Jonathan Demme passou-se
Demme não é Coppola e Rachel não é Peggy Sue. Só que às vezes parece que estamos a assistir a "Os Idiotas" de Trier. Depois do movimento Dogma ter dado por encerrado o seu ciclo e um estilo de camera verité, Demme parece querer recuperar de forma requentada essa original forma de pensar e fazer cinema. Para os fãs de Demme, ir ver este filme pressupõe que esqueçam tudo o que conhecem do cineasta. "O Casamento de Rachel" é uma não muito original revisão da história do encontro familiar que precede o casamento da dita. O que é motivo para se perceber a disfuncionalidade de uma família de classe média-alta norte-americana que utiliza a boda para um exercício de catarse e de auto-flagelação, ocasião aliás pouco propícia para que todos os traumas, frustrações e memórias do passado sejam libertados. Felizmente os europeus pensam na boda mais como momento para tirar a barriga de misérias e beber até cair em vez de se lamuriarem com o fracasso da suas vidas.
Centrado mais em Kym do que em Rachel, o filme sobrevive graças ao excepcional desempenho da actrizes, sobretudo Anne Hathaway e Debra Winger (como mãe da noiva) que apesar da idade mantém a sensualidade da voz que a celebrizou. Para além deste registo das actrizes, a receita do filme é de uma banalidade constrangedora. Os discursos do jantar que antecede a boda e reúne as famílias é de um tédio absoluto e mesmo o confronto entre pais e filhos acaba incompleto nas suas consequências. A câmara balança entre o mais puro estilo Dogma, oscilando ao sabor das tremuras do cameramen, os planos de campo/contracampo já estão gastos no cinema e foram criativos nos longínquos anos 70.
Como se não bastasse um argumento fraco e um estilo passado de moda, temos de suportar um cocktail de tudo que é músico desempregado que vai abrilhantar o casamento – desde um tipo Neil Diamond de guitarra a músicos gospel, bailarinos de samba e outras preciosidades do musical.
Neste casamento o noivo é afro-americano, a indumentária é indiana, as férias vão ser no Hawai, mas a mistura de temas é indigesta. O trailer sugere uma comédia de costumes com laivos de humor, mas o filme é mais um drama ou, na melhor das hipóteses, uma tragicomédia do quotidiano americano. Mesmo convidado, prefiro não assistir ao casamento e espero que a irmã da noiva não receba de presente o Oscar.
Demme não é Coppola e Rachel não é Peggy Sue. Só que às vezes parece que estamos a assistir a "Os Idiotas" de Trier. Depois do movimento Dogma ter dado por encerrado o seu ciclo e um estilo de camera verité, Demme parece querer recuperar de forma requentada essa original forma de pensar e fazer cinema. Para os fãs de Demme, ir ver este filme pressupõe que esqueçam tudo o que conhecem do cineasta. "O Casamento de Rachel" é uma não muito original revisão da história do encontro familiar que precede o casamento da dita. O que é motivo para se perceber a disfuncionalidade de uma família de classe média-alta norte-americana que utiliza a boda para um exercício de catarse e de auto-flagelação, ocasião aliás pouco propícia para que todos os traumas, frustrações e memórias do passado sejam libertados. Felizmente os europeus pensam na boda mais como momento para tirar a barriga de misérias e beber até cair em vez de se lamuriarem com o fracasso da suas vidas.
Centrado mais em Kym do que em Rachel, o filme sobrevive graças ao excepcional desempenho da actrizes, sobretudo Anne Hathaway e Debra Winger (como mãe da noiva) que apesar da idade mantém a sensualidade da voz que a celebrizou. Para além deste registo das actrizes, a receita do filme é de uma banalidade constrangedora. Os discursos do jantar que antecede a boda e reúne as famílias é de um tédio absoluto e mesmo o confronto entre pais e filhos acaba incompleto nas suas consequências. A câmara balança entre o mais puro estilo Dogma, oscilando ao sabor das tremuras do cameramen, os planos de campo/contracampo já estão gastos no cinema e foram criativos nos longínquos anos 70.
Como se não bastasse um argumento fraco e um estilo passado de moda, temos de suportar um cocktail de tudo que é músico desempregado que vai abrilhantar o casamento – desde um tipo Neil Diamond de guitarra a músicos gospel, bailarinos de samba e outras preciosidades do musical.
Neste casamento o noivo é afro-americano, a indumentária é indiana, as férias vão ser no Hawai, mas a mistura de temas é indigesta. O trailer sugere uma comédia de costumes com laivos de humor, mas o filme é mais um drama ou, na melhor das hipóteses, uma tragicomédia do quotidiano americano. Mesmo convidado, prefiro não assistir ao casamento e espero que a irmã da noiva não receba de presente o Oscar.
Título Original: "Rachel Getting Married" (EUA, 2008) Realização: Jonathan Demme Argumento: Jenny Lumet Intérpretes: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Debra Winger, Bill Irwin Fotografia: Declan Quinn Música: Donald Harrison Jr., Zafer Tawil Género: Drama,Romance Duração: 113 min. Sítio Oficial: http://www.sonyclassics.com/rachelgettingmarried |
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