3 de setembro de 2010

"Predators" por Ricardo Clara

Eu, fã, me confesso

Como qualquer cinéfilo perturbado, eu adquiri um belo desvio comportamental à custa de “Predator” (John McTiernan, 1987). E isso, talvez na altura, ou talvez nos dias de hoje, é (era) cinema.
E estávamos nos eighties. E Schwarzenegger limpava o sebo a qualquer um, humano ou não, com a mesma classe que nos dias de hoje limpa o orçamento do Estado da Califórnia. E Blain (Jesse Ventura) carregava uma GE M134 Minigun Handheld (também chamada de Old Painless), e todos queríamos ter uma. Eu ainda quero. E era o McTiernan (trato-o por tu, porque ele era o chefe do McClane e do Dutch).

Hoje, temos o CGI (sigla que nos faz parecer entendidos), mas antes, eram só os efeitos especiais (que conseguiam ser mais reais do que aquele fogo pós explosão que pôs o grupo todo a correr para fora da toca do Noland (Laurence Fishburne) neste “Predators”). E temos um pianista judeu que não foi feito para isto.

Com este intróito, percebemos já que existe embirração. Porque quem está em casa é o primeiro a ir-se (o Cuchillo de Danny Trejo é produto da selva, não há que enganar), porque Brody tem tanto estilo com uma arma na mão como a malta dos Morangos com Açúcar tem dotes para representar e, essencialmente, senhor Alex Litvak, senhor Michael Finch e senhor Nimród Antal, aquelas catch phrases dos anos 80 não podem ser utilizadas nos dias de hoje. Penso mesmo que há uma proibição qualquer nessa matéria. E também porque “Predators” é um enfado monumental.
Louvamos, de qualquer modo, a fidelidade que mantém ao predador daquela década e aqueloutro que perseguiu Danny Glover e Bill Paxton (como eu o entendo), mas que, no fundo, se limita a reunir todos os ingredientes do que ficou para trás (inclusive alguns daquele aterro conceptual que são as versões “Alien Vs. Predator”), e oferecer-lhe uma roupagem nova, com tudo muito organizado, mas sem um pingo de novidade e arrojo, limitando-se a sala de cinema a ser um ecocentro de ideias que já tiveram utilidade.

Título Original: "Predators" (EUA, 2010)
Realização: Nimród Antal
Argumento: Alex Litvak e Michael Finch
Intérpretes: Adrien Brody, Topher Grace e Alice Braga
Fotografia: Gyula Pados
Música: John Debney
Género: Ficção-Científica, Thriller
Duração: 107 min.
Sítio Oficial: http://www.predators-movie.com/

2 comentários:

Carlos Martins disse...

Pois, este filme parece-me ter sido concebido especificamente para a malta nova que *não* viu os anteriores nem tem as imagens já "pré-formatadas" por isso.

Ricardo Clara disse...

Concordo Carlos. Que desilusão, que perda de tempo.
Abraço!