Já tinha falado desta entrevista, mas nunca me tinha dado ao trabalho de a traduzir. Espero que
já todos tenham visto o filme e possam apreciar alguns detalhes desta interessante conversa.
Antestreia: Como conseguiu a colaboração de Kevin Spacey?
Duncan Jones: Desde o início pensei em Kevin Spacey e enviei-lhe o guião. Mostrei-lhe alguns dos desenhos de produção e ele adorou o projecto e que Sam fosse o protagonista. Mas quando lhe disse que o orçamento era inferior a cinco milhões de dólares vi desaparecer o brilho de entusiasmo do seu olhar. Kevin confessou-me que não acreditava que fosse possível produzi-lo com esse dinheiro, mas que apreciava o esforço. Assim ficou combinado que eu iria rodar o filme e que depois lhe mostrava uma versão em bruto. Ele apreciou sinceramente o meu filme, especialmente a desempenho de Sam, e em apenas meio-dia fez o seu trabalho. Claro que GERTY não é HAL, mas é inevitável que as pessoas comparem.
A: Quais foram as referências cinéfilas que utilizou em "Moon"?
DJ: Tanto eu como Sam somos admiradores da FC do final dos anos 70 e 80 e isso reflecte-se no filme. A nível estético e visual quis fazer uma homenagem a filmes como "Outlander", "Silent Running" ou ao "Alien" de Ridley Scott, ou pouco como se o espectador olhasse para "Moon" como uma pérola perdida dessa época. Talvez por isso apostei mais em modelos e menos em efeitos digitais. Eu sei que nos últimos anos tem havido uma avalanche de filmes de FC de grande orçamento. Como os estúdios investem muito dinheiro sobretudo em efeitos digitais querem captar todas as franjas de público e por isso estupidificam os filmes. Com as novas tecnologias é possível fazer filmes de autor com pequenos orçamentos. "District 9" apesar do orçamento elevado caminha nessa direcção.
A: Vai voltar à Ficção-Científica?
DJ: Tive propostas de vários estúdios, mas decidi que o meu próximo filme seria também um projecto pessoal. Chama-se "Mute", passa-se em Berlim sensivelmente na mesma época de "Moon" e é uma homenagem a "Blade Runner".
A: Tendo o seu filme uma banda sonora dos anos 70 e 80, porque razão não incluiu nenhuma canção do seu pai, nomeadamente "Space Oddity"?
DJ (na brincadeira): Os direitos das canções do meu pai eram demasiado caros para eu as poder usar.
A: Qual foi a reacção dele ao seu filme?
DJ: Ele viu o filme diversas vezes. A primeira vez foi em Sundance, onde apresentámos o filme mundialmente, e estava muito nervoso como todos nós. Era um público enorme e ainda não tínhamos acordo de distribuição para o filme, eu estava nervoso e por isso ele estava nervoso. Foi excelente porque o filme teve uma incrível recepção, mas foi muito tenso. Da segunda vez que viu estávamos no festival de TriBeCa e aí foi maravilhoso. Era um público caseiro, é onde ele vive, e já contávamos que o público fosse gostar do filme, já tínhamos distribuidor, e foi tudo mais calmo. Ele convidou família, amigos, toda a gente. [pequena pausa] E agora vende DVD's na rua.
A: E relativamente à banda sonora e ao trabalho de Clint Mansell?
DJ: Sou um grande admirador de Clint e as bandas sonoras que ele criou para Darren Aranofsky são absolutamente fabulosas, aliás nunca cheguei a perceber como ele não ganhou o Oscar por "The Fountain", a melhor banda sonora que alguma vez ouvi. Usei em "Moon" vários excertos de "Requiem for a Dream" e quando consegui contactar Clint que actualmente vive em Los Angeles, onde trabalha para grandes produções, ele foi muito simpático e apesar de ser uma pequena produção aceitou ceder os direitos. Talvez por patriotismo por sermos ambos britânicos.
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