro já ter escondido Jack the Ripper em Londres e fantasmas em António Bay (“The Fog” de John Carpenter) ainda há quem o olhe com bons olhos, em Portugal será numa madrugada de nevoeiro que surgirá a salvação da nação, só quando é noite ele esconde as criaturas malignas. A escuridão por outro lado é o lar de fantasmas, vampiros e lobisomens e com duas importantes vantagens: é inevitável e é imparável. O nevoeiro é apenas sentido nas ruas, aparece ocasionalmente e normalmente por pouco tempo, a noite por sua vez aparece todos os dias, por várias horas e infiltra-se em todos os lugares, o fogo tornou-se a maior invenção da humanidade não por permitir cozinhar mas por proteger das trevas.
Mais uma produção Filmax para o cinema fantástico que há já demasiado tempo foi exibida no Fantasporto (edição de 2003) mas tardou a estrear. Aproveitando-se do seu êxito com “Los Sin Nombre” (vencedor do Fantas’2000) e seguindo a temática de outro êxito do terror espanhol feito um ano antes, “The Others”, Balagueró traz-nos um filme demasiado parecido com este último. Só que a obra-prima de Amenábar, um dos poucos filmes de terror da década dignos dessa classificação, é demasiado boa para poder ser comparada.
O que pode ser mais assustador que uma casa isolada, num país estranho, e com vários cortes de corrente injustificados? A história faz uma clara distinção desde o início, todos os dias há dia, dentro e fora de casa, mais ou menos assustador, e todos os dias há noite, sempre em casa e sempre assustador. Vultos surgem na escuridão, objectos desaparecem e a falta de diálogo desestabiliza a família. A estrela do filme é Reggie, interpretada por Anna Paquin, não se sente bem em Espanha mas fica pelo pai e depois para proteger o irmão. Lena Olin é a mãe trabalhadora que se preocupa mais com a casa e o trabalho que com as pessoas que a rodeiam. Iain Glen é o pai e sofre de uma rara doença que o deixa incontrolável. Stephan Enquist é o irmão pequeno que tem ficado com umas marcas suspeitas. Giancarlo Giannini interpreta o simpático avô sempre presente que os ajuda na adaptação ao novo país.
Se Paquin se tem mantido no topo de Hollywood não é por escolher mal os papeis, desde criança, inesquecível em “The Piano” e “Amistad”, a jovem rebelde em “Almost Famous” e “The 25th Hour”, sendo ainda a estrela em “X-Men”, tem sabido dar nas vistas e ao Óscar já juntou vários prémios que demonstram o carinho que o público tem por ela. Neste filme é uma jovem preocupada com ela mesma que tem de começar a pensar nos outros quando a doença do pai e as feridas do irmão transformam o lugar que ela ainda não aprendeu a gostar num lugar que ela depressa terá de aprender a temer. Sem ter um papel genial é interessante ver esta incursão da actriz no género do terror, como uma irmã preocupada, uma filha dedicada, e acima de tudo como vítima pois no terror é esse o nome dado aos heróis. Lena Olin parece ter um papel mau, demasiado pequeno para quem já foi estrela em “ The Unbearable Lightness of Being ” mas no final do filme percebe-se porque aceitou fazer a personagem. Se a troca dia/noite (que dura mais de metade do filme) por si só não o torna um bom filme de terror, depois de ser dito dezassete (perdoem-me não contar mais, mas estragaria o filme) as personagens transformam-se e o espectador fica com a certeza de saber o que se vai passar. Quando descobre o engano é tarde demais e o melhor a fazer é simplesmente desistir de tentar adivinhar. A cena do diálogo entre mãe e filha está bem conseguida e juntamente com um irónico final coloca-o acima da média.
Mais uma produção Filmax para o cinema fantástico que há já demasiado tempo foi exibida no Fantasporto (edição de 2003) mas tardou a estrear. Aproveitando-se do seu êxito com “Los Sin Nombre” (vencedor do Fantas’2000) e seguindo a temática de outro êxito do terror espanhol feito um ano antes, “The Others”, Balagueró traz-nos um filme demasiado parecido com este último. Só que a obra-prima de Amenábar, um dos poucos filmes de terror da década dignos dessa classificação, é demasiado boa para poder ser comparada.
O que pode ser mais assustador que uma casa isolada, num país estranho, e com vários cortes de corrente injustificados? A história faz uma clara distinção desde o início, todos os dias há dia, dentro e fora de casa, mais ou menos assustador, e todos os dias há noite, sempre em casa e sempre assustador. Vultos surgem na escuridão, objectos desaparecem e a falta de diálogo desestabiliza a família. A estrela do filme é Reggie, interpretada por Anna Paquin, não se sente bem em Espanha mas fica pelo pai e depois para proteger o irmão. Lena Olin é a mãe trabalhadora que se preocupa mais com a casa e o trabalho que com as pessoas que a rodeiam. Iain Glen é o pai e sofre de uma rara doença que o deixa incontrolável. Stephan Enquist é o irmão pequeno que tem ficado com umas marcas suspeitas. Giancarlo Giannini interpreta o simpático avô sempre presente que os ajuda na adaptação ao novo país.
Se Paquin se tem mantido no topo de Hollywood não é por escolher mal os papeis, desde criança, inesquecível em “The Piano” e “Amistad”, a jovem rebelde em “Almost Famous” e “The 25th Hour”, sendo ainda a estrela em “X-Men”, tem sabido dar nas vistas e ao Óscar já juntou vários prémios que demonstram o carinho que o público tem por ela. Neste filme é uma jovem preocupada com ela mesma que tem de começar a pensar nos outros quando a doença do pai e as feridas do irmão transformam o lugar que ela ainda não aprendeu a gostar num lugar que ela depressa terá de aprender a temer. Sem ter um papel genial é interessante ver esta incursão da actriz no género do terror, como uma irmã preocupada, uma filha dedicada, e acima de tudo como vítima pois no terror é esse o nome dado aos heróis. Lena Olin parece ter um papel mau, demasiado pequeno para quem já foi estrela em “ The Unbearable Lightness of Being ” mas no final do filme percebe-se porque aceitou fazer a personagem. Se a troca dia/noite (que dura mais de metade do filme) por si só não o torna um bom filme de terror, depois de ser dito dezassete (perdoem-me não contar mais, mas estragaria o filme) as personagens transformam-se e o espectador fica com a certeza de saber o que se vai passar. Quando descobre o engano é tarde demais e o melhor a fazer é simplesmente desistir de tentar adivinhar. A cena do diálogo entre mãe e filha está bem conseguida e juntamente com um irónico final coloca-o acima da média.
Título Original: "Darkness" (EUA e Espanha, 2002) Realizador: Jaume Balagueró Intérpretes: Anna Paquin, Lena Olin, Iain Glen, Giancarlo Giannini, Stephan Enquist e Fele Martínez Argumento: Jaume Balagueró, Fernando de Filipe Fotografia: Xavi Giménez Música: Carles Cases Género: Drama/Terror Duração: 102 min Sítio Oficial: http://movies.fantasticfactory.com/darkness/ |
1 comentários:
Eu vi este filme há algum tempo e não gostei particularmente, acho que o trailer é algo enganador, apesar de uma premissa boa, o argumento torna-se demasiado reboscado e as cenas de terror não são muito bem conseguidas. Do que mais gostei foi mesmo da realização, a forma como filme estava filmado denunciava a nacionalidade espanhola do realizador. Um cinema particular (o espanhol) que me tem conquistado com o passar do tempo,daí ter tido curiosidade em ver o filme. Não é mau,mas quem vai á espera de terror puro e duro não ficará muito satisfeito.
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