22 de junho de 2008

"21" por Nuno Reis


Um homem, um jogo, um alvo: Vegas.

Quem acha a matemática aborrecida e uma perda de tempo poderá mudar de opinião com "21". Ben é um jovem estudante do MIT que demonstra uma grande aptidão matemática ao resolver um problema com ratoeira numa aula. O professor impressionado decide convidá-lo para um clube da matemática muito especial, daqueles onde se converte os números em dinheiro, muito dinheiro. O jogo é o blackjack e o plano é contar cartas para melhorar as probabilidades. A mesa é toda a cidade de Las Vegas.
Quando Ben se junta à equipa já eles ganharam milhões. Estão naquilo pela adrenalina e pelos benefícios que a crescente fortuna traz. Ben entra com uma meta definida de trezentos mil, mas, como todos os jogadores, tem de aprender a separar a razão da emoção. Enquanto joga com o cérebro é rei, se jogar com o coração será mais um entre as incontáveis vítimas de Vegas.

Já que se fala de cartas apresentarei os trunfos do filme. Temos Kevin Spacey como o professor que explora os números e os alunos como forma de enriquecer. Quem melhor do que ele para ser um tutor e simultaneamente um ladrão? A aula dada ao início do filme é simplesmente genial! Mesmo quem não perceba a lógica por trás do concurso (Monty-Hall) tem de admitir que com um professor assim qualquer matéria fica fácil. Motiva, envolve e explica. Como mente criminosa Spacey dispensa apresentações. E quando fica embalado, como mentor ou malfeitor, ofusca os colegas e esquecemo-nos que é apenas um actor secundário.
O segundo trunfo é a magia de Vegas como poucas vezes foi mostrada. Aquele mundo escondido dentro de cada casino onde noite e dia não se distinguem. As tentações luminosas em cada esquina são irresistíveis e, se não fosse a câmara a limitar o alcance, de certeza que muitos espectadores se esqueceriam de acompanhar as personagens nas suas aventuras. A adrenalina constante nas salas de jogo, associada à temível vigilância de Lawrence Fishburne, é o terceiro e último ás que "21" joga. Tudo o resto são duques.
Entre os vários pontos fracos destaca-se uma vertente romântica desajustada do resto por culpa do realizador (com um passado de comédias românticas vulgares) e especialmente de uma não convincente Kate Bosworth. Nem no seu terceiro filme com Spacey aprendeu a ser mais do que mediana. Os restantes actores safam-se.
Os argumentistas precisavam de mais cuidado na escrita pois os contrastes entre o que estas personagens dizem e fazem são terríveis, algo inadmissível numa adaptação.

O filme mantém o espectador interessado por muito tempo. Não exige conhecimentos de jogo, matemática ou probabilidades e tem uma história particularmente interessante a contar. É escusado tentar seguir o exemplo pois num casino moderno já não é possível. Tal como nos velhos tempos a casa vence.


Título Original: "21" (EUA, 2008)
Realização: Robert Luketic
Argumento: Peter Steinfeld, Allan Loeb,
Intérpretes: Jim Sturgess, Kate Bosworth, Kevin Spacey, Aaron Yoo, Lisa Lapira
Fotografia: Russell Carpenter
Música: David Sardy
Género: Drama
Duração: 123 min.
Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/21/

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