Por mais bonitas que sejam as histórias de amor terminadas com “e viveram felizes para sempre”, haverá sempre um grupo a dizer que o Amor não é para sempre, que é preciso um constante esforço para manter a chama acesa e, quando falha, a culpa é do outro lado ou do destino. “Blue Valentine” vem mostrar os dois lados dessa batalha, os prós e os contras de cada elemento do casal, o que fizeram, o que não fizeram, o que podiam ter feito.
A história de Dean e Cindy começa como a de qualquer outro casal. Uma coincidência reúne-os, ele esforça-se em repetir a situação, ela gosta da atenção. Ao fim de algumas conversas e alguns passeios, não conseguem estar separados. O bela início de uma relação com o passar dos anos torna-se num pesadelo. Este filme mostra tudo, mas tem um pequeno detalhe. Não segue a ordem cronológica e por isso ao mesmo tempo que os vemos solteiros e ignorantes da existência da alma-gémea também os vemos enamorados, casados de fresco, zangados. Porque isto é apenas um casal e todos os momentos fazem parte da sua história conjunta.
Este argumento teve uma vida interessante. Derek Cianfrance demorou doze anos a afiná-lo, ganhou um prémio para a sua produção e escolheu os actores. Depois disse-lhes para simplesmente esquecerem tudo e improvisarem, dando deixas a cada sobre como se deveriam comportar. As primeiras cenas (cronologicamente) foram filmadas relativamente depressa com uma câmara de 16mm. Depois os actores foram viver juntos no apartamento-cenário para se conhecerem, ganharem hábitos de casal e se começarem a fartar um do outro. Finalmente a rodagem da parte final foi feita com uma moderna câmara RED.
A experiência de Cianfrance como marido contribuiu para o argumento e a experiência como documentalista para lhe dar um aspecto terrivelmente real. Sentimo-nos espectadores de uma história, recebemos fragmentos arbitrários e cada um pode criar expectativas que termine bem ou mal, mas nada se pode concluir antes do final. Até lá podem apreciar momentos lamechas, discussões poderosas, momentos de pura indiferença e situações que por si só acabariam com o casamento. Mas há uma filha e não podem pensar apenas neles, têm de pensar nela. Aí outra questão de levanta. Até que ponto virem de famílias disfuncionais lhes toldou a visão de como deve ser um casamento? Terá essa criança um futuro feliz?
Não é uma história bonita, pelo contrário. Pode ser um romance, mas não é um filme para ir ver com a namorada. Aliás, é o oposto de um filme romântico. E acreditem que também não é para casais instáveis pois quaisquer semelhanças com a realidade poderão desencadear discussões “é tal como tu”. É um filme para ir ver sozinho e para reflectir. Para pensar no que se tem feito mal e como corrigir antes que seja tarde. Se pensam que esta história não tem nada a ver com vocês é porque ainda estão no bom caminho e nada está perdido.
Uma nota final para as interpretações pois a nomeação solitária de Michelle Williams a Oscar é injusta. Não porque ela não merecesse, mas porque ele também merecia. São duas performances avassaladoras que provam o enorme esforço para recriar as coisas simples da vida. Cindy granjeia mais simpatia por ser uma pessoa sensível, trabalhadora e querida, mas Dean não é culpado de nada além da vida que tem e no início da história de certeza que fez as espectadoras suspirarem por um homem assim. Ambos falham, a ambos se perdoa, mas são um casal a recordar para a eternidade.
A história de Dean e Cindy começa como a de qualquer outro casal. Uma coincidência reúne-os, ele esforça-se em repetir a situação, ela gosta da atenção. Ao fim de algumas conversas e alguns passeios, não conseguem estar separados. O bela início de uma relação com o passar dos anos torna-se num pesadelo. Este filme mostra tudo, mas tem um pequeno detalhe. Não segue a ordem cronológica e por isso ao mesmo tempo que os vemos solteiros e ignorantes da existência da alma-gémea também os vemos enamorados, casados de fresco, zangados. Porque isto é apenas um casal e todos os momentos fazem parte da sua história conjunta.
Este argumento teve uma vida interessante. Derek Cianfrance demorou doze anos a afiná-lo, ganhou um prémio para a sua produção e escolheu os actores. Depois disse-lhes para simplesmente esquecerem tudo e improvisarem, dando deixas a cada sobre como se deveriam comportar. As primeiras cenas (cronologicamente) foram filmadas relativamente depressa com uma câmara de 16mm. Depois os actores foram viver juntos no apartamento-cenário para se conhecerem, ganharem hábitos de casal e se começarem a fartar um do outro. Finalmente a rodagem da parte final foi feita com uma moderna câmara RED.
A experiência de Cianfrance como marido contribuiu para o argumento e a experiência como documentalista para lhe dar um aspecto terrivelmente real. Sentimo-nos espectadores de uma história, recebemos fragmentos arbitrários e cada um pode criar expectativas que termine bem ou mal, mas nada se pode concluir antes do final. Até lá podem apreciar momentos lamechas, discussões poderosas, momentos de pura indiferença e situações que por si só acabariam com o casamento. Mas há uma filha e não podem pensar apenas neles, têm de pensar nela. Aí outra questão de levanta. Até que ponto virem de famílias disfuncionais lhes toldou a visão de como deve ser um casamento? Terá essa criança um futuro feliz?
Não é uma história bonita, pelo contrário. Pode ser um romance, mas não é um filme para ir ver com a namorada. Aliás, é o oposto de um filme romântico. E acreditem que também não é para casais instáveis pois quaisquer semelhanças com a realidade poderão desencadear discussões “é tal como tu”. É um filme para ir ver sozinho e para reflectir. Para pensar no que se tem feito mal e como corrigir antes que seja tarde. Se pensam que esta história não tem nada a ver com vocês é porque ainda estão no bom caminho e nada está perdido.
Uma nota final para as interpretações pois a nomeação solitária de Michelle Williams a Oscar é injusta. Não porque ela não merecesse, mas porque ele também merecia. São duas performances avassaladoras que provam o enorme esforço para recriar as coisas simples da vida. Cindy granjeia mais simpatia por ser uma pessoa sensível, trabalhadora e querida, mas Dean não é culpado de nada além da vida que tem e no início da história de certeza que fez as espectadoras suspirarem por um homem assim. Ambos falham, a ambos se perdoa, mas são um casal a recordar para a eternidade.
Título Original: "Blue Valentine" (EUA, 2010) Realização: Derek Cianfrance Argumento: Derek Cianfrance, Cami Delavigne, Joey Curtis Intérpretes: Michelle Williams, Ryan Gosling Música: Grizzly Bear Fotografia: Andrij Parekh Género: Drama,Romance Duração: 112 min. Sítio Oficial: http://www.bluevalentinemovie.com/ |
3 comentários:
Este foi um filme que surpreendeu-e muito. Talvez por não ter qualquer tipo de espectativas quando o vi.Gostei bastante e a dupla consegue fazer por completo o seu trabalho, concordo quando dizes que ambos mereciam uma nomeação. Porque sem os dois o filme provávelmente não resultaria tão bem...
Fico também triste por não ter sido nomeado para mais categorias.
Mas é um excelente filme, que merece ser visto.
Cumprimentos,
cinemaschallenge.blogspot.com
Interessante a critica "Muno"... interessante sim.
É um grande filme!
Contudo, tenho uma visão diferenciada do que vejo em todas as criticas que leio a este filme (e não discordo do que tenho lido mas...they all missed the point) pois para mim, ele é isso sim um tremendo ensaio nunca visto sobre o que leva o amor numa relação a terminar (e nesta critica até apontas indícios mas foi pena não os teres explorado). E o filme faz isso com mestria, apresentando o estado anterior e a fase posterior de cada erro, ausência de solidez na construção da relação, as diferentes motivações de cada um.
Obrigado pela correcção!
Se entrasse demasiado em detalhe sobre a mensagem do filme, iria condicionar futuras interpretações. É um conjunto de grandes retalhos, momentos de uma relação de sonho que dá para o torto.
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