"Mulheres de Abril" por Nuno Reis
Pode ser só vontade de ter feriados, mas Portugal dá a impressão de ter um enorme orgulho da sua história e dos momentos em que fez a mudança acontecer. Este festejo mais recente do 25 de Abril tinha um significado especial. Porque aquela geração que melhor percebeu o que estava a mudar, a que mais fez por isso e a que mais mais beneficiaria com isso - militares e estudantes que na altura estariam com 20 anos - de momento estão com 60, sem empregos, sem se aproximarem da idade da reforma, e sem ilusões de terem reforma. Só em 2019 será mais claro quão pouco a nossa sociedade mudou.
A RTP apostou numa versão novelesca dos factos para celebrar a data e trouxe-nos “Mulheres de Abril”, uma série que mistura a história de Portugal em 1974, com a da família Crispim, vinda de Carrazeda de Ansiães para o Porto no final do anos 30. E como não podia deixar de ser, pelo ponto de vista das mulheres, a metade da população que mais notou a diferença (fica o aviso aos homens que somos muito mal vistos por estas mulheres, mais detalhes à frente).
Devo dizer que depois da qualidade da mítica série “Conta-me Como Foi”, não esperava menos desta produção que mostrava a ditadura. Até porque tinha a vantagem de se desenrolar no Porto, por entre locais que conheço. A fasquia estava demasiado alta. Vendo sem o peso dessa herança, até teria sido bem agradável.
O mote para esta série é dado pelo aniversário de Ana. Nascida a 25 de Abril de 1954, é surpreendida pela notícia da Revolução em pleno vigésimo aniversário, será uma vítima e ao mesmo tempo uma sobrevivente dessa fase de mudança e de liberdades.
Logo no início do primeiro episódio, fiquei profundamente desiludido ao ver que o protagonismo seria de Ana Bastorff, uma actriz cujo trabalho raramente me agrada, e que começava com diálogos incrivelmente foleiros. Para piorar, ver que a abertura da série passada no Porto estava a ser com uma alternância de imagens da zona dos Clérigos com a Avenida da Liberdade em Lisboa (que já quase conheço melhor do que a baixa do Porto), foi algo muito confuso. Quando chegamos ao jantar propriamente dito, começa a melhorar. Primeiro porque as apresentações de personagens estão essencialmente feitas, segundo porque os diálogos artificiais ficam disfarçados na balbúrdia daquelas sete mulheres. Chega então a hora de abrir o baú das memórias e partir numa viagem de quase um século, começando por 1974.
Vinte e Cinco de Abril de 1974. Anita parte para mais um dia de aulas na Faculdade de Ciências. É a primeira pessoa na família a fazer universidade. Se no primeiro dia o encontro casual com Luísa - de quem se viria a tornar grande amiga - ajudou a desbravar esse mundo novo, perto do final da terceira inscrição, já a ida para os Leões de eléctrico era um hábito. Este aniversário mítico acabou por ganhar um novo sabor, quando a amiga corre para lhe dizer, ainda Ana estava à espreitar da janela do transporte, que tinha havido uma revolução. Jovens intrépidas que já então desafiavam a imagem tradicional da mulher da sociedade, não perdem tempo a obter o máximo de informações, fosse junto dos manifestantes empoleirados em carros, na comunicação social, ou nos cafés onde se formavam vários movimentos. Esse foi um dia para não esquecer.
Enquanto isso, o pai de Ana estava bem preocupado com a mudança política. A queda do regime ia mudar a sociedade e ameaçava a vida de riqueza a que se tinha acostumado.
Como as revoluções não se fazem num dia, foi preciso recuar e no segundo episódio, contam-nos como foram os anos anteriores. 1968 teve a mais famosa queda da cadeira da nossa história. 1969 ficou marcado por um terramoto e a chegada à Lua transmitida pela televisão. Ou algo tão simples como fazer contrabando de chocolates em 1971, ano em que Vilar de Mouros teve um cartaz impressionante. No fundo, ajudar a definir quem eram Ana e Luísa e como era o Portugal quando se estavam a tornar adultas.
O terceiro episódio é o complemento natural deste segundo. Conta como foram os anos setenta depois da revolução e o que fez a juventude com a sua nova liberdade enquanto o governo ia alterando de facções. Continuava a ser sonorizado pelas músicas de então.
O quarto episódio recua ainda mais, para os tempos em que Joaquim Crispim começa a negociar carnes com o Porto o que levará anos mais tarde a uma mudança da família para a cidade. Foram os anos 20 e 30, e os tempos em que as mulheres dessa família se começam a unir numa inglória batalha contra os homens.
O quinto episódio fecha o ciclo e mostra o século XXI. A entrada numa era onde homens e mulheres são iguais, apesar de os homens bons serem uma raridade.
Há duas coisas insuportáveis na série. Uma são os diálogos artificiais, então no que se refere a 2014 é atroz. A outra, os falsos sotaques usados nas gentes do norte, em especial do interior. Tirando isso, seria uma belíssima série com bastante interesse e rigor histórico.
Nos aspectos positivos o primeiro e incontestável ponto é o casting. A matriarca Isabel terá sido a maior sorte, pois à grande Anabela Teixeira juntaram Rita Lagarto, que pelos olhos passa por uma versão mais jovem da actriz (e é muito talentosa), e para fazer dela mais velha tinham uma grande senhora, Lourdes Norberto.
Destacaria ainda duas personagens que envelheceram nas mãos de actrizes diferentes. Por um lado Rosa, interpretada a meias por Sara Norte e Márcia Breia, porque lhe deram incríveis semelhanças com quarenta anos de diferença. O bom trabalho conjunto a dar continuidade imtemporal. Por motivos contrários, destaco Luísa, interpretada por Sara Barros Leitão e Paula Mora, uma é a maior expectativa que tenho na interpretação lusa, a outra é parte da história da nossa televisão. Aparentemente elas interpretaram a mesma personagem, de forma diferente. Percebo que uma veterana não se deixe condicionar pelo estilo de uma jovem. E quando a série terminou, também percebi que a jovem não se deixasse influenciar pela veterana. Luísa aos vinte é uma jovem impulsiva e inconformada, aos sessenta está já realizada. O que se mantém é a alegria, a amizade, e a certeza de ter feito sempre o correcto. Em cenas seleccionadas há também alguns trejeitos comuns revelando que é muito mais o que as une do que o que as separa. Também tem piada ver o Carlos de António Cordeiro e comparar com o pequeno papel de Afonso Lagarto como a versão mais jovem dessa personagem, mas os homens são tão insignificantes que depressa é esquecido.
Nas interpretações individuais, a figura indiscutível é Amélia (há uma versão mais velha da personagem, mas é apenas figuração e sem interesse para a história). Sandra Barata Belo está fenomenal. A personagem sofre grandes transformações e ela acompanha essa mudança de forma incrível.
Infelizmente outras não tiveram oportunidade de se destacarem por falta de tempo. Carla Maciel e Sónia Balacó são bons exemplos. Se a série fosse mais focada no nosso século talvez tivessem sido boas surpresas pois no último episódio nota-se uma melhoria em relação ao início. Ou Mariana Monteiro que só tem um papel interessante ao terceiro episódio, quando termina a colaboração.
Em termos de mensagem transmitida, Amélia e Joaquim ao quarto episódio são o melhor resumo do que a série trata. Com a pouca atenção dada a Bernardo, o irmão mais novo de Ana, Joaquim torna-se a única personagem masculina a ter algum relevo na história. E este canalha apresentado como um anjo caído de mentalidade retrógrada, acaba por ser o homem mais integro da família, se enquadrado no contexto social. Amélia com as mesmas origens, demonstra uma fibra que surpreende, enfrenta todos os desafios que lhe são colocados e apoia a filha incondicionalmente contra tudo e todos, fazendo tudo para que saia dali uma grande mulher. Isabel será demasiado submissa ao marido dominante, mas nota-se igual preocupação pela filha e isso é o fundamental: garantir que a mulher da geração seguinte terá sempre mais oportunidades do que a própria.
No fundo não é uma série sobre 1974. É sobre a sociedade portuguesa e o lugar da mulher na mesma. Diferenças no antes e no depois, não as dizem. O progresso que Portugal teve colocou-o a par com a Europa civilizada, mas a nível cultural parece que as influências estrangeiras nunca estiveram muito afastadas. Permitiram-se novas liberdades (que, pelo que se vê ao terceiro episódio, fizeram mais mal do que bem).e continuou um progresso lento que em nada se distinguiu do que o resto do mundo ocidental ia sentindo. A preocupação em explicar todo o antes e o depois, fez com que o momento importante fosse menosprezado. Esquecem-se de dizer o que mudou. Pelo que a série diz, a Revolução dos Cravos não foi mais do que uma ilusão para a geração nascida em 1950 e um susto para alguns dos seus antepassados.
Com tamanha preocupação em mostrar a emancipação feminina, não explicou o que foi realmente o 25 de Abril. É pena que se tenham esquecido desse enorme detalhe, tendo em conta que a série fazia parte da celebração da efeméride. Agora gostaria que fizessem uma segunda temporada com o mesmo elenco e contassem como Ana e Luísa arranjaram trabalho, como foram envelhecendo, a verdadeira diferença em relação às suas mães, donas de casa toda a vida.
Quanto ao século XXI, terá a conversa realmente mostrado a Maria a sorte que ela tem? Terá Patrícia capacidade de fazer da filha algo mais do que a típica aluna de ballet? Essas questões que ficam dariam para muita discussão.
Novamente, parabéns à RTP pela iniciativa de filmar no Porto. Foi um prazer ver os meus Leões como centro de tão importante produção. Sei o que se sente apenas por estar junto àquela fonte mágica, sei o que é fazer uma amizade eterna com a primeira pessoa que conhecemos ali dentro, sei o que é fazer manifestações nos Aliados. Se mostrassem Lisboa não me identificaria com aquelas personagens, aqueles lugares e aqueles acontecimentos. E como eu, a grande maioria da população nacional. Agradeço também a publicidade ao meu empregador em dois dos episódios.
Não aprendi nada sobre 1974, mas vou rever os três primeiros episódios muito brevemente e a série toda ainda antes do próximo Abril. Está provado que temos no Porto muita gente capaz diante das câmaras.
Como nota extra, deixo dois comentários que recebi de fonte informada e que poderão confirmar: o Café Ceuta era maioritariamente frequentado por mulheres; os sacos de farmácia da altura eram como o que foi usado na mercearia.
Da minha parte, deixo como conselho que não criem demasiadas personagens e tão entrincada árvore genealógica. Ana chega a confundir a avó com a bisavó! Teve ainda muitos momentos inverosímeis, mas percebo que fosse para deixar uma mensagem de esperança, seja qual for a situação.
A RTP apostou numa versão novelesca dos factos para celebrar a data e trouxe-nos “Mulheres de Abril”, uma série que mistura a história de Portugal em 1974, com a da família Crispim, vinda de Carrazeda de Ansiães para o Porto no final do anos 30. E como não podia deixar de ser, pelo ponto de vista das mulheres, a metade da população que mais notou a diferença (fica o aviso aos homens que somos muito mal vistos por estas mulheres, mais detalhes à frente).
Devo dizer que depois da qualidade da mítica série “Conta-me Como Foi”, não esperava menos desta produção que mostrava a ditadura. Até porque tinha a vantagem de se desenrolar no Porto, por entre locais que conheço. A fasquia estava demasiado alta. Vendo sem o peso dessa herança, até teria sido bem agradável.
O mote para esta série é dado pelo aniversário de Ana. Nascida a 25 de Abril de 1954, é surpreendida pela notícia da Revolução em pleno vigésimo aniversário, será uma vítima e ao mesmo tempo uma sobrevivente dessa fase de mudança e de liberdades.
Logo no início do primeiro episódio, fiquei profundamente desiludido ao ver que o protagonismo seria de Ana Bastorff, uma actriz cujo trabalho raramente me agrada, e que começava com diálogos incrivelmente foleiros. Para piorar, ver que a abertura da série passada no Porto estava a ser com uma alternância de imagens da zona dos Clérigos com a Avenida da Liberdade em Lisboa (que já quase conheço melhor do que a baixa do Porto), foi algo muito confuso. Quando chegamos ao jantar propriamente dito, começa a melhorar. Primeiro porque as apresentações de personagens estão essencialmente feitas, segundo porque os diálogos artificiais ficam disfarçados na balbúrdia daquelas sete mulheres. Chega então a hora de abrir o baú das memórias e partir numa viagem de quase um século, começando por 1974.
Vinte e Cinco de Abril de 1974. Anita parte para mais um dia de aulas na Faculdade de Ciências. É a primeira pessoa na família a fazer universidade. Se no primeiro dia o encontro casual com Luísa - de quem se viria a tornar grande amiga - ajudou a desbravar esse mundo novo, perto do final da terceira inscrição, já a ida para os Leões de eléctrico era um hábito. Este aniversário mítico acabou por ganhar um novo sabor, quando a amiga corre para lhe dizer, ainda Ana estava à espreitar da janela do transporte, que tinha havido uma revolução. Jovens intrépidas que já então desafiavam a imagem tradicional da mulher da sociedade, não perdem tempo a obter o máximo de informações, fosse junto dos manifestantes empoleirados em carros, na comunicação social, ou nos cafés onde se formavam vários movimentos. Esse foi um dia para não esquecer.
Enquanto isso, o pai de Ana estava bem preocupado com a mudança política. A queda do regime ia mudar a sociedade e ameaçava a vida de riqueza a que se tinha acostumado.
Como as revoluções não se fazem num dia, foi preciso recuar e no segundo episódio, contam-nos como foram os anos anteriores. 1968 teve a mais famosa queda da cadeira da nossa história. 1969 ficou marcado por um terramoto e a chegada à Lua transmitida pela televisão. Ou algo tão simples como fazer contrabando de chocolates em 1971, ano em que Vilar de Mouros teve um cartaz impressionante. No fundo, ajudar a definir quem eram Ana e Luísa e como era o Portugal quando se estavam a tornar adultas.
O terceiro episódio é o complemento natural deste segundo. Conta como foram os anos setenta depois da revolução e o que fez a juventude com a sua nova liberdade enquanto o governo ia alterando de facções. Continuava a ser sonorizado pelas músicas de então.
O quarto episódio recua ainda mais, para os tempos em que Joaquim Crispim começa a negociar carnes com o Porto o que levará anos mais tarde a uma mudança da família para a cidade. Foram os anos 20 e 30, e os tempos em que as mulheres dessa família se começam a unir numa inglória batalha contra os homens.
O quinto episódio fecha o ciclo e mostra o século XXI. A entrada numa era onde homens e mulheres são iguais, apesar de os homens bons serem uma raridade.
Há duas coisas insuportáveis na série. Uma são os diálogos artificiais, então no que se refere a 2014 é atroz. A outra, os falsos sotaques usados nas gentes do norte, em especial do interior. Tirando isso, seria uma belíssima série com bastante interesse e rigor histórico.
Nos aspectos positivos o primeiro e incontestável ponto é o casting. A matriarca Isabel terá sido a maior sorte, pois à grande Anabela Teixeira juntaram Rita Lagarto, que pelos olhos passa por uma versão mais jovem da actriz (e é muito talentosa), e para fazer dela mais velha tinham uma grande senhora, Lourdes Norberto.
Destacaria ainda duas personagens que envelheceram nas mãos de actrizes diferentes. Por um lado Rosa, interpretada a meias por Sara Norte e Márcia Breia, porque lhe deram incríveis semelhanças com quarenta anos de diferença. O bom trabalho conjunto a dar continuidade imtemporal. Por motivos contrários, destaco Luísa, interpretada por Sara Barros Leitão e Paula Mora, uma é a maior expectativa que tenho na interpretação lusa, a outra é parte da história da nossa televisão. Aparentemente elas interpretaram a mesma personagem, de forma diferente. Percebo que uma veterana não se deixe condicionar pelo estilo de uma jovem. E quando a série terminou, também percebi que a jovem não se deixasse influenciar pela veterana. Luísa aos vinte é uma jovem impulsiva e inconformada, aos sessenta está já realizada. O que se mantém é a alegria, a amizade, e a certeza de ter feito sempre o correcto. Em cenas seleccionadas há também alguns trejeitos comuns revelando que é muito mais o que as une do que o que as separa. Também tem piada ver o Carlos de António Cordeiro e comparar com o pequeno papel de Afonso Lagarto como a versão mais jovem dessa personagem, mas os homens são tão insignificantes que depressa é esquecido.
Nas interpretações individuais, a figura indiscutível é Amélia (há uma versão mais velha da personagem, mas é apenas figuração e sem interesse para a história). Sandra Barata Belo está fenomenal. A personagem sofre grandes transformações e ela acompanha essa mudança de forma incrível.
Infelizmente outras não tiveram oportunidade de se destacarem por falta de tempo. Carla Maciel e Sónia Balacó são bons exemplos. Se a série fosse mais focada no nosso século talvez tivessem sido boas surpresas pois no último episódio nota-se uma melhoria em relação ao início. Ou Mariana Monteiro que só tem um papel interessante ao terceiro episódio, quando termina a colaboração.
No fundo não é uma série sobre 1974. É sobre a sociedade portuguesa e o lugar da mulher na mesma. Diferenças no antes e no depois, não as dizem. O progresso que Portugal teve colocou-o a par com a Europa civilizada, mas a nível cultural parece que as influências estrangeiras nunca estiveram muito afastadas. Permitiram-se novas liberdades (que, pelo que se vê ao terceiro episódio, fizeram mais mal do que bem).e continuou um progresso lento que em nada se distinguiu do que o resto do mundo ocidental ia sentindo. A preocupação em explicar todo o antes e o depois, fez com que o momento importante fosse menosprezado. Esquecem-se de dizer o que mudou. Pelo que a série diz, a Revolução dos Cravos não foi mais do que uma ilusão para a geração nascida em 1950 e um susto para alguns dos seus antepassados.
Com tamanha preocupação em mostrar a emancipação feminina, não explicou o que foi realmente o 25 de Abril. É pena que se tenham esquecido desse enorme detalhe, tendo em conta que a série fazia parte da celebração da efeméride. Agora gostaria que fizessem uma segunda temporada com o mesmo elenco e contassem como Ana e Luísa arranjaram trabalho, como foram envelhecendo, a verdadeira diferença em relação às suas mães, donas de casa toda a vida.
Quanto ao século XXI, terá a conversa realmente mostrado a Maria a sorte que ela tem? Terá Patrícia capacidade de fazer da filha algo mais do que a típica aluna de ballet? Essas questões que ficam dariam para muita discussão.
Novamente, parabéns à RTP pela iniciativa de filmar no Porto. Foi um prazer ver os meus Leões como centro de tão importante produção. Sei o que se sente apenas por estar junto àquela fonte mágica, sei o que é fazer uma amizade eterna com a primeira pessoa que conhecemos ali dentro, sei o que é fazer manifestações nos Aliados. Se mostrassem Lisboa não me identificaria com aquelas personagens, aqueles lugares e aqueles acontecimentos. E como eu, a grande maioria da população nacional. Agradeço também a publicidade ao meu empregador em dois dos episódios.
Não aprendi nada sobre 1974, mas vou rever os três primeiros episódios muito brevemente e a série toda ainda antes do próximo Abril. Está provado que temos no Porto muita gente capaz diante das câmaras.
Como nota extra, deixo dois comentários que recebi de fonte informada e que poderão confirmar: o Café Ceuta era maioritariamente frequentado por mulheres; os sacos de farmácia da altura eram como o que foi usado na mercearia.
Da minha parte, deixo como conselho que não criem demasiadas personagens e tão entrincada árvore genealógica. Ana chega a confundir a avó com a bisavó! Teve ainda muitos momentos inverosímeis, mas percebo que fosse para deixar uma mensagem de esperança, seja qual for a situação.