Quando tudo é permitido, tudo é feito.
“Cosmopolis” tem sido um dos filmes mais aguardados do ano em Portugal por ser uma das produções nacionais mais sonantes de sempre. Não é todos os dias que se tem um filme de Cronenberg ou sequer com Robert Pattinson, mas tal como o filme alerta, quando se entra na especulação pode correr mal. Não é um grande filme se bem que tem algumas mensagens particularmente perspicazes.
Packer é um jovem multi-milionário da bolsa que um dia decide ir cortar o cabelo ao sítio do costume. O chefe de segurança alerta que não é um dia bom para atravessar a cidade, mas Packer, inflexível, não lhe dá ouvidos. Vai começar um dia de rotina dentro da limousine, onde é visitado por pessoas que trabalham para ele há muito tempo e sabem o que devem fazer ou dizer, sendo o médico que lhe faz o checkup diário (nova prova de paranóia) a única excepção. Ele só sai do carro para comer e para falar com a esposa, que, apesar de nunca o dizer directamente, se recusa a fazer parte desse mundo dele. Dentro e fora do carro o que o preocupa nem é o trânsito, nem a ameaça de morte iminente, nem a fortuna que está a perder a cada nanosegundo, mas o simples facto de o médico não ter deixado passar um pequeno detalhe. Este é o dia em que tudo muda, tanto no mundo exterior como em Packer. Estará ele apto a lidar com tal pressão?
Percebe-se desde o primeiro instante que este filme não vai ser normal. Há algo na postura de Pattinson que revela uma personagem única. A filmagem claustrofóbica que o carro de luxo permite é mais ampla do que seria de esperar, simbolizando o à vontade que Packer sente nesse seu ambiente controlado, mas nada do que se passa lá dentro é normal. São as visitas em permanente estado de alerta, são os discursos excessivamente trabalhados, é o completo ignorar das regras que Packer segue como regra. Será precisa mais de uma hora para vermos o lado humano de Packer e isso só virá depois de vermos o seu lado animal demasiadas vezes.
É um filme que falha em demasiados pontos. Não chega a ser claustrofóbico, não chega a ser desconfortável, não diz tudo o que devia (o rumo que a conversa de Samantha Morton estava a seguir tinha de ser completado), cria um mundo exterior suficientemente louco, mas não o explora. E no fim aparece um enorme Giamatti que já não podia salvar o filme.
É como uma viagem alucinogénica demasiado longa. Vamos vendo muita gente conhecida (desperdício de dinheiro em actores conceituados para personagens sem vida), mas no fim sobra apenas a escuridão e a realidade.
“Cosmopolis” tem sido um dos filmes mais aguardados do ano em Portugal por ser uma das produções nacionais mais sonantes de sempre. Não é todos os dias que se tem um filme de Cronenberg ou sequer com Robert Pattinson, mas tal como o filme alerta, quando se entra na especulação pode correr mal. Não é um grande filme se bem que tem algumas mensagens particularmente perspicazes.
Packer é um jovem multi-milionário da bolsa que um dia decide ir cortar o cabelo ao sítio do costume. O chefe de segurança alerta que não é um dia bom para atravessar a cidade, mas Packer, inflexível, não lhe dá ouvidos. Vai começar um dia de rotina dentro da limousine, onde é visitado por pessoas que trabalham para ele há muito tempo e sabem o que devem fazer ou dizer, sendo o médico que lhe faz o checkup diário (nova prova de paranóia) a única excepção. Ele só sai do carro para comer e para falar com a esposa, que, apesar de nunca o dizer directamente, se recusa a fazer parte desse mundo dele. Dentro e fora do carro o que o preocupa nem é o trânsito, nem a ameaça de morte iminente, nem a fortuna que está a perder a cada nanosegundo, mas o simples facto de o médico não ter deixado passar um pequeno detalhe. Este é o dia em que tudo muda, tanto no mundo exterior como em Packer. Estará ele apto a lidar com tal pressão?
Percebe-se desde o primeiro instante que este filme não vai ser normal. Há algo na postura de Pattinson que revela uma personagem única. A filmagem claustrofóbica que o carro de luxo permite é mais ampla do que seria de esperar, simbolizando o à vontade que Packer sente nesse seu ambiente controlado, mas nada do que se passa lá dentro é normal. São as visitas em permanente estado de alerta, são os discursos excessivamente trabalhados, é o completo ignorar das regras que Packer segue como regra. Será precisa mais de uma hora para vermos o lado humano de Packer e isso só virá depois de vermos o seu lado animal demasiadas vezes.
É um filme que falha em demasiados pontos. Não chega a ser claustrofóbico, não chega a ser desconfortável, não diz tudo o que devia (o rumo que a conversa de Samantha Morton estava a seguir tinha de ser completado), cria um mundo exterior suficientemente louco, mas não o explora. E no fim aparece um enorme Giamatti que já não podia salvar o filme.
É como uma viagem alucinogénica demasiado longa. Vamos vendo muita gente conhecida (desperdício de dinheiro em actores conceituados para personagens sem vida), mas no fim sobra apenas a escuridão e a realidade.
Título Original: "Cosmopolis" (Canadá, França, Itália, Portugal, 2012) Realização: David Cronenberg Argumento: David Cronenberg (livro de Don de Lillo) Intérpretes: Robert Pattinson, Paul Giamatti, Sarah Gadon, Juliette Binoche, Samantha Morton, Kevin Durand, Mathieu Amalric, Emily Hampshire Música: Howard Shore Fotografia: Peter Suschitzky Género: Drama Duração: 108 min. Sítio Oficial: http://www.cosmopolisthefilm.com/ |
1 comentários:
Opah, é pena :/ Tenho mesmo grandes expectativas para este filme, vamos lá ver, mas já estou a ver que dificilmente ganhará a Palma de Ouro, se o resto do pessoal de Cannes partilhar da tua opinião.
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