7 de agosto de 2007

"Die Hard" por Ricardo Clara

Tenho que admitir: John McClane é um dos meus heróis de acção favoritos. Um duro, uma personificação dos anos 80, um ícone pop da polícia norte-americana, em especial de Nova Iorque, que só é capaz de sorrir quando está prestes a ser baleado pela quarta vez. Sozinho, pulveriza uma dúzia de terroristas, descalço, sempre com uma frase certeira tão rápida a ser dita como a sua arma a disparar, dono do amontoado de letras que caracterizam a sua forma de estar e de enfrentar os problemas: Yippee-ki-yay (complementado com o óbvio motherfucker).

Holly Genero McClane (Bonnie Bedelia) viu sem problemas uma mudança a sós para Los Angeles. Uma oportunidade única na carreira permitiu-lhe começar a trabalhar numa grande empresa nipónica sediada na Cidade dos Anjos, levando consigo os filhos, mas deixando para trás o marido, polícia em Nova Iorque - John McClane (Bruce Willis). No primeiro Natal após a drástica mudança, McClane parte para LA, a fim de visitar os filhos e a mulher. O casamento não vai bem - John acha que Holly preferiu a carreira ao casamento, é um cabeça dura e não pretende mudar de ideias. Holly acha que o marido a devia ter apoiado nesta decisão. É neste contexto que se dirige para o Edifício Nakatomi, sede da empresa, a fim de ver, quer a mulher, quer em que pé é que se encontra a relação. Lá dentro, conhecidos os colegas de Holly, e só numa casa de banho (enraivecido consigo mesmo por mais uma fútil discussão), ouve tiros e gritos. É o ponto de partida para que John, munido de um revólver, tente recuperar o controlo do edifício, agora atacado por uma dúzia de terroristas.

Tiros, explosões, mortes, engodos, metralhadoras, explosivos e informática. Doze terroristas. Milhões de dólares em dinheiro. Mas basta John McClane para pôr cobro a tudo isto. É o papel da vida de Bruce Willis, aquele que o projectou para a carreira que conhecemos agora. O personagem por ele montado é perfeito: um verdadeiro modelo daquela década, o homem "errado no local errado à hora errada". Acompanhado por belíssimas interpretações (Alan Rickman como Hans Gruber, William Atherton como Richard Thornburg) e de fantásticas peças de argumento ("Nine million terrorists in the world and I gotta kill one with feet smaller than my sister"), "Die Hard" é um dos grandes filmes da década de 80. Criou um estilo, marcou uma época e deu os códigos para a realização de filmes de acção modernos. Quase nenhum se voltou aproximar deste - porque, mesmo num contexto de exagero, sabemos que o mundo está seguro porque existe John McClane.

Nova referência, agora mais em concreto, ao papel de Rickman. O homem que planeia o assalto é um vilão de primeira água: veste fatos John Phillips, cita John Milton ("When Alexander saw the breadth of his domain, he wept for there were no more worlds to conquer") e lê a Forbes. Um terrorista de eleição, maquiavélico e mordaz, um luxuoso contraponto ao anti-herói que é McClane. De Rickman ao Sargento Al Powel (Reginald VelJohnson), passando pelo jornalista que não vê meios para alcançar fins (o irritante Thornburg), são todos peças essenciais numa máquina perfeita e a funcionar na cadência de um relógio suiço.

À pergunta sobre o que aconteceria se elenco, acção, realização e argumento num filme de acção fossem perfeitos, a resposta óbvia seria... "Die Hard".

Título Original: "Die Hard" (EUA, 1988)
Realização: John McTiernan
Argumento: Roderick Thorp e Jeb Stuart
Intérpretes:Bruce Willis, Alan Rickman e Bonnie Bedelia
Fotografia: Jan de Bont
Música: Michael Kamen
Género: Acção / Thriller
Duração: 131 min.

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