O homem é do ano, mas o filme... nem por isso
Quando chega a sensivelmente metade deste filme, dou por mim a vociferar contra Barry Levinson: "estavas a ir tão bem"! Confesso que, lida previamente a sinopse, o pensamento caiu para o lado céptico: mais um sobre um tipo que, sem mais nem menos, chegou a presidente dos E.U.A.. "Been there, done that".
Mas aos primeiros minutos começa o cepticismo a cair e um sagaz interesse para ver até onde iria Barry Levinson com "Homem do Ano". "Wag the Dog" / "Manobras na Casa Branca" (uma boa referência no género) dez anos depois? Tom Dobbs (Robin Williams) é um comediante de stand-up, com um programa televisivo muito ao estilo do "Daily Show" de Jon Stewart e onde, um dia, recebe uma dica da audiência (isto quando partilhava alguns pensamentos hilariantes, com as cãmaras desligadas) de que deveria candidatar-se à presidência. De uma "boca" passou a uma piada, de uma piada a uma ideia e daqui, para uma certeza. Dobbs candidata-se à Casa Branca como independente, e vai conseguindo lutar palmo a palmo com os aspirantes (quer democrata, quer republicano), naquelas que seriam as primeiras eleições com votações totalmente computadorizadas. E é neste frenesim da passagem de comediante a candidato que temos um belo filme: intenso, com diálogos riquíssimos e com um ritmo acelerado e constante - tanto vemos os bastidores de frente e olhos nos olhos, como vemos os discursos escondidos, tanto olhamos Dobbs a subir as escadas, como o vemos a desaparecer, de costas para nós. Uma película mordaz, atenta, com momentos de humor muito interessantes, e com o surgimento paulatino de alguns pormenores importantes - Alan Stewart, advogado da Delacroy (um subaproveitado Jeff Goldblum), que está por detrás da vanguarda do voto electrónico por touch screen, e o papel cada vez mais importante de Jack Menken (Christopher Walken), agente do comediante e apoio indispensável durante a campanha.
Mas uma funcionária da empresa, Eleanor Green (Laura Linney) descobre um erro no programa da votação e prevê que a esta iria estar inquinada e cair sempre para um lado que não o do verdadeiro vencedor. Ostracizada, enceta uma (rápida) viagem ao encontro de Tom, para o avisar dos erros cometidos. E, no meio desta viagem, o filme começa a perder vivacidade, ritmo e acutilância, e dilui-se numa segunda parte simpática, mas que só nos leva a perceber se iriamos ou não ter um candidato com escrúpulos (olá Casa Branca!) ou outro aproveitador da bondade democrática do contrato social. Williams perde força, o filme perde ideias, a obra perde rumo. Numa típica analogia da bifurcação florestal, Levinson foi para um lado quando devia ter ido para o outro. No caminho que escolheu, esbarrou num muro, quando poderia ter atingido uma peça madura e consistente, que o poriam na rota das chamadas de atenção políticas importantes no mapa cinematográfico norte-americano. Ao invés, queda-se, na globalidade, pela comédia engraçada, e que não trará (quase) nada de novo ao género.
Mas aos primeiros minutos começa o cepticismo a cair e um sagaz interesse para ver até onde iria Barry Levinson com "Homem do Ano". "Wag the Dog" / "Manobras na Casa Branca" (uma boa referência no género) dez anos depois? Tom Dobbs (Robin Williams) é um comediante de stand-up, com um programa televisivo muito ao estilo do "Daily Show" de Jon Stewart e onde, um dia, recebe uma dica da audiência (isto quando partilhava alguns pensamentos hilariantes, com as cãmaras desligadas) de que deveria candidatar-se à presidência. De uma "boca" passou a uma piada, de uma piada a uma ideia e daqui, para uma certeza. Dobbs candidata-se à Casa Branca como independente, e vai conseguindo lutar palmo a palmo com os aspirantes (quer democrata, quer republicano), naquelas que seriam as primeiras eleições com votações totalmente computadorizadas. E é neste frenesim da passagem de comediante a candidato que temos um belo filme: intenso, com diálogos riquíssimos e com um ritmo acelerado e constante - tanto vemos os bastidores de frente e olhos nos olhos, como vemos os discursos escondidos, tanto olhamos Dobbs a subir as escadas, como o vemos a desaparecer, de costas para nós. Uma película mordaz, atenta, com momentos de humor muito interessantes, e com o surgimento paulatino de alguns pormenores importantes - Alan Stewart, advogado da Delacroy (um subaproveitado Jeff Goldblum), que está por detrás da vanguarda do voto electrónico por touch screen, e o papel cada vez mais importante de Jack Menken (Christopher Walken), agente do comediante e apoio indispensável durante a campanha.
Mas uma funcionária da empresa, Eleanor Green (Laura Linney) descobre um erro no programa da votação e prevê que a esta iria estar inquinada e cair sempre para um lado que não o do verdadeiro vencedor. Ostracizada, enceta uma (rápida) viagem ao encontro de Tom, para o avisar dos erros cometidos. E, no meio desta viagem, o filme começa a perder vivacidade, ritmo e acutilância, e dilui-se numa segunda parte simpática, mas que só nos leva a perceber se iriamos ou não ter um candidato com escrúpulos (olá Casa Branca!) ou outro aproveitador da bondade democrática do contrato social. Williams perde força, o filme perde ideias, a obra perde rumo. Numa típica analogia da bifurcação florestal, Levinson foi para um lado quando devia ter ido para o outro. No caminho que escolheu, esbarrou num muro, quando poderia ter atingido uma peça madura e consistente, que o poriam na rota das chamadas de atenção políticas importantes no mapa cinematográfico norte-americano. Ao invés, queda-se, na globalidade, pela comédia engraçada, e que não trará (quase) nada de novo ao género.
Título Original: "Man of the Year" (EUA, 2006) Realização: Barry Levinson Argumento: Barry Levinson Intérpretes: Robin Williams, Cristopher Walken, Laura Linney e Jeff Goldblum Fotografia: Dick Pope Música: Graeme Revell Género: Comédia / Drama Duração: 115 min. Sítio Oficial: http://www.manoftheyearmovie.net |
2 comentários:
Em linhas gerais, concordo com aqui expresso nesta crítica. Era um filme que "prometia" mais do que cumpriu, mas acho que apesar das más direcções que por vezes tomou é ainda uma surpresa agradável.
Não iria tanto pela surpresa - por causa de "Wag the Dog" - mas pela confirmação de muitos pormenores interessantes de Levinson!
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