O local é Arizona como cenário de deserto para recriar Riade. Com excepção de um hotel e de alguns exteriores filmados nos Emiratos Árabes Unidos, tudo é genuinamente falso, porque o Reino nunca autorizaria um filme tão crítico do seu regime. Comecemos pelo início. Em dois minutos num genérico de espantoso design gráfico passa-se em revista a história de origem, desenvolvimento, apogeu e crises, que fizeram do deserto inóspito de Lawrence da Arábia no mais rico manancial de ouro negro.
Na tradição do melhor cinema liberal de Hollywood “O Reino” retoma uma das mais embaraçosas facetas da política externa norte-americana – a aliança contranatura de uma democracia ocidental com um reino corrupto, autocrático e fundamentalista que é a Arábia Saudita dos nossos dias. O núcleo da história analisa os atentados contra interesses e cidadãos americanos no reino, a meticulosa preparação dos terroristas e a resposta de agentes do FBI que vão a Riade tentar descobrir o mentor do espectacular atentado, um fantasma chamado Abu Hazam a quem os sauditas em surdina consideram um Robin dos Bosques que quer libertar as areias muçulmanas dos opressores norte-americanos. Ainda que oscile entre a vida privada dos agentes e a acção no terreno e não se perceba o interesse narrativo ou de definição psicológica dos personagens que esses traços familiares pretendem revelar, ainda que o filme hesite na óbvia constatação de que a Arábia Saudita está em estado de guerra, ainda que o realizador se deixe extasiar pelo cenário de guerra transformando agentes do FBI em autêntico comandos de elite em combate, “O Reino” tem manifestos motivos de interesse que o tornam um dos filmes mais relevantes da temporada de outono. Além do genérico já citado, que é por si só uma obra prima em curta-metragem, a filmagem em câmara à mão dá ao filme uma vivacidade estonteante e um realismo quase documental.
Para finalizar, como cinema é um grande espectáculo. Como reflexão é perturbador. Os terroristas têm valores mais sólidos e espalham-se pela população com a velocidade dos ventos do deserto. A guerra para o ocidente está perdida. Abu Hazam pode morrer que não faltam herdeiros a reclamar a sua herança. Seria bom que se apostasse nas energias alternativas porque o Reino do petróleo está perto do fim.
Na tradição do melhor cinema liberal de Hollywood “O Reino” retoma uma das mais embaraçosas facetas da política externa norte-americana – a aliança contranatura de uma democracia ocidental com um reino corrupto, autocrático e fundamentalista que é a Arábia Saudita dos nossos dias. O núcleo da história analisa os atentados contra interesses e cidadãos americanos no reino, a meticulosa preparação dos terroristas e a resposta de agentes do FBI que vão a Riade tentar descobrir o mentor do espectacular atentado, um fantasma chamado Abu Hazam a quem os sauditas em surdina consideram um Robin dos Bosques que quer libertar as areias muçulmanas dos opressores norte-americanos. Ainda que oscile entre a vida privada dos agentes e a acção no terreno e não se perceba o interesse narrativo ou de definição psicológica dos personagens que esses traços familiares pretendem revelar, ainda que o filme hesite na óbvia constatação de que a Arábia Saudita está em estado de guerra, ainda que o realizador se deixe extasiar pelo cenário de guerra transformando agentes do FBI em autêntico comandos de elite em combate, “O Reino” tem manifestos motivos de interesse que o tornam um dos filmes mais relevantes da temporada de outono. Além do genérico já citado, que é por si só uma obra prima em curta-metragem, a filmagem em câmara à mão dá ao filme uma vivacidade estonteante e um realismo quase documental.
Para finalizar, como cinema é um grande espectáculo. Como reflexão é perturbador. Os terroristas têm valores mais sólidos e espalham-se pela população com a velocidade dos ventos do deserto. A guerra para o ocidente está perdida. Abu Hazam pode morrer que não faltam herdeiros a reclamar a sua herança. Seria bom que se apostasse nas energias alternativas porque o Reino do petróleo está perto do fim.
Título Original: "The Kingdom" (EUA, 2007) Realização: Peter Berg Argumento: Matthew Michael Carnahan Intérpretes: Jamie Foxx, Jennifer Garner, Chris Cooper, Jeremy Piven Fotografia: Mauro Fiore Música: Danny Elfman Género: Acção/Drama/Thriller Duração: 110 min. Sítio Oficial: http://www.thekingdommovie.com/ |
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