A expectativa da adaptação da obra de Frank Miller ("Sin City") colocou a fasquia de "300" demasiado elevada. O que permite explicar o estrondoso sucesso de bilheteira que "300" está a fazer nos EUA e em Espanha pelo menos.
Não deixa de ser surpreeendente que um filme histórico, entendendo-se por isso um filme baseado em factos reais que a lenda se encarregou de eternizar, tenha este sucesso, apesar dos exemplos de "Gladiador", "Alexandre" e "Troia". A explicação tem de derivar de Frank Miller ele próprio, o reconhecimento que o público dá à sua marca visual e ao tratamento gráfico nos comics.
300 narra de forma muito liberal a epopeia de Leónidas Rei de Esparta, desde a sua infãncia, os rituais de passagem para a idade adulta, a sua investidura como rei e o feito que o tornou lendário – a defesa das portas do desfiladeiro face ao invasor persa. Apesar de o filme não valorizar, neste facto histórico reside o início da maratona olímpica: o único sobrevivente dos 300 correrá até Esparta para anunciar o feito heróico.
Deste contexto histórico Zack Snyder realiza um videojogo em forma de filme: estética gráfica de videojogo, exagero dos efeitos digitais, tratamento muito artificial da cor, desmultiplicação da imagem apenas pensável num mundo virtual e uma violência demasiado próxima dos jogos com classificação para adultos. Desde que se aceitem estes elementos como parte do estilo que Frank Miller imprime às suas narrativas, "300" funcionará bem. O problema é que esta indefinição entre o que é um filme (por exemplo "Tróia") e o que é a transposição da BD ("300") pode causar alguma perplexidade inicial ao espectador, que necessita de algum período de adaptação.
"300" é assim um filme onde o culto ao corpo é exacerbado mesmo para o gosto helénico, tem uma dimensão desproporcionada da violência bélica, partilha de uma visão dualista muito vincada (os espartanos defensores da liberdade e os persas invasores) e a personagem de Xerxes representada por Rodrigo Santoro é tão caricatural que se torna ridícula. Em grande ecrã enche o olho, mas o que fica enquanto filme é pouco. Ressalve-se o tratamento da cor que se aproxima das manchas cromáticas da BD, a dicotomia cromática entre os tons frios e azul cinza nos cenários de Esparta e as cores quentes dos exteriores, a plasticidade emotiva dos grandes planos das personagens numa estética muito televisiva. A história resume-se a noventa por cento de batalha e dez por cento de conversa de treta incluindo algum sexo implícito para atenuar a acção. Os apreciadores de Frank Miller provavelmente sairão um pouco desiludidos porque o filme nada acrescenta e está a milhas de "Sin City". Os cinéfilos sairão com uma sensação indefinida mas nunca entusiasmante. Os amantes de videojogos provavelmente preferirão a versão para computador que ao menos é interactiva.
Não deixa de ser surpreeendente que um filme histórico, entendendo-se por isso um filme baseado em factos reais que a lenda se encarregou de eternizar, tenha este sucesso, apesar dos exemplos de "Gladiador", "Alexandre" e "Troia". A explicação tem de derivar de Frank Miller ele próprio, o reconhecimento que o público dá à sua marca visual e ao tratamento gráfico nos comics.
300 narra de forma muito liberal a epopeia de Leónidas Rei de Esparta, desde a sua infãncia, os rituais de passagem para a idade adulta, a sua investidura como rei e o feito que o tornou lendário – a defesa das portas do desfiladeiro face ao invasor persa. Apesar de o filme não valorizar, neste facto histórico reside o início da maratona olímpica: o único sobrevivente dos 300 correrá até Esparta para anunciar o feito heróico.
Deste contexto histórico Zack Snyder realiza um videojogo em forma de filme: estética gráfica de videojogo, exagero dos efeitos digitais, tratamento muito artificial da cor, desmultiplicação da imagem apenas pensável num mundo virtual e uma violência demasiado próxima dos jogos com classificação para adultos. Desde que se aceitem estes elementos como parte do estilo que Frank Miller imprime às suas narrativas, "300" funcionará bem. O problema é que esta indefinição entre o que é um filme (por exemplo "Tróia") e o que é a transposição da BD ("300") pode causar alguma perplexidade inicial ao espectador, que necessita de algum período de adaptação.
"300" é assim um filme onde o culto ao corpo é exacerbado mesmo para o gosto helénico, tem uma dimensão desproporcionada da violência bélica, partilha de uma visão dualista muito vincada (os espartanos defensores da liberdade e os persas invasores) e a personagem de Xerxes representada por Rodrigo Santoro é tão caricatural que se torna ridícula. Em grande ecrã enche o olho, mas o que fica enquanto filme é pouco. Ressalve-se o tratamento da cor que se aproxima das manchas cromáticas da BD, a dicotomia cromática entre os tons frios e azul cinza nos cenários de Esparta e as cores quentes dos exteriores, a plasticidade emotiva dos grandes planos das personagens numa estética muito televisiva. A história resume-se a noventa por cento de batalha e dez por cento de conversa de treta incluindo algum sexo implícito para atenuar a acção. Os apreciadores de Frank Miller provavelmente sairão um pouco desiludidos porque o filme nada acrescenta e está a milhas de "Sin City". Os cinéfilos sairão com uma sensação indefinida mas nunca entusiasmante. Os amantes de videojogos provavelmente preferirão a versão para computador que ao menos é interactiva.
Título Original: "300" (EUA, 2006) Realização: Zack Snyder Argumento: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Michael Gordon (baseados no livro de Frank Miller e Lynn Varley) Intérpretes: Gerard Butler, Lena Headey, Dominic West, David Wenham Fotografia: Larry Fong Música: Tyler Bates Género: Acção/Drama/Guerra Duração: 117 min. Sítio Oficial: http://300themovie.warnerbros.com/ |
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