27 de agosto de 2008

Medicina televisiva


Um grupo de médicos italianos quer proibir as séries de ficção médica na televisão nacional. Dizem que séries como "House M.D.", "Grey's anatomy", "E.R." e "Scrubs" dão uma imagem errada da medicina e dos métodos utilizados, chegando em alguns casos a passar informação falsa.
Para tentar perceber se esse protesto é ou não válido queria analisar em detalhe os ensinamentos que adquiri nessas séries.


Como é óbvio estes grandes doutores não se querem deixar influenciar pelos maus médicos televisivos e por isso mesmo não assistem aos programas. Infelizmente por isso mesmo acabam por falar sem conhecimento de causa. Colocar "Scrubs" na lista de séries que ensinam má medicina é ridículo. Não é suposto acreditar em nada do que se vê neste programa que usa a medicina como desculpa para fazer humor. Os próprios créditos iniciais são uma radiografia colocada propositadamente ao contrário!

Temos aqui uma sequência de momentos. Algo parecido com conhecimento médico erróneo? Erróneo sim, médico nem um pouco.



Depois de quinze anos no ar "E.R." é um fenómeno de longevidade. Já por lá passaram algumas grandes estrelas, tanto em ascensão como em queda, e ainda mantém os fãs. A acção desenrola-se num hospital, mas na verdade os problemas são mais sociais do que hospitalares. Os casos médicos que lhes são colocados são na maioria vulgares acidentes de carro. Também alertam para os males da guerra e frequentemente prestam auxílio em países desfavorecidos. Nada de mal a apontar.
O momento do clip seguinte já foi referido aqui no blog como um dos mais marcantes da televisão.



Em "House M.D." temos um médico drogado, arrogante, que detesta as pessoas e usa palpites para salvar vidas. Estará muito desfasado da realidade? Numas temporadas salva todos, noutras não salva ninguém. E por vezes não faz nada como podemos ver nesta compilação.

Concordo que é melhor ninguém saber disto...


Finalmente temos a mais recente das séries criticadas. "Grey´s Anatomy" é uma telenovela disfarçada de série hospitalar. De vez em quando vejo-os na mesa de operações, mas honestamente não me lembro de nada médico que tenha sido feito num episódio.

Um comportamento médico que foi bem adaptado para o ecrã foi a saída de Kate Walsh para o privado. Ganha mais com menos trabalho e ainda se considera a estrela do sítio.


Se os restantes profissionais seguissem o exemplo dos médicos iríamos ter uns serões bem divertidos. Olhando para a programação televisiva daria para riscar bastantes coisas. Tudo o que é casos de polícia desaparece. Agências governamentais e militares idem. Se versa sobre advocacia é melhor retirar e depressa para a Ordem não processar. Tudo o que é sobre alguma coisa específica e real tem de sair. Sobra alguma animação da Fox, as novelas sobre coisa nenhuma e parte do que for paranormal pois mesmo nessa área alguns devem ter equivalentes na vida real...

Ainda bem que são médicos porque convém consultarem um psicólogo depressa e sendo colegas a lista de espera sempre fica menor. A ficção televisiva tem como objectivo entreter e não ensinar. A tele-escola tem canal e horário próprio.

Uma criança entretém-se com pouco e por isso é fácil dar-lhes cultura disfarçada, veja-se o caso tão bem sucedido de "Baby Einstein/Little Einsteins". A partir de certa idade começa a ser complicado. Nos últimos 20 anos uma série feita para um público adulto ou é para entreter ou para ensinar, não consegue fazer ambos. Se querem combinar essas vantagens peçam mais reposições de "MacGyver". Isso eu já subscrevia.

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