Em Cannes o dia de Manoel de Oliveira foi 20 de Maio, mas Portugal fez a festa a 18.
Tudo começou com uma happy hour a bordo da caravela Boa Esperança. As personalidades nacionais não estavam lá e a promoção do nosso cinema foi nula, mas isso não impediu uma centena de pessoas de embarcar num barco ancorado. Apesar de estarmos no país do cinema e no maior festival da arte, o objectivo era apenas divulgar o Allgarve, o que foi feito através da distribuição de uma vintena de chapéus de palha que os estrangeiros só utilizaram a bordo.
O marketing teve mais uma falha imperdoável. Os produtos servidos eram os mesmos que havia todos os dias em todas as festas de Cannes. Serão motivo de vergonha os comes e bebes de Portugal? Quem quer promover um país deve mostrar o que ele tem de único, que me lembre rodelas de cenoura não são um prato típico. A imagem que ficou foi de país orgulhoso do seu passado, mas actualmente indistinto dos demais. Salvou-nos o barco que era dos poucos que fugia à monotonia do branco. Está tapado por iates maiores, mas os mastros sobressaem.
À noite houve uma recepção do ICA no imponente Hotel Majestic. Quem ainda tinha em memória a festa da véspera, Tailândia, ficou um bocado desiludido com a comida. Mais uma vez não era típica e tinha a desvantagem de estar meio descongelada. As celebridades finalmente puderam ser vistas, especialmente de "Call Girl" que estava muito bem representado. O livre-trânsito de Alexandra Lencastre também foi à festa, mas a actriz não deve ter saído de Portugal. Como aconteceu com quase todas as outras estrelas, tirando as festas era difícil vê-las.
Dois dias depois Manoel de Oliveira teve o estrelato a que os vencedores de Cannes estão acostumados. Com tantos anos de cinema os amigos são imensos e a ausência de algumas das estrelas que conhece passou despercebida. Na plateia podia-se ver o júri (que entrou atrasado) e Clint Eastwood. Em representação dos festivais portugueses estava o Fantasporto. Recorde-se que Oliveira sempre foi patrono da Semana dos Realizadores do festival português, onde no ano passado recebeu o prémio carreira e este ano viu o seu nome ser associado ao prémio da secção numa reverência contínua.
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