5 de setembro de 2010

"The Expendables" por Nuno Reis

Nem tudo o que é velho é vintage

Estamos em plena nostalgia dos anos 80. Além de terem voltado heróis como McClane, Rocky, Rambo e Perseus e vilões como Meyers, Voorhees, Kruger e os Terminators, regressaram as sagas Alien, Predator, Karate Kid e estão a ser feitos remakes de "Conan", "Ghostbusters", "Footloose", "Commando" assim como tudo mais que alguém se consiga lembrar.
Ao sentir-se discriminado por ninguém querer manter as suas mais famosas sagas, Rambo e Rocky, Stallone realizou-as sem ajuda (há uma excepção, vem aí um novo "Cliffhanger" ainda sem realizador). Mas olhando para esta lista os filmes com mais impacto (por impacto entenda-se dinheiro a entrar) são os do eterno rival Schwarzenegger. Numa tomada de posição decidiu provar de uma vez por todas quem é o maior. Como era o treinador senta Schwarzenegger, Willis e Rourke no banco e coloca apenas nomes mais recentes do cinema de acção no elenco principal. Jason Statham e Jet Li para ser específico. Lundgren - eternizado como Ivan Drago - também entra por um bocado. O resto da equipa tem Randy Couture, multi-campeão UFC, e Terry Crews, ex-jogador NFL. Os vilões são Eric Roberts (em tempos nomeado para um Oscar e três Golden Globes) e Steve Austin, multi-campeão da WWF. Um lote bem variado de personalidades e passados.

Os Expendables são uma equipa de mercenários de elite. Pela quantia cerca, são capazes de tudo. A primeira missão foi resgatar os reféns de uns piratas somalis. Até aqui tudo bem, parece adequado à actualidade. A missão seguinte era derrubar o regime ditatorial de uma pequena ilha no golfo. A ilha de Vilena tem um general com 200 homens e uma plantação de droga. Parecia simples, mas o mero reconhecimento revelou-se arriscado e bombástico. A prudência aconselhava-os a afastarem-se, mas por vingança até fazem um golpe de estado de graça.

Quem quiser poupar o dinheiro do bilhete só tem de imaginar uma versão foleira da história de "Commando", com cinco fulanos de meia-idade ou para lá encaminhados em vez de um John Matrix na melhor forma. Na realização Stallone é ainda pior do que como actor e quando tenta fazer ambos ao mesmo tempo... é de fugir. As tentativas de humor são tão fracas que quase fazem chorar, sendo a mais inteligente a referência à mudança de carreira de Schwartzenegger. Como componente de romance há uma pseudo-relação de Statham totalmente a despropósito para a história.
O que vale a pena neste filme? Não são os efeitos especiais, não são as interpretações, não é o argumento nem a realização e na banda sonora nem se repara. Como aspecto mais conseguido apontaria uma grande frase de Mickey Rourke sobre a morte que ele repete e explica para ter a certeza que todos compreendem.
Este filme é para quem quer ver porrada dada pelos velhos mestres, só que o único deles que faz algo é Stallone. Num gesto de simpatia Statham tem direito ao melhor papel entre os jovens, como se "The Expendables" fosse uma passagem de testemunho.

Toda a publicidade enganadora despertou em vão o saudosismo e o gosto por este estilo único de cinema. Será "Machete" capaz de aproveitar? Juntam-se a estes velhos acabados Danny Trejo e Steven Seagal, ficando só a faltar Chuck Norris e Van Damme para termos os velhotes todos regressados.

Título Original: "The Expendables" (EUA, 2010)
Realização: Sylvester Stallone
Argumento: Sylvester Stallone e Dave Callaham
Intérpretes: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Randy Couture, Terry Crews, Eric Roberts, Steve Austin, Mickey Rourke
Música: Brian Tyler
Fotografia: Jeffrey L. Kimball
Género: Acção,Guerra
Duração: 103 min.
Sítio Oficial: http://expendablesthemovie.com/

2 comentários:

Loot disse...

Já li algures qualquer coisa sobre Machete ser o que Expendables devia ter sido.
A verdade é que não me parecem do mesmo género. Expendables é um filme de acção estilo Commando como referes ( e a história desse do que me lembro também é uma pobreza), o Machete parece-me mais algo série B com o bom do gore na acção :) espero que seja uma diversão.

Quanto a este, tem os seus momentos e não diria que só o Stallone brilha, a luta do Lee com o Lundgreen está bem divertida a jogar com as alturas dos dois e o Statham a dar a típica lição a um grupo de otários bem como a arma do Terry Crews em acção
O Stallone até leva na boca, ele não faz o filme apontando os focos só a ele. E ele não senta o Schwarzenegger, este agora teve de abandonar a carreira cinematográfica em prol da de político. Infelizmente mais nomes clássicos não entraram ou porque recusaram (Van Damme, Seagal) ou porque não puderam (Wesley Snipes) não foi por falta de convite.
Falhou o convite a Norris mas entende-se com ele o filme só teria 15 minutos :D

Mas sim concordo que não vale o preço do bilhete apenas pelo saudosismo dos filmes de acção.
Vê-se muito bem em casa e uma vez.

Nuno disse...

Não disse que Stallone brilhava, disse que fez o filme em torno dele mesmo e sem possíveis rivais. As derrotas que sofre não são uma novidade, a ideia do filme passava por mostrar que está demasiado velho para trabalhar sozinho.

Há momentos bem conseguidos. A luta de Li é um deles, a outra que dizes achei que podia ser melhor aproveitada.

Quanto à saída de cena do Arnie esperava algo melhor. Apesar dizer que está ocupado não me satisfez. Em 1993 o "Demolition Man" brinca com o A.S. ser presidente dos EUA e o "Last Action Hero" pôe o S.S. como Terminator. Na altura faziam provocações com muita classe.


Mas vêm aí filmes piores...