19 de setembro de 2010

"Hot Tub Time Machine" por Nuno Reis

Há diversas formas de viajar no tempo. As máquinas em laboratório e os buracos negros no espaço são bem populares, mas os filmes mais memoráveis preferem ser criativos como através do poder da mente, da genética, ou em máquinas adaptadas como um DeLorean ou uma discreta cabine telefónica. Mas confortável mesmo só se fosse num jacuzzi. Ora alguém se lembrou disso mesmo e eis o "Jacuzzi - Desastre no Tempo.

Quatro amigos vão para Kodiak Valley passar um fim-de-semana de revivalismo. Voltando ao lugar onde foram felizes há 25 anos, esperam tirar Lou do estado suicida em que se encontra. Só que a vila fantasma com que se deparam a única coisa que consegue fazer é deixar todos deprimidos. Decididos a encarar a adversidade como uma oportunidade, vão embarcar numa noite de álcool e drogas no jacuzzi, e acordar no ano de 1986. Terão de repetir os momentos mais ou menos bons do fim-de-semana que tão bem recordam para manterem o mundo no seu rumo, ou arriscar uma noite e uma vida melhores no imprevisível mundo após o "efeito borboleta".

O filme foi claramente pensado para ser uma comédia retro, revivalista, saudosista ou como queiram chamar. A única coisa que se vê é um drama sobre homens que estão arrependidos das suas vidas e com medo de fazer algo para as mudar. As piadas são muito fracas e os anos 80 são apenas referidos como a época pré-internet onde ainda havia amor livre e muro de Berlim. Se Crispin Glover em "Back to the Future" era quase imperceptível aqui está pior. As atenções que recebe são pela eminência de perder o braço, um dos pontos máximos de humor no filme. Os restantes actores não estão mal.

É irónico que no ano após o fenómeno "Regresso ao Futuro" não houvesse referências a esse filme. As oportunidades não faltaram, mas não há uma única piada quando à exótica forma de vestir ou à futurística prancha de snowboard. Nem sequer quando se plagia música de outros tempos e se diz abertamente que são demasiados novos para isso como disse o Calvin Klein? Seria aquela gente tão viciada em álcool, sexo e rock’n’roll que não foram ao cinema durante um ano inteiro, mesmo sendo o maior blockbuster da época? Terão os argumentistas evitado as referências por respeito a Crispin Glover? Por saberem que nunca chegariam a esse nível? Ou apenas por azelhice? Realizado por Steve Pink, argumentista de "Grosse Point Blank" e "High Fidelity", esperava-se um filme muito melhor. O humor brejeiro a que se resume é uma enorme desilusão.


Título Original: "Hot Tub Time Machine" (EUA, 2010)
Realização: Steve Pink
Argumento: Josh Heald, Sean Anders, John Morris
Intérpretes: John Cusack, Clark Duke, Craig Robinson, Rob Corddry, Chevy Chase, Crispin Glover, Lyndsy Fonseca
Música: Christophe Beck
Fotografia: Jack N. Green
Género: Comédia, Ficção-Científica
Duração: 101 min.
Sítio Oficial: http://hottubtimemachinemovie.com/

1 comentários:

David Martins disse...

Filme com potencial totalmente desperdiçado... eu vi a versão "unrated" provavelmente ainda é mais escatológica que a versão para cinema. Desperdício de celuloide http://cine31.blogspot.com/2010/07/hot-tub-time-machine.html