5 de maio de 2005

"Kingdom of Heaven" por César Nóbrega

REINO DA SECA

É com muita pena que escrevo estas palavras! Sou um fã de Ridley Scott. Começando no brutal "Blade Runner" (1982), passando "Black Rain" (1989) e "Gladiador" (2000), entre outros, o britânico tem uma maneira de contar histórias e filmar que desde sempre me causou arrepios. Em "Reino dos Céus" tudo é pensado ao milímetro, mas falta uma coisa: EMOÇÃO! Nunca a história nos envolve.

E, sobre a história em si, basta ler o texto do Nuno Reis (em baixo), para a perceber ao pormenor. Debruço-me, apenas, na minha opinião sobre o filme. Os sentimentos que me transmitiu (ou que não me transmitiu).

A cidade de Jerusalém foi construída do nada. Tudo o que ali se vê é um cenário real. Talvez o maior feito até hoje em cinema. É verdadeiramente fabuloso. Os actores são do melhor que se arranja actualmente. Orlando Bloom está "no sítio certo à hora certa". Eva Green é maravilhosa, um grande obrigado a Bernardo Bertolucci por lhe ter dado a hipótese em 2003 de desempenhar o papel de Isabelle no filme "The Dreamers". Não há como descrever o olhar que a jovem lança a Balian, quando, pela primeira vez, o vê! Todos os actores estão perfeitos. O problema é esse: o filme é tão perfeito que enjoa. A seca é a dobrar, porque no filme o novo barão de Ibelin vai arranjar uma forma de contornar a falta de água, nas suas áridas terras. E nós, sentados na cadeira da sala de cinema, temos de contornar a falta de comoção. O espectador tem de se identificar com alguma coisa, mas ali, os sentimentos são todos dos outros. Numa analogia provocante, "Reino dos Céus" é uma bela e formosa mulher… insossa, incapaz de nos perturbar, a não ser pelo apelo visual.

Uma palavra final para a banda sonora. O trabalho de Harry-Gregson Williams ("Shrek 2", "Fuga das Galinhas") é brilhante. A voz e letra do tema principal são da belga com ascendências do Médio Oriente, Natacha Atlas. A ouvir!

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