12 de abril de 2009

"Marley & Me" por Nuno Reis


A um cão não importa se o dono é rico ou pobre, esperto ou burro. Não lhe importa o sexo, raça ou religião. Tudo o que ele pede é amor e é isso que ele dá em troca. Pode não vir quando o chamamos, mas virá sempre que precisamos. Um cão gosta do dono mesmo quando o dono não merece. É de facto o melhor amigo do homem.

O argumento de "Marley & Me" é basicamente uma vida real que envolve um cão. John Grogan comprou um cão para adiar a vinda de um filho. Não se sentia preparado para as responsabilidades e para os problemas... Ao longo dos anos a família foi crescendo, mudou de casa, de emprego e de cidade, o cão esteve sempre com ele. De concreto é apenas isso, tudo mais é sentimento para puxar à lágrima. Quem não quiser ouvir chorar deve esperar pelo dvd, este filme consegue deixar metade da plateia em lágrimas e soluços.

A coluna de Grogan foi um espelho da sua vida. A falta de inspiração levou-o a escrever sobre o seu mundo num diário público ou, como agora chamamos, um blog em papel. O problemático cão foi a maior fonte de inspiração e pela autenticidade dos artigos tornou-se um sucesso de vendas. Os leitores identificaram-se com ele, os espectadores também se estão a identificar.
O livro foi feito para homenagear o cão, o filme foi feito para quem teve um cão na sua vida. Entre um animal de qualquer raça e uma pessoa de qualquer idade, são criados laços que nunca serão esquecidos. Esta é a homenagem de John Grogan ao terrível Marley. Era o pior cão do mundo, mas era o seu cão e nada o substituirá. Como aprendemos no filme de Don Bluth há vinte anos, todos os cães merecem o céu.

Quem espera uma comédia romântica vai ter uma grande surpresa. Na primeira metade é exactamente isso. Muita paixão nos humanos, muita destruição pelo cão. Quando chega o filho acaba a comédia e começa o drama. Depressões, criminalidade, descontentamento com o emprego e sempre o mesmo cão energético. A veracidade ajudou a criar uma história credível, mas uma melhor combinação das emoções teria feito um melhor filme. A lenta construção das personagens está perfeita, o mesmo cuidado aplicado na distribuição de sentimentos daria um filme mais estável e fácil de ver.

Não sou pessoa que consiga ter um animal de estimação, mas reconheço que para quem tenha um cão este seja um filme de enorme valor e tão inesquecível como o animal. É um filme perfeito para ver no fim-de-semana em família (cão incluído).


Título Original: "Marley & Me" (EUA, 2008)
Realização: David Frankel
Argumento: Scott Frank, Don Roos baseados no livro de John Grogan
Intérpretes: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane
Fotografia: Florian Ballhaus
Música: Theodore Shapiro
Género: Comédia,Drama,Romance
Duração: 111 min.
Sítio Oficial: http://www.marleyandmemovie.com/

2 comentários:

Tiago Ramos disse...

Ainda não vi o filme, mas surpreendo-me a cada crítica que leio pela aceitação positiva por parte do público.

Nuno disse...

Há mesmo muita gente que se identifica com a família.

A primeira parte é uma comédia fácil que agrada à maioria do público que quer ver um filme sobre um cão destruidor. A segunda parte é o retrato de uma família que tem o cão a seu lado com um excessivo melodrama.
Se essas metades não parecessem filmes distintos seria uma das comédias do ano.


Obrigado pela visita e comentário.