26 de dezembro de 2009

"Watchmen" por Nuno Reis

Foi um dos filmes mais publicitados no ano que agora termina. Inspirada numa BD de culto, com um elenco de semi-estrelas e realizada por Zack Snyder logo após o tremendo êxito de "300", quase podia dispensar a campanha de marketing. É que uma legião de fãs aguardava há vinte anos a adaptação da novela gráfica para cinema. Quando finalmente isso aconteceu houve alguma confusão pelos direitos, muitos milhões a mudar de mãos, mas o filme conseguiu sair para as salas. A maior prova disso foi metade da facturação das bilheteiras ter sido feita na primeira semana, depois acabaram-se os espectadores.

Estamos nos anos 80. Neste universo relativo os super-heróis existem. Alguns lutam apenas com o seu patriotismo , outros têm poderes divinos. Recorrendo a esses super-heróis os EUA venceram no Vietnam e Nixon foi eleito para um quinto mandato consecutivo. Quando deixaram de precisar deles ilegalizaram o uso de máscaras, apenas dois mantiveram o direito de serem super-heróis ao serviço do governo. Quando um deles aparece morto é lançado o alerta entre eles. Suicídio ou Assassinato? Caso isolado ou perseguição a todos? O perigo será para os heróis, para o país ou para o mundo? E como em qualquer filme que se preze, além do problema com os vilões também há problemas pessoais - namoros, impérios financeiros, sociopatas, etc - e assuntos pendentes entre todos.

Tinha tudo para ser perfeito. A história, os actores e todos os efeitos que o dinheiro podia comprar. Só que neste caso o todo não vale tanto como a soma das partes. Os efeitos especiais dos mais variados géneros trazem todo o esplendor para o ecrã. Cenários bélicos, urbanos, marcianos, construções do dia a dia ou palácios vindos de uma mente muito fantasiosa, tudo é criado sem problemas e parece parte integrante do cenário. Os actores foram muito bem escolhidos. Jackie Earle Haley está perfeito, Malin Akerman deixa-nos sem fala e Billy Crudup está irreconhecível no seu difícil papel. Pelo outro lado Patrick Wilson tem um desempenho irregular, os momentos bons são melhores do que os maus, mas já nos acostumou a melhor do que isto.
O filme cria uma sociedade imperfeita, doente, onde apenas um ex-homem impede a Terceira Guerra Mundial de acontecer. É um magnífico retrato dos anos 80, visualmente e pela banda sonora. Contudo nem tudo isso chega para formar o filme. Ao assistir ficamos mais presos pela história do que pelo filme em si cuja constante energia e impacto visual cansa. Se isso se passa na versão de duas horas e meia, então na de três horas e meia...

O tempo fará bem ao filme que teve desde logo o estatuto de clássico. Voltarei a ver quando tiver disposição, mas como não foi até agora seguramente só será daqui a uns anos.
Título Original: "Watchmen" (EUA, 2009)
Realização: Zack Snyder
Argumento: David Hayter e Alex Tse (inpsirados na novela gráfica de Dave Gibbons )
Intérpretes: Billy Crudup, Malin Akerman, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Patrick Wislon, Carla Gugino, Matthew Goode
Fotografia: Larry Fong
Música: Tyler Bates
Género: Acção,Ficção-Científica
Duração: 162 min.
Sítio Oficial: http://watchmenmovie.warnerbros.com/

3 comentários:

Bruno Cunha disse...

Eu achei este Watchmen realmente muito bom, a par de V for Vendetta e The Dark Knight faz-se o top de adpatações de BD/graphic novels, claro que esta é a minha opinião...

Abraço
http://nekascw.blogspot.com/

Nuno disse...

O problema do filme é estar à frente do seu tempo. Quando todos os filmes ultrapassarem os limites visuais e "Watchmen" for visto como um predecessor, aí sim, terá conquistado o seu ligar na história.

Bruno Ramalho disse...

filme belíssimo, mesmo a versão gigante... ;)