14 de dezembro de 2005

"Os 100 Mais do Cinema Fantástico" por António Pascoalinho


40 - 31


31.A Maldição do Lobisomem
tít. orig.- Curse of the Werewolf (Inglaterra 1960)
real.- Terence Fisher

Um mendigo é encerrado numa masmorra durante anos a fio. E transforma-se, pouco a pouco, numa besta peluda e repugnável. Anos mais tarde, uma criada surda-muda é encerrada na cela ao lado, e o monstro abusa dela. Conseguindo fugir, a piquena dá à luz uma criança que fica entregue aos cuidados do senhor do Castelo. O que ele não sabe, mas em breve descobrirá, é que o miúdo não vai conseguir libertar-se de tão pesada herança: que é como quem diz, de ser lobisomem. Roy Ashton construiu uma máscara vagamente inspirada no Monstro do filme de Jean Cocteau. Oliver Reed fez o resto. E transformou este filme em mais um dos grandes sucessos da Hammer.

32.A Aldeia dos Malditos
tít. orig.- Village of the Damned (Inglaterra 1960)
real.- Wolf Rilla

Midwich, aldeola no Sul de Inglaterra, fica subitamente cortada do resto do Mundo: todos os seres vivos, humanos ou animais, desmaiam sem razão aparente. Mas o fenómeno desaparece, e ninguém encontra explicações. Só que, dois meses depois, todas as mulheres da região aparecem grávidas. E isso dará origem a uma raça de criancinhas loirinhas, lindíssimas, de olhos azuis, mas dispostas a conquistar o Mundo através da telepatia. Esta adaptação do best-seller de John Wyndham é de longe a mais conseguida. Angustiante! Nem a versão de John Carpenter, com Christopher Reeve, lhe chega aos calcanhares.

33.A Máscara do Demónio
tít. orig.- La Maschera del Demonio (Itália 1960)
real.- Mario Bava

Uma história de feitiçaria e reencarnação confirmou na ribalta os dotes da então rainha do terror Europeu: Barbara Steele. Ficou célebre a sequência inicial, com a máscara pregada literalmente no rosto da feiticeira indefesa. Anos depois, a receita do costume: um inocente corta-se no vidro do túmulo que acabara de descobrir, entornando uma gotita de sangue sobre o rosto da dita senhora, e esta acorda sedenta de sangue. E de vingança. Mario Bava começava a afirmar-se como o grande nome do Horror Italiano. E, de toda a sua prolífica filmografia, este é por certo o exemplo mais conseguido.

34.Os Inocentes
tít. orig.- The Innocents (Inglaterra 1961)
real.- Jack Clayton

Em finais do século passado, uma perceptora é encarregue de educar duas crianças (Miles e Flora), que vivem com uma governanta numa velha mansão algo decrépita. Rapidamente se apercebe que as crianças são constantemente assoladas por visões da perceptora anterior e do seu pérfido amante, ambos mortos recentemente. O que não consegue entender é se os ditos pesadelos são reais ou imaginários. E o drama advem: Flora fica doente, Miles morre e a nossa heroína cai nos braços da loucura. Porquê? É essa angústia e a falta de respostas que fazem desta história de fantasmas um notável exercício de suspense. Deborah Kerr está óptima como sempre. E a ambiência é realmente aterradora.

35.Pássaros, Os
tít. orig.- The Birds (USA 1963)
real.- Alfred Hitchcock

A alegoria que o mestre Hitchcock construiu com as "avezinhas", permanece ainda hoje envolta num mistério inexplicàvel. Nunca se percebeu porque as gaivotas e os corvos decidiram atacar a raça humana, nem porque escolhem deixar os protagonistas partir em liberdade no final do filme, depois de terem a batalha ganha. Pelo meio, fica uma das obras mais técnicamente complexas do seu autor, com pássaros mecânicos por entre aves verdadeiras. E algumas sequências de eleição, como o ataque à bomba de gasolina, a perseguição da professora primária à saída da escola ou o combate final no sótão, com uma ferida a cada bicada. Um filme essencial para os verdadeiros amantes do Fantástico.

>36.A Máscara da Morte Vermelha
tít. orig.- Masque of the Red Death (Inglaterra/ USA 1964)
real.- Roger Corman

Na Itália do século XII, Prospero, um senhor feudal, decide prender dois camponeses por não terem pago os impostos. Uma epidemia de morte vermelha assola a região, e Prospero decide refugiar-se no seu castelo com a amante e a filha de um dos camponeses, enquanto manda incendiar todas as casas das redondezas. Em seguida, e no decurso de uma festa bárbara, obriga os dois prisioneiros a cortarem-se com uma de 5 facas, sabendo que uma estava envenenada (uma espécie de roleta russa da época). Mas um estranho vestido de vermelho vem bater à porta, e acabar com os intuitos do sanguinário senhor. É a peste em forma humana, nada será como dantes, e Vincent Price nunca esteve tão ameaçador como neste filme. A (re)descobrir urgentemente!

37.Dracula, Príncipe das Trevas
tít. orig.- Dracula, Prince of Darkness (Inglaterra 1965)
real.- Terence Fisher

Nesta 2ª incursão da Hammer pelos castelos da Transilvânia, Dracula é ressuscitado pelo sangue de um humano que ousou pernoitar nos seus domínios. Um criado fiel ao mestre encarrega-se da cerimónia sangrenta. Os familiares da vítima passam a lutar pela vida, enquanto o perverso Conde vai seduzindo e mordendo pescoços a seu bel-prazer. É notável que Christopher Lee não diga uma única palavra ao longo de todo o filme, como brilhante é a sua morte no gelo, vitimado pela água corrente, como manda a lenda. Este é o meu favorito de todos os Draculas da Hammer, mesmo não contando com o imprescindível Van Helsing (Peter Cushing). O visual barroco, o fascínio pelo homem e o medo do vampiro falam por si.

38.Viagem Fantástica
tít. orig.- Fantastic Voyage (USA 1965)
real.- Richard Fleischer

Um dos argumentos mais imaginativos que o Cinema Fantástico jamais construiu. Um grupo de cientistas é miniaturizado dentro de uma nave, de modo a ser introduzido na corrente sanguínea de um homem doente, e poder viajar até ao cérebro deste e eliminar-lhe um tumor. Mas a bordo da nave vai um sabotador! Neste curiosíssimo filme, onde os inimigos são os glóbulos brancos e as placentas, tudo é tratado a uma escala microscópica, menos o suspense. E, numa época onde os efeitos especiais estavam muito longe de ser o que são hoje, afirmo-vos que os técnicos não se sairam nada mal!

39.O Planeta dos Macacos
tít. orig.- Planet of the Apes (USA 1968)
real.- Franklin J. Schaffner

Numa qualquer sociedade futurista, quatro astronautas Americanos, à deriva no espaço e no tempo, vêem a sua nave despenhar-se no solo de um estranho planeta. Os três sobreviventes tentam explorar a região, mas apenas para serem detidos por um bando de cavaleiros armados. Espanto supremo: os ditos cavaleiros são gorilas já que, naquele Universo, a evolução do conhecimento havia decorrido de outra forma, os símios eram os senhores, os humanos os escravos. É celebre a imagem da Estátua da Liberdade derrubada numa praia, bem como a maquilhagem dos macacos e a interpretação de Charlton Heston. Um dos maiores clássicos de Sci-Fi jamais concebido!

40.A Noite dos Mortos-Vivos
tít. orig.- Night of the Living Dead (USA 1968)
real.- George Romero

O melhor filme de zombies da História, passa-se quase todo num cenário único, uma pequena casa onde meia-dúzia de humanos tenta sobreviver à ameaça exterior. Ameaça essa que advem do facto de termos os mortos a levantar-se dos túmulos um pouco por toda a parte, caminhando devagar mas aos magotes em busca do único alimento que lhes interessa: a carne fresca dos vivos. Romero lançou recentemente uma versão colorizada desta obra, a comemorar os 30 anos da sua produção, mas o original a preto e branco conserva muito mais fascínio. E o final, então, é perfeitamente genial!


2 comentários:

Anónimo disse...

Grande trabalho sobr o cinema fantástico, género do qual sou apaixonado. E ainda por cima, feito por um mestre da crítica cinematográfica portuguesa!

Anónimo disse...

Estou curioso para ver o que vem a seguir. Porque deixar a Noite dos Mortos Vivos em 40º lugar...