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ATENÇÃO: CONTEM SPOILERS
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High on leaves
Shyamalan é um dos realizadores do cinema actual que melhor personifica a dicotomia amor/ódio. Foi assim em "Signs" (2002), em "Unbreakable" (2000) e muito especialmente em "Lady in the Water" (2006) e em "The Village" (2004). Esteticamente gera (algum) consenso, narrativamente e a abordagem visual a esse prisma deixa algo a desejar.
Quando um grupo de pessoas se começa a suicidar num parque em Nova Iorque, a imediata sensação da população foi a de que se estava perante um novo ataque terrorista (11 de Setembro oblige). Não muito longe, a aula de biologia de Elliot Moore (Mark Wahlberg) é interrompida, para os professores ficarem a par do ataque a que a América estava a ser sujeita.
Decidida a evacuação da cidade, Elliot procura Alma (Zooey Deschanel), sua mulher, para juntos obedecerem à ordem civil. Com eles vai Julian (John Leguizamo), colega e amigo do primeiro, e a sua filha Jess (Ashlyn Sanchez), numa viagem a ser encetada de comboio.
Mas cedo o comboio trava a marcha, ficando o grupo de fugitivos, ainda sem saberem o porque de tal acontecimento, encalhados uma pequena comunidade rural. Agrupados num café, ouvem uma temível informação: a razão dos letais comportamentos resulta de algo tóxico que se propaga pelo ar, e está circunscrito a uma área onde eles se encontram. Enredados no pânico colectivo, decidem fugir de carro: Elliot, Alma e Jess para um lado, Julian em sentido contrário, na perspectiva de encontrar a mulher que havia ficado para trás.
Ao recorrer aos seus conhecimentos de biólogo, Moore tem a certeza de uma coisa: são as plantas que estão a emitir o tóxico, e decidem fugir em pequenos grupos ansiando que o estranho evento termine.
Desequilibrado e complexo, "The Happening" / "O Acontecimento" aparenta ser produto de uma birra do realizador, que decidiu fazer um filme egocêntrico e estranhamente partido. Com um começo invejável e senhor de um ritmo assinalável, funde um certo suspense hitchcockiano com a ficção científica dos anos 50/60. Sequências como as do plano contra-picado dos trabalhadores a lançarem-se no vazio, em confronto com o plano picado que avalia o desespero daquele que vê pela primeira vez a tragédia, até ao travelling da arma homicida que persegue o alvo suicida, marcam o início de forma indelével, augurando um trabalho de grande qualidade. Mas o pior... O pior vem depois. Apoiado numa narrativa e num elenco que aparentavam coerência, a verdade é que a fuga para as pradarias fez tudo demoronar como um castelo de cartas. Ok, realização irrepreensível e subida do elemento natureza à condição de personagem levam a que o barco se mantenha à tona. Mas a expressão e interpretação palerma de Wahlberg, o olhar pateta de Deschanel e Leguizamo (que não sabe mais do que o que mostra), aliados a um argumento que deixa completamente de fazer sentido, fazem de "The Happening" mais um grande acto falhado de Shyamalan.
Ainda que actual, unindo fantasmas do 11 de Setembro à actual preocupação com as temáticas do ambiente, a verdade é que tudo sai forçado, não conseguindo a realização, completa de uma claustrofobia etérea, ser suportada por uma narrativa bacoca e que nunca consegue atingir o ponto de equilíbrio, com momentos de tensão cortados por falsa comédia, perde uma oportunidade de resultar convenientemente - é que se a parábola da Natureza se vingar do Homem é deveras interessante, a abordagem exaspera.
Quando um grupo de pessoas se começa a suicidar num parque em Nova Iorque, a imediata sensação da população foi a de que se estava perante um novo ataque terrorista (11 de Setembro oblige). Não muito longe, a aula de biologia de Elliot Moore (Mark Wahlberg) é interrompida, para os professores ficarem a par do ataque a que a América estava a ser sujeita.
Decidida a evacuação da cidade, Elliot procura Alma (Zooey Deschanel), sua mulher, para juntos obedecerem à ordem civil. Com eles vai Julian (John Leguizamo), colega e amigo do primeiro, e a sua filha Jess (Ashlyn Sanchez), numa viagem a ser encetada de comboio.
Mas cedo o comboio trava a marcha, ficando o grupo de fugitivos, ainda sem saberem o porque de tal acontecimento, encalhados uma pequena comunidade rural. Agrupados num café, ouvem uma temível informação: a razão dos letais comportamentos resulta de algo tóxico que se propaga pelo ar, e está circunscrito a uma área onde eles se encontram. Enredados no pânico colectivo, decidem fugir de carro: Elliot, Alma e Jess para um lado, Julian em sentido contrário, na perspectiva de encontrar a mulher que havia ficado para trás.
Ao recorrer aos seus conhecimentos de biólogo, Moore tem a certeza de uma coisa: são as plantas que estão a emitir o tóxico, e decidem fugir em pequenos grupos ansiando que o estranho evento termine.
Desequilibrado e complexo, "The Happening" / "O Acontecimento" aparenta ser produto de uma birra do realizador, que decidiu fazer um filme egocêntrico e estranhamente partido. Com um começo invejável e senhor de um ritmo assinalável, funde um certo suspense hitchcockiano com a ficção científica dos anos 50/60. Sequências como as do plano contra-picado dos trabalhadores a lançarem-se no vazio, em confronto com o plano picado que avalia o desespero daquele que vê pela primeira vez a tragédia, até ao travelling da arma homicida que persegue o alvo suicida, marcam o início de forma indelével, augurando um trabalho de grande qualidade. Mas o pior... O pior vem depois. Apoiado numa narrativa e num elenco que aparentavam coerência, a verdade é que a fuga para as pradarias fez tudo demoronar como um castelo de cartas. Ok, realização irrepreensível e subida do elemento natureza à condição de personagem levam a que o barco se mantenha à tona. Mas a expressão e interpretação palerma de Wahlberg, o olhar pateta de Deschanel e Leguizamo (que não sabe mais do que o que mostra), aliados a um argumento que deixa completamente de fazer sentido, fazem de "The Happening" mais um grande acto falhado de Shyamalan.
Ainda que actual, unindo fantasmas do 11 de Setembro à actual preocupação com as temáticas do ambiente, a verdade é que tudo sai forçado, não conseguindo a realização, completa de uma claustrofobia etérea, ser suportada por uma narrativa bacoca e que nunca consegue atingir o ponto de equilíbrio, com momentos de tensão cortados por falsa comédia, perde uma oportunidade de resultar convenientemente - é que se a parábola da Natureza se vingar do Homem é deveras interessante, a abordagem exaspera.
Título Original: "The Happening" (EUA / Índia, 2008) Realização: M. Night Shyamalan Argumento: M. Night Shyamalan Intérpretes: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel e John Leguizamo Fotografia: Tak Fujimoto Música: James Newton Howard Género: Drama / Ficção Científica Duração: 91 min. Sítio Oficial: http://www.thehappeningmovie.com |
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