Finalmente tivemos acesso ao resultado das eleições no Egipto. Como era uma segunda volta renhida nenhum dos lados seria propriamente uma surpresa, mas a vitória de Morsi teve um especial significado. Para ser preciso não foi a vitória de Morsi, mas a derrota de Safiq. Se Safiq tivesse ganho voltaria tudo ao mesmo e a Primavera Árabe perderia o seu principal bastião.
A melhor forma de saber o estado do Egipto é através do filme “After the Battle” que narra os meses após o golpe de estado pelo ponto de vista do cidadão comum e o trabalho das organizações não-governamentais minado pelos jogos de interesse das pessoas influentes. É uma obra de ficção com uma grande dose de realidade que o aproxima do documentário. Veio na época certa e hoje posso dizer que sim, tem significado.
Esta narrativa tem dois focos. Mahmoud é um egípcio normal, um cavaleiro cujo emprego ficou em risco devido às quebras no turismo e aos boatos sobre a ligação desses profissionais ao sistema político. Tem o apoio de Reem, uma mulher com ideais modernos (divorciada, ecologista) que quer ajudar a família de Mahmoud tanto a nível pessoal como através da sua ONG. A amarra que o prende ao passado dá pelo nome de Abdallah, um poderoso e influente homem que contrata Mahmoud para espiar Reem e quer aproveitar a instabilidade política para chegar ao poder regional e manter tudo na mesma, debaixo da sua autoridade.
Ao longo do filme vamos percebendo a realidade da queda do regime, o seu impacto para bem e para mal, a impotência das ONG e do mundo perante os poderes instituídos, a dimensão e o significado das manifestações. A má interpretação dos actores revela uma cinematografia que ainda não estava pronta a mostrar-se, mas que aproveitou o momento para se fazer ouvir. Um aspecto positivo é que esse ar amador o torna mais autêntico e credível. Combinando a espontaneidade situacional com as imagens reais dos protestos, ficamos com uma visão íntima e quase romântica do verdadeiro Egipto.
Por muita ajuda que tenham, este processo de transição vai ser demorado. É preciso mudar mentalidades e abrir o país ao mundo. A vitória de Safiq seria um retrocesso, com Morsi, apesar de conservador em muitos aspectos, é possível acreditar num futuro mais luminoso. Até lá, só podemos esperar que cada um seja feliz e consiga sustentar a sua família. Quão distantes estão dos tempos do grandioso Egipto que há quatro mil anos servia de inspiração ao mundo…
A melhor forma de saber o estado do Egipto é através do filme “After the Battle” que narra os meses após o golpe de estado pelo ponto de vista do cidadão comum e o trabalho das organizações não-governamentais minado pelos jogos de interesse das pessoas influentes. É uma obra de ficção com uma grande dose de realidade que o aproxima do documentário. Veio na época certa e hoje posso dizer que sim, tem significado.
Esta narrativa tem dois focos. Mahmoud é um egípcio normal, um cavaleiro cujo emprego ficou em risco devido às quebras no turismo e aos boatos sobre a ligação desses profissionais ao sistema político. Tem o apoio de Reem, uma mulher com ideais modernos (divorciada, ecologista) que quer ajudar a família de Mahmoud tanto a nível pessoal como através da sua ONG. A amarra que o prende ao passado dá pelo nome de Abdallah, um poderoso e influente homem que contrata Mahmoud para espiar Reem e quer aproveitar a instabilidade política para chegar ao poder regional e manter tudo na mesma, debaixo da sua autoridade.
Ao longo do filme vamos percebendo a realidade da queda do regime, o seu impacto para bem e para mal, a impotência das ONG e do mundo perante os poderes instituídos, a dimensão e o significado das manifestações. A má interpretação dos actores revela uma cinematografia que ainda não estava pronta a mostrar-se, mas que aproveitou o momento para se fazer ouvir. Um aspecto positivo é que esse ar amador o torna mais autêntico e credível. Combinando a espontaneidade situacional com as imagens reais dos protestos, ficamos com uma visão íntima e quase romântica do verdadeiro Egipto.
Por muita ajuda que tenham, este processo de transição vai ser demorado. É preciso mudar mentalidades e abrir o país ao mundo. A vitória de Safiq seria um retrocesso, com Morsi, apesar de conservador em muitos aspectos, é possível acreditar num futuro mais luminoso. Até lá, só podemos esperar que cada um seja feliz e consiga sustentar a sua família. Quão distantes estão dos tempos do grandioso Egipto que há quatro mil anos servia de inspiração ao mundo…
Título Original: "Baad el Mawkeaa" (Egipto, França, 2012) Realização: Yousry Nasrallah Argumento: Yousry Nasrallah, Omar Shama Intérpretes: Salah Abdallah Nahed El Sebaï, Bassem Samra, Menna Shalabi Fotografia: Samir Bahzan Género: Drama, Histórico Duração: 116 min. |
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