6 de fevereiro de 2004

"Underworld" por Nuno Reis








Hoje vou falar de um filme que se encontra há algum tempo nas salas portuguesas e que aqui ainda não tinha havido hipótese de criticar.
Por estar em Fevereiro, mês em que se torna obrigatório falar do Fantasporto e consequentemente de cinema fantástico, tenho de falar de "Underworld", uma mistura de vampiros e lobisomens, num filme que tenta ter acção, romance, efeitos especiais e pouco terror.



A ideia por trás do filme é simples, os vampiros e os lobisomens lutaram durante anos pelo domínio do planeta, uma batalha subterrânea que os seres humanos sempre desconheceram mas feita com recurso a armas e técnicas humanas, no momento que os lobisomens começaram a utilizar humanos nessa luta uma vampira desconfia e sozinha enfrenta tudo e todos para salvar a sua espécie.
Ela detecta lobisomens a irem para o metro, segue-os e, depois de uma luta feroz, de onde escapa ilesa mas sozinha descobre um grande
covil. Quando volta à base na posse das armas dos inimigos, que disparavam balas com luz dentro (inimiga eterna dos vampiros) um cientista começa a investigar o funcionamento para plagiar a ideia mas com prata, a inimiga dos lobisomens, de referir que as balas que eles utilizavam eram de prata mas sólida. Ao analisar as fotografias feitas pelo seu falecido colega, descobre que eles seguiam um humano que ela rapidamente descobre e protege por diversas vezes, contudo não consegue impedir que ele seja mordido e o tempo restante antes de ele se transformar num inimigo escoa rapidamente. Ser amiga de um lobisomem é algum inaceitável pra uma vampira e ela cria muitos inimigos entre os seus, a única forma de alguém acreditar é ressuscitar o seu "pai". O resto da história é sobre dualidades como pactos e traições, lealdade e amor. E termina com um grande combate entre vampiros com balas que libertam prata líquida, e lobisomens com balas que libertam luz líquida.
A nível de interpretações pouco se pode dizer, Beckinsale porta-se bem, toda a responsabilidade do filme está nos seus ombros mas não transparece. Talvez tenha ajudado o facto de o realizador ser o seu noivo (o estreante Len Wiseman) e ter no elenco o pai da sua filha, Charlie Sheen. Scott Speedman tem um papel bastante ridículo, talvez em "My Life Without Me" se safe melhor. O já referido Charlie Sheen está bem como líder dos vampiros (ele queixa-se que quando quer uma personagem do fantástico fica sempre como líder) pois consegue começar como assustador, fica raivoso, saudosista e finalmente sarcástico.
Também ajuda ter no elenco alguém com muita experiência no verdadeiro cinema de terror como Billy Mack (que recentemente cantou em "Love Actually") e que tem uma personagem poderosa e fulcral mas secundária, para manter o filme com um mínimo de qualidade mas dar aos jovens (menos talentosos) algum espaço de manobra.

Um dos erros mais graves do filme é sem dúvida a insensibilidade dos vampiros aos espelhos, os reflexos são abundantes e chegamos ao cúmulo de ver uma vampira a falar com ela própria num espelho. Uma coisa que ouvi sobre vampiros é que não têm reflexo, acho que os argumentistas deveriam aprender pelo menos isso antes de se lançarem na escrita de uma aventura desta envergadura.
Os efeitos especiais são discretos apesar de tentarem que pareçam melhores, as cenas utilizadas são saltos do topo de um prédio (não tão ridiculamente como "Matrix" mas quase), saltos do chão para o tecto, transformações de pessoas em lobisomens, balas a perfurarem a pele e outras cenas de batalha vulgares e algumas cenas em comboios em movimento. E ainda sangue, muito sangue mas dentro dos limites do género.

O filme tem acção mas nos outros campos todos que referi pouco se pode destacar. Não esperava muito do filme mas mesmo assim foi uma pequena desilusão.


Para amanhã estão prometidas apreciações a "Anything Else" e "Michel Vaillant".

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