14 de outubro de 2007

"1408" por Ricardo Clara

Confesso que não sou particularmente apreciador de Stephen King, quer da escrita que da maioria das histórias por ele idealizadas (de todas, e de memória, destaco o conto que dá origem ao "Shawshank Redemption" de Frank Darabont, apesar de não o ter lido, a fita que dessa adaptação surge é uma pérola cinematográfica).

Em "1408", Mike Enslin (John Cusack) é um escritor frustado, cuja ocupação é escrever livros e crónicas de hóteis assombrados, depois de lá passar uma noite. Enslin é uma espécie de caça-fantasmas de gravador em punho: usa maquinetas com as quais procura descobrir actividade paranormal nos quartos, aconselhando depois os seus leitores, numa "escala de medo", a visitar os aposentos.
Estranhamente, recebe um dia um postal, no seu apartado, sobre um hotel - o Dolphin Hotel em Nova Iorque - e com um conselho: "não fiques no 1408". Enslin tenta, claro está, marcar o quarto. Mas sem sucesso. É então que recebe a ajuda de um periodista nova-iorquino Sam Farrel (Tony Shalhoub), que lhe consegue arranjar uma noite no dito local.
Lá chegado, conhece o gerente do Dolphin, Gerald Olin (Samuel L. Jackson), o qual o aborda com um conselho e um pedido: o quarto personifica o mal, e Enslin não pode lá ficar. Espicaçado por Olin, o escritor recebe das mãos deste um dossier onde constam dezenas de mortes às "mãos" do 1408, e decide subir ao 14º andar para lá pernoitar.
Será que existe mesmo algo lá?

Céptico à partida para este filme, confesso que saí de lá surpreendido. "1408", do sueco Mikael Håfström ("Ondskan", 2003), é uma espiral de loucura que até funciona bastante bem. Claro, uma película que decorre quase inteiramente dentro de um quarto corre o risco de se tornar aborrecida - e esta torna-se. Mas vive de dois twists finais, sendo que no primeiro me levaram a vociferar (interiormente) para uma repetição do que já vimos dezenas de vezes. Mas a fita recebe uma nova volta que contribui para a entrega à demência total, onde sequências existem em que se assistem a fases de experimentalismo muito interessantes. Não assusta, mas enerva - e é este o condão princial de "1408". Nós próprios ficamos fartos de tentar fugir, e foi dos poucos filmes nos últimos tempos onde (e a última vez que senti isso foi no magnífico "The Descent" de Neil Marshall) me senti claustrofóbico, fruto de uma pressão constante no ritmo da história e numa boa interpretação de Cusack.
Destaque para a iluminação, bem como para a participação ridícula de Shalhoub, que merecia mais tempo no filme. Uma história de terror razoável, com um tempero muito positivo que só os europeus têm conseguido imprimir na realização.


Título Original: "1408" (EUA, 2007)
Realização: Mikael Håfström
Argumento: Matt Greenberg e Stephen King
Intérpretes: John Cusack, Samuel L. Jackson e Mary McCormack
Fotografia: Benoît Delhomme
Música: Gabriel Yared
Género: Terror
Duração: 94 min.
Sítio Oficial: http://www.1408-themovie.com

1 comentários:

Unknown disse...

Bom dia caro Antestreia,
Chamo-me Nuno Neves e sou o responsável pela revista que vai acompanhar a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, o CINANIMA 07. Neste âmbito, estou a realizar um artigo eonde relaciono o festival, o cinema de animação e os blogs portugueses. O meu objectivo é descobrir como é que a blogosfera vê o CINANIMA, se considera um evento que traz efeitos positivos, etc etc. Caso estejam disponíveis, gostava de vos ter no artigo. Pedia-vos que me dessem uma resposta o quanto antes. Aqui ficam os contactos:

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Nuno Neves