Cinema é sempre Cinema e poucos terão possibilidades de assitir a um ciclo completo, mas é um pouco aborrecido constatar que nem algo tão básico como isto temos.
Continuo a achar que com números claros de quanto se poderia gastar por filme, se conseguia dar automomia à Cinemateca. Enquanto esta não sair do buraco nenhuma outra pode aparecer.
Ao longo dos últimos meses, devido aos constrangimentos orçamentais, a programação da Cinemateca tem sido baseada cada vez mais na colecção permanente da instituição, o que, pese embora o enorme esforço para manter a qualidade e diversidade da mesma, não pôde deixar de implicar algum afastamento dos padrões que marcaram esta atividade nas décadas anteriores.
É importante lembrar que o trabalho de programação cultural levado a cabo pelas mais importantes cinematecas da FIAF (Federação Internacional dos Arquivos de Filmes) se baseia correntemente na combinação de cópias existentes na instituição com cópias oriundas de fontes externas, nisso incluindo outros arquivos da mesma rede internacional ou distribuidores cinematográficos. É isso que permite a organização de grandes ciclos temáticos ou de autores fundamentais do cinema mundial, para os quais é sempre necessário recorrer, pelo menos, a algumas cópias importadas temporariamente para o efeito, além de ser necessário proceder à sua legendagem electrónica. Foi isso que fizemos ao longo das últimas décadas e é isso que começámos a não poder fazer, numa redução que, em última análise, impede a manutenção dos níveis de referência da atividade anterior.
Neste momento, porém, dois factores limitativos sobrepostos impõem uma restrição ainda mais radical. Por um lado, o recente despacho de Sua Excelência o Ministro de Estado e das Finanças relativo aos compromissos financeiros dos organismos do Estado, tendo caído sobre a fase final da preparação do nosso programa para o mês de Maio, e tornando inviável a directa assunção de compromissos por parte da Cinemateca, impede, para já no que respeita a este mês, o recurso a quaisquer cópias oriundas de fontes externas importadas pela própria Cinemateca, assim como a respectiva legendagem. Por outro lado, a acentuadíssima quebra da receita geral (resultante do decréscimo dos proveitos da taxa sobre a publicidade televisiva) atingiu níveis que, doravante, a menos que haja possibilidade de um reforço, inviabilizam quaisquer encargos com aluguer, transporte ou legendagem electrónica de cópias.
Em resultado disto, a Cinemateca anuncia para o próximo mês de Maio um programa de características distintas do habitual, em que, à excepção do que é importado temporariamente no âmbito de parcerias previamente acordadas (neste caso, com a FLAD), e uma vez que se trata exclusivamente de material existente no acervo (próprio ou depositado) da instituição, o princípio organizador é apenas o das sessões individuais, sem os normais ciclos temáticos ou de autor.
Em 24 de Abril de 2013
A Direcção da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
Continuo a achar que com números claros de quanto se poderia gastar por filme, se conseguia dar automomia à Cinemateca. Enquanto esta não sair do buraco nenhuma outra pode aparecer.
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