29 de janeiro de 2004

"No Good Deed" por Nuno Reis


"I hope you know how to die fast, because we need to be in Albany by eight."
Hoop (Doug Hutchison)


"No Good Deed", conta a história de um polícia, da secção de roubo de automóveis, com gosto pela música (mas pouco talento) que quando está de malas feitas para partir de férias é persuadido por uma vizinha desesperada a procurar a filha dela que fugiu com o namorado. Aceita a missão relutantemente e pelo caminho encontra um casal um pouco surrealista, minutos depois a ausência de uma fotografia deixa-o prisioneiro de um bando por engano. Nessa casa ficamos a conhecer pouco a pouco todos os elementos do bando que planeia assaltar um banco. Tyrone, o seu líder, confiante mas prudente, Loop, um louco que não toma a medicação devida, e Erin, a mulher que é a chave do golpe e que além de nos tirar a respiração controla e manipula todos os homens, tanto no filme como na sala.

Numa semana em que estreiam um filme de Woody Allen, um português, e dois com nomeações para Oscars, dificilmente um segundo filme com Samuel Jackson ("S.W.A.T." ainda é uma novidade) teria o que é necessário para conquistar multidões. O filme é já de 2002 e o título foi alterado, ser lançado nesta época é apenas mais uma prova de desespero.
O argumento, baseado no livro "The House on Turk Street", é fraco e inconsistente, por exemplo, um polícia quando tem pouco tempo sem vigilância tenta ligar para o 911 e quando tem muito em vez de ligar tenta escapar.
O filme peca em diversos aspectos, é fraco, não é minimamente apelativo, o argumento tem falhas técnicas e a única coisa que impede o espectador de sair da sala a meio é mesmo o olhar de Milla Jovovich. A realização está nas mãos de Bob Rafelson, autor de "Fice Easy Pieces" e outros filmes com Jack Nicholson, mas torna-se fácil ver por que motivo se tinha afastado do verdadeiro cinema, as cenas mais utilizadas são as sensuais e isso não é suficiente. O filme consegue ser vulgar nos momentos em que não é mau e só se torna bom em raros momentos que Jovovich monopoliza o ecrã.

Quanto ao elenco Samuel Jackson (que dispensa apresentações) cumpre o seu papel mas não se destaca, Doug Hutchison está mais louro mas tão louco como em "The Green Mile" (era o guarda prisional que irritava toda a gente), Stellan Skarsgård ("Dogville" e "The Glass House" foram os mais recentes) faz bem o seu papel, e Milla Jovovich (eternizada como Leeloo de "The Fifth Element" e recentemente a estrela de "Resident Evil") tem um papel que apesar de não ser excelente lhe fica bem, é uma mulher fatal e manipuladora que tem um plano secreto com cada um dos cúmplices de forma a ter sempre sucesso, uma daquelas mulheres que tem sempre a sua vida controlada de forma a vencer independentemente das circunstâncias, não me lembro de muitas outras actrizes que se safassem tão bem neste papel.

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