Um filme realizado e escrito por Agnès Varda, com Agnès Varda no principal papel a falar na primeira pessoa pode parecer uma obra egocêntrica. Afinal que razões levariam uma mulher de 80 anos a fazer um filme sobre si? Poderia-se pensar que é o medo da morte, o desejo de marcar uma presença no cinema. Mas Varda não é uma desconhecida dos grandes palcos de cinema europeu. Já recebeu prémios em Berlin, Veneza e, apesar de lhe faltar Cannes, já conquistou Césares de curta documental, de carreira e agora de longa documental. É uma senhora cinema.
Ao ver o filme fica-se a conhecê-la tão bem que seria impensável tratá-la por algo que não o primeiro nome, por isso daqui em diante falarei da Agnès.
Agnès teve uma vida complicada. A adolescência foi passada em plena Guerra Mundial, por vários anos habitou um barco, chegou a trabalhar num navio pesqueiro. Mas o amor pela fotografia salvou-a para um destino maior. Da imagem estática passou para a móvel e, junto com alguns outros jovens cineastas como Godard, Truffaut e Demy, começou o cinema de autor com pouco orçamento que seria conhecido como Nouvelle Vague. Mesmo que se reveja mais como fotógrafa do que como cineasta, é a única sobrevivente dessa fase e por isso cabia-lhe a responsabilidade de fazer cinema sobre esse capítulo do Cinema.
Nesta sua obra maior quem não souber de cinema aprenderá muito e com muito gosto. Quem acha que sabe ficará deliciado com o que ainda pode aprender com a irreverente veterana. Os nomes que fazem parte da vida dela são inúmeros, desde os amigos pescadores aos colegas de profissão, com especial destaque pelo falecido marido Jacques Demy. Nota-se o imenso carinho que ainda tem por ele, tal como quando filmou "Jacquot de Nantes" onde transpôs as memórias do moribundo Demy para a eternidade do filme.
A idade não a limita em nada, pelo contrário. Faz o que bem lhe apetece sem receio de ser criticada. Mais do que um filme, é um documentário que serve de referência histórica. Mostra de forma original e divertida como era o cinema francês nos bons velhos tempos. Cativa e de certeza que conseguirá novos espectadores para os velhos clássicos.
Uma nota ainda sobre Angès. Quando esteve no Porto a apresentar o filme na Festa do Cinema Francês foi acompanhada em palco pelo nosso veterano do cinema, Manoel de Oliveira. Segundo as nossas fontes, do diálogo nessa semana resultaram quase cinco horas de gravação em que Agnès entrevista Manoel. Nascerá disso algum "Oporto Story" para rivalizar com o trabalho de Wenders?
Ao ver o filme fica-se a conhecê-la tão bem que seria impensável tratá-la por algo que não o primeiro nome, por isso daqui em diante falarei da Agnès.
Agnès teve uma vida complicada. A adolescência foi passada em plena Guerra Mundial, por vários anos habitou um barco, chegou a trabalhar num navio pesqueiro. Mas o amor pela fotografia salvou-a para um destino maior. Da imagem estática passou para a móvel e, junto com alguns outros jovens cineastas como Godard, Truffaut e Demy, começou o cinema de autor com pouco orçamento que seria conhecido como Nouvelle Vague. Mesmo que se reveja mais como fotógrafa do que como cineasta, é a única sobrevivente dessa fase e por isso cabia-lhe a responsabilidade de fazer cinema sobre esse capítulo do Cinema.
Nesta sua obra maior quem não souber de cinema aprenderá muito e com muito gosto. Quem acha que sabe ficará deliciado com o que ainda pode aprender com a irreverente veterana. Os nomes que fazem parte da vida dela são inúmeros, desde os amigos pescadores aos colegas de profissão, com especial destaque pelo falecido marido Jacques Demy. Nota-se o imenso carinho que ainda tem por ele, tal como quando filmou "Jacquot de Nantes" onde transpôs as memórias do moribundo Demy para a eternidade do filme.
A idade não a limita em nada, pelo contrário. Faz o que bem lhe apetece sem receio de ser criticada. Mais do que um filme, é um documentário que serve de referência histórica. Mostra de forma original e divertida como era o cinema francês nos bons velhos tempos. Cativa e de certeza que conseguirá novos espectadores para os velhos clássicos.
Uma nota ainda sobre Angès. Quando esteve no Porto a apresentar o filme na Festa do Cinema Francês foi acompanhada em palco pelo nosso veterano do cinema, Manoel de Oliveira. Segundo as nossas fontes, do diálogo nessa semana resultaram quase cinco horas de gravação em que Agnès entrevista Manoel. Nascerá disso algum "Oporto Story" para rivalizar com o trabalho de Wenders?
Título Original: "Les plages d'Agnès" (França, 2008) Realização: Agnès Varda Argumento: Agnès Varda Intérpretes: Agnès Varda Fotografia: Julia Fabry, Hélène Louvart, Arlene Nelson, Alain Sakot e Agnès Varda Música: Joanna Bruzdowicz e Stéphane Vilar Género: Documentário Duração: 110 min. Sítio Oficial: http://www.cinemaguild.com/beachesofagnes/ |
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