22 de setembro de 2010

"After.Life" por Nuno Reis

Eliot Deacon: You're a corpse. Your opinion doesn't count anymore.

Como prometido eis o outro filme onde namorar Justin Long prova ser perigoso para a saúde. Atendendo aos últimos exemplos estou com receio de ver "Going the Distance" onde faz casal com Drew Barrymore.

"After-Life" quase que começa com um esclarecedor funeral. A primeira cena é dedicada à vida, mas tirando isso é uma autêntica ode à morte. Na história principal temos um duelo de três dias. De um lado um cadáver a dizer que está vivo, que não pode ter morrido. Do outro o agente funerário diz que todos se acham vivos. Este filme narra esses angustiantes dias de pós-morte, com muitas emoções à flor da pele.

A personagem principal é Anna Taylor. Esta jovem professora parece sofrer de sociopatia pois raras são as pessoas com que se dá bem. Encara a morte dos outros com naturalidade, mas com a própria não corre tão bem. Os três dias que a separam do funeral vão servir para reflectir sobre a existência que levou, desprovida de vida.
O sofrimento dos que ficam está personificado em Paul Coleman. O namorado perde-a no pior dia possível e assume a culpa pelo acidente. Dividido entre o tormento de a ter morto e a convicção de que ela estará viva, vai entrar numa espiral de loucura, cometendo actos irreflectidos.
Em Deacon temos o vilão. Ele além de tratar dos cadáveres fala com os mortos para os ajudar a atravessar. Estar rodeado pela morte tornou-o indiferente aos apelos e à dor pelo que, apesar da cortesia com que trata os vivos, não revela sentimentos de empatia. Se para os familiares em choque isso é aceitável, para os mortos limitados à companhia dele para as últimas conversas é terrível. Neeson está péssimo neste papel.
Para completar temos o pequeno Jack. Este introvertido aluno de Anna acaba por fazer a ponte entre os três. Porque se sente desorientado sem a professora, porque é o único a compreender a dor de Paul, porque partilha o poder e o destino de Deacon.

Metáfora sobre o sentido da vida, teria como missão obrigar a reflectir sobre o que fazemos da vida no curto tempo que passamos neste mundo. Não proclama o culto da morte, mas homenageia-a combinando diversas etapas do processo de passagem: a família destroçada, a preparação do cadáver, a aceitação dos factos por parte do falecido. Para ser um filme sobre o tema faltou focar-se em muitos dos pequenos detalhes, para isso talvez tivesse de se centrar numa das personagens ou num ponto de vista em vez de saltar entre quatro.

Há muitas cenas bem feitas especialmente nos minutos de abertura e a realizadora revela enorme potencial, mas ainda é inexperiente. O desenvolvimento do filme é monótono e termina de forma insatisfatória.


Título Original: "After.Life" (EUA, 2009)
Realização: Agnieszka Wojtowicz-Vosloo
Argumento: Agnieszka Wojtowicz-Vosloo, Paul Vosloo, Jakub Korolczuk
Intérpretes: Christina Ricci, Justin Long, Liam Neeson, Chandler Canterbury
Música: Paul Haslinger
Fotografia: Anastas N. Michos
Género: Drama, Mistério, Thriller
Duração: 104 min.
Sítio Oficial: http://www.afterlifethefilm.com/

1 comentários:

A Bola Indígena disse...

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