O excerto de "The Hobbit" que Peter Jackon exibiu teve críticas por parecer "demasiado real" por ter sido filmado a 48 frames por segundo em vez dos habituais 24 (mais sobre os motivos).
Pensemos no simples facto de, no cinema, nos termos sempre contentado com 24 frames por segundo. Doze no caso da animação. Quando apareceu o formato panorâmico todos acharam que era a forma de ver cinema. Quando o digital apareceu ficaram todos maravilhados (alguns não distinguem e outros são fundamentalistas contra). Quando a resolução para o mercado doméstico deu o salto ficaram todos maravilhados (muitos nem se apercebem da diferença). Quando o 3D deu o salto ficaram todos maravilhados (mesmo que sejam contra). Ora quando decidem aumentar a frequência, o único campo em que não se tinha mexido num século de cinema, queixam-se que é demasiado real? Talvez o problema seja mesmo esse, quem vê cinema não espera deparar-se com a realidade. Quer apenas artifícios e mentiras.
Esta é uma revolução semelhante à passagem dos 8 para 16 ou dos 16 para 35 milímetros. Como sempre o custo de mudar o equipamento de projecção estará assegurado pelos blockbusters de cineastas de topo como Jackson, Cameron, Scott e Spielberg que o exigem. Uma grande parte dos cineastas (incluindo todos os amadores) vão continuar a filmar a 24 frames/segundo. A haver diferenças nos filmes menores não serão notadas no imediato e as duas frequências coexistirão por muitos anos. A grande vantagem é que a suavidade visual dos 48 ou 60 fps pode fazer com que se consiga assistir a mais filmes antes de sentir cansaço na vista. O cinema cada vez mais terá de ser real o que vai levar a melhorias imediatas nos efeitos visuais e sonoros.
Por muito divertido que seja assistir à lei de Moore da informática adaptada ao cinema - a cada ano e meio decidem duplicar algo - preferia que agora focassem as atenções em cadeiras mais confortáveis. Essa tem de ser a prioridade para a próxima década!
Quanto ao filme, que venha ele, seja com quantos frame for.
1 comentários:
Não considero que este debate esteja ao mesmo nível do 2D/3D. Acredito que os 48f tenham o seu espaço e propósito, depende do tipo de filme.
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