Não tenho como negar que Zemeckis é dos meus realizadores favoritos. Mesmo com uma última década de menor nível, o seu cirrículo está recheado dos meus filmes favoritos. O seu mais recente “Flight” é melhor que os antecessores mais recentes, mas ainda não chega aos calcanhares dos irmãos dos anos 80 e 90. Nem com velhos cúmplices como Alan Silvestri e Don Burgess.
Whip Whitaker (Denzel Washinton) é piloto numa companhia aérea. E seguramente não desperdiça o estatuto da profissão. Aproveita os benefícios, tem as mulheres atrás dele, e anda sempre bem descontraído. Até que um voo não corre tão bem como os anteriores. A tempestade no momento da partida prenunciava que ia ser uma viagem agitada. Acabou por ser o voo mais complicado das suas vidas. A calma e destreza de Whitaker salvaram dezenas de vidas, só que a companhia quer conhecer as causas do acidente e a única coisa que encontra são mais razões para aquilo ter acontecido. Num meio em que muitos milhões estão em jogo, é preciso um bode expiatório.
Washington é um dos actores mais aclamados desta geração e Whitaker é uma personagem da qual se gosta à primeira. Em pouco tempo captura-nos com este estilo de bon vivant e mesmo cometendo uma asneira atrás doutra, é difícil ralhar-lhe. Pelos seus olhos vemos como pode ser a vida de um piloto que se esquive às responsabilidades e é boa! Até que, ainda bem no início, chega o ponto alto do filme: a aterragem contra todas as probabilidades. É uma das cenas visualmente mais imponentes dos últimos anos e combina o horror do desastre eminente com a beleza do voo em total liberdade. A alternância entre diversas perspectivas - o exterior do avião, o trabalho de equipa na cabine, os corpos à deriva - consegue conquistar os espectadores e levá-los para o resto do filme. É aí que está o problema. Saltamos imediatamente do filme de um anti-herói, com acção e charme, para o de um homem atormentado pela culpa. Whitaker não é mais um destemido galã, mas um cobarde que se refugia e tenta apagar as provas do crime do qual não se envergonha. Não procura expiação ou perdão, só deseja esquecimento. “Flight” aqui continua a ser um filme interessante, mas nunca recupera a adrenalina inicial. A componente física é trocada por uma mais psicológica que se vai esvanecendo à medida que conhecemos o piloto e nos envergonhamos da sua atitude. Para lá da fachada de durão descontraído, é apenas um homem frágil e medroso. Subitamente o seu destino já não é algo que importe. E é pena porque a dicotomia entre homem privado e herói público é um tema digno de um filme. Só não assim. O homem nunca teria uma hipótese de fazer algo tão grandioso como o herói fez, mas no final o que se vê não é o homem a ganhar coragem, é o herói a fartar-se do corpo onde estava e a impôr-se perante um homem que não queria saber.
É um filme que se vê com gosto, só precisava de trabalhar melhor o lado humano. Não só a relação de Whip com Nicole (surge do nada por serem carentes, ganha força e desaparece num ápice) como com todos os outros. Percebe-se a ideia, mas faltam algumas cenas para se acreditar no que é dito.
Uma nota ainda sobre John Goodman. Depois de "Red State", "Extremely Loud & Incredible Close" e "The Artist" em 2011, em 2012 foi visto em "Argo", "Trouble With the Curve" e "Flight". Não sendo um actor com uma fisionomia comum, tem conseguido imensos papéis e normalmente em filmes de relevo. E ainda trabalho vocal em "ParaNorman" e brevemente de volta a "Monsters University". Está em grande!
Whip Whitaker (Denzel Washinton) é piloto numa companhia aérea. E seguramente não desperdiça o estatuto da profissão. Aproveita os benefícios, tem as mulheres atrás dele, e anda sempre bem descontraído. Até que um voo não corre tão bem como os anteriores. A tempestade no momento da partida prenunciava que ia ser uma viagem agitada. Acabou por ser o voo mais complicado das suas vidas. A calma e destreza de Whitaker salvaram dezenas de vidas, só que a companhia quer conhecer as causas do acidente e a única coisa que encontra são mais razões para aquilo ter acontecido. Num meio em que muitos milhões estão em jogo, é preciso um bode expiatório.
Washington é um dos actores mais aclamados desta geração e Whitaker é uma personagem da qual se gosta à primeira. Em pouco tempo captura-nos com este estilo de bon vivant e mesmo cometendo uma asneira atrás doutra, é difícil ralhar-lhe. Pelos seus olhos vemos como pode ser a vida de um piloto que se esquive às responsabilidades e é boa! Até que, ainda bem no início, chega o ponto alto do filme: a aterragem contra todas as probabilidades. É uma das cenas visualmente mais imponentes dos últimos anos e combina o horror do desastre eminente com a beleza do voo em total liberdade. A alternância entre diversas perspectivas - o exterior do avião, o trabalho de equipa na cabine, os corpos à deriva - consegue conquistar os espectadores e levá-los para o resto do filme. É aí que está o problema. Saltamos imediatamente do filme de um anti-herói, com acção e charme, para o de um homem atormentado pela culpa. Whitaker não é mais um destemido galã, mas um cobarde que se refugia e tenta apagar as provas do crime do qual não se envergonha. Não procura expiação ou perdão, só deseja esquecimento. “Flight” aqui continua a ser um filme interessante, mas nunca recupera a adrenalina inicial. A componente física é trocada por uma mais psicológica que se vai esvanecendo à medida que conhecemos o piloto e nos envergonhamos da sua atitude. Para lá da fachada de durão descontraído, é apenas um homem frágil e medroso. Subitamente o seu destino já não é algo que importe. E é pena porque a dicotomia entre homem privado e herói público é um tema digno de um filme. Só não assim. O homem nunca teria uma hipótese de fazer algo tão grandioso como o herói fez, mas no final o que se vê não é o homem a ganhar coragem, é o herói a fartar-se do corpo onde estava e a impôr-se perante um homem que não queria saber.
É um filme que se vê com gosto, só precisava de trabalhar melhor o lado humano. Não só a relação de Whip com Nicole (surge do nada por serem carentes, ganha força e desaparece num ápice) como com todos os outros. Percebe-se a ideia, mas faltam algumas cenas para se acreditar no que é dito.
Uma nota ainda sobre John Goodman. Depois de "Red State", "Extremely Loud & Incredible Close" e "The Artist" em 2011, em 2012 foi visto em "Argo", "Trouble With the Curve" e "Flight". Não sendo um actor com uma fisionomia comum, tem conseguido imensos papéis e normalmente em filmes de relevo. E ainda trabalho vocal em "ParaNorman" e brevemente de volta a "Monsters University". Está em grande!
Título Original: "Flight" (EUA, 2012) Realização: Robert Zemeckis Argumento: John Gatins Intérpretes: Denzel Washington, Kelly Reilly, John Goodman, Bruce Greenwood, Don Cheadle Música: Alan Silvestri Fotografia: Don Burgess Género: Drama Duração: 138 min. Sítio Oficial: http://www.paramount.com/flight/ |
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