Fair Game - por uma política de verdade
Os grandes conflitos são para os cineastas dos Estados Unidos, uma fonte preciosa de inspiração. Foi assim na Segunda Guerra Mundial, No conflito do Vietname e, mas recentemente, no Iraque. A última década tem sido fértil em filmes no teatro de guerra do Médio Oriente como é o caso de "The Kingdom", "Redacted", "Jarhead", "Charlie Wilson's War" e "The Hurt Locker" a quem a Academia premiou com Oscares. Passada a primeira fase em que o conflito é o centro da acção, o cinema americano passa à segunda fase. Discutir o que foram as raízes do conflito, a guerra não no deserto, mas nos corredores da Casa Branca e da CIA. Recuperando aquela que é uma das mais brilhantes tradições do cinema politicamente comprometido, abertamente anti-republicano, anti-Bush e anti-neoconservador. Aquilo que para a política americana seria uma visão de esquerda. Se durante a guerra do Vietname Robert Redford, Charlie Sheen, Sidney Pollack, foram alguns desses expoentes, neste século Sean Penn e Susan Sarandon são alguns dos estandartes de gente do cinema que quer recuperar a ética na política, e repor a verdade histórica.
Seguindo de muito perto a história real de uma operacional de topo da CIA - agente secreta que durante dezoito anos serviu com dedicação o seu país em arriscadas missões no Médio Oriente, Índia e Extremo Oriente - a ficção é o próprio real. O caso de Valerie Plume é exemplar de como a Casa Branca manipulou os factos, denunciando em público a sua própria agente e expondo os seus contactos a morte anunciada. Por esta vingança do gabinete de Dick Cheney morreram mais de três dezenas de informadores, incluindo a nata do programa nuclear iraquiano. Que não existia.
Joe Wilson, marido de Valerie e embaixador reformado, arrisca voltar aos seus contactos em busca de provas. O que ele conclui é que a Casa Branca preparou um embuste para justificar a guerra. Contra os relatórios dos analistas e contra as informações da CIA, Bush iniciará a guerra fora de portas. E contra Valerie Plume e contra Joe Wilson montará um complot para os destruir como pessoas, nas suas profissões e no seu casamento. Mas como David contra Golias, Joe e Valerie derrotarão o Golias. É reconfortante para quem tem ética ver que a verdade acaba por triunfar... às vezes. Sean Penn e Naomi Watts têm um desempenho notável. A realização de Doug Liman, de câmara nervosa mostra que Pollack fez escola. Destaque para o argumento que combina as duas visões da mesma história que se complementam. Valerie escreveu as suas memórias em "Fair Game" e Joe Wilson teorizou a política externa em "The Politics of Truth". O cinema americano democrata está de volta e em grande estilo.
Uma nota especial para o genérico final onde alguns dos nomes estão censurados por imposição dos serviços secretos.
Os grandes conflitos são para os cineastas dos Estados Unidos, uma fonte preciosa de inspiração. Foi assim na Segunda Guerra Mundial, No conflito do Vietname e, mas recentemente, no Iraque. A última década tem sido fértil em filmes no teatro de guerra do Médio Oriente como é o caso de "The Kingdom", "Redacted", "Jarhead", "Charlie Wilson's War" e "The Hurt Locker" a quem a Academia premiou com Oscares. Passada a primeira fase em que o conflito é o centro da acção, o cinema americano passa à segunda fase. Discutir o que foram as raízes do conflito, a guerra não no deserto, mas nos corredores da Casa Branca e da CIA. Recuperando aquela que é uma das mais brilhantes tradições do cinema politicamente comprometido, abertamente anti-republicano, anti-Bush e anti-neoconservador. Aquilo que para a política americana seria uma visão de esquerda. Se durante a guerra do Vietname Robert Redford, Charlie Sheen, Sidney Pollack, foram alguns desses expoentes, neste século Sean Penn e Susan Sarandon são alguns dos estandartes de gente do cinema que quer recuperar a ética na política, e repor a verdade histórica.
Seguindo de muito perto a história real de uma operacional de topo da CIA - agente secreta que durante dezoito anos serviu com dedicação o seu país em arriscadas missões no Médio Oriente, Índia e Extremo Oriente - a ficção é o próprio real. O caso de Valerie Plume é exemplar de como a Casa Branca manipulou os factos, denunciando em público a sua própria agente e expondo os seus contactos a morte anunciada. Por esta vingança do gabinete de Dick Cheney morreram mais de três dezenas de informadores, incluindo a nata do programa nuclear iraquiano. Que não existia.
Joe Wilson, marido de Valerie e embaixador reformado, arrisca voltar aos seus contactos em busca de provas. O que ele conclui é que a Casa Branca preparou um embuste para justificar a guerra. Contra os relatórios dos analistas e contra as informações da CIA, Bush iniciará a guerra fora de portas. E contra Valerie Plume e contra Joe Wilson montará um complot para os destruir como pessoas, nas suas profissões e no seu casamento. Mas como David contra Golias, Joe e Valerie derrotarão o Golias. É reconfortante para quem tem ética ver que a verdade acaba por triunfar... às vezes. Sean Penn e Naomi Watts têm um desempenho notável. A realização de Doug Liman, de câmara nervosa mostra que Pollack fez escola. Destaque para o argumento que combina as duas visões da mesma história que se complementam. Valerie escreveu as suas memórias em "Fair Game" e Joe Wilson teorizou a política externa em "The Politics of Truth". O cinema americano democrata está de volta e em grande estilo.
Uma nota especial para o genérico final onde alguns dos nomes estão censurados por imposição dos serviços secretos.
1 comentários:
É um dos filmes de Cannes que tenho curiosidade!
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