Os DVD's de peças musicais sempre foram um sucesso, mas a nova moda para eternizar performances memoráveis é filmá-las em 3D. O passo seguinte é transmitir em sessões únicas e simultâneas. Hoje, por exemplo, houve uma sessão de "Carmen 3D" às 17 horas em dez salas ZON Lusomundo pelo país fora e o Antestreia esteve lá a convite da distribuidora.
A história de Carmen vem do século XIX. Don José, um cabo espanhol que fugiu de Sevilha para Navarra devido a uns desacatos, é visitado por Micaela, uma jovem da terra com um recado da mãe de José. Apesar de apaixonado pela pura e inocente Micaela, José deixa-se seduzir, como todos os homens, pela provocante cigana Carmen. Quando Carmen é capturada por se ter envolvido numa briga José deixa-a fugir sendo por isso despromovido e preso. Desgraçado por amor, vai abandonar a vida de militar, trair os sonhos da mãe e tornar-se um contrabandista.
O filme começa ainda nos bastidores da Royal Opera House. Os actores preparam-se nos camarins. Em seguida o olhar da câmara percorre a audiência como qualquer espectador desocupado faria. A orquestra começa a tocar, o par de olhos mecânicos centra-se no palco e a peça tem início.
A apresentação da maioria das personagens é feita de forma deslumbrante num primeiro acto seguro e eficaz em que o 3D prova a utilidade. No segundo acto o 3D não tem tanta utilidade, nota-se inclusivamente algumas falhas, mas uma interpretação sublime de "Nous avons en tête une affaire" torna tudo mais secundário. O terceiro acto é demasiado escuro para que o 3D surta efeito. A nível musical não há tantas sonoridades conhecidas (os imortais "Habanera" e "Chanson du toréador" são respectivamente primeiro e segundo acto), mas a emoção centra-se na narrativa. O quarto acto é puro espectáculo, visualmente arrebatador e com artifícios que justificam a dimensão extra.
De lamentar que a legendagem não corresponda à qualidade sonora porque foram frequentes os erros (trocas de género, mudanças de tempo verbal, letras em falta...) e os anglófonos a cantarem em francês não são fáceis de perceber.
Quanto às performances, comparando com outras versões (inclusivamente da mesma Royal Opera House) disponíveis pela Internet, foi o melhor conjunto de cantores que ficou nesta versão. Não avaliarei interpretações por toda a teatralidade que está subjacente à interpretação de uma Ópera, mas posso referir vozes. O grande destaque vai para as mezzo soprano Christine Rice (Carmen) e Paula Murrihy (Mercédès) e em segundo para o barítono Aris Argiris. Esta preferência pode ser discutível visto que sou famoso por ser duro de ouvido.
A sala de cinema ainda não substitui uma ópera qualquer e o Covent Garden é incomparável. É uma nova forma de trazer a ópera às pessoas e talvez leve à ópera pessoas insatisfeitas com a versão cinematográfica. Convém é não esquecer que nem todas as versões têm a mesma qualidade e esta, apesar de em tela ser tão impessoal, é de um nível superior a praticamente qualquer uma que passe pelo nosso país.
A história de Carmen vem do século XIX. Don José, um cabo espanhol que fugiu de Sevilha para Navarra devido a uns desacatos, é visitado por Micaela, uma jovem da terra com um recado da mãe de José. Apesar de apaixonado pela pura e inocente Micaela, José deixa-se seduzir, como todos os homens, pela provocante cigana Carmen. Quando Carmen é capturada por se ter envolvido numa briga José deixa-a fugir sendo por isso despromovido e preso. Desgraçado por amor, vai abandonar a vida de militar, trair os sonhos da mãe e tornar-se um contrabandista.
O filme começa ainda nos bastidores da Royal Opera House. Os actores preparam-se nos camarins. Em seguida o olhar da câmara percorre a audiência como qualquer espectador desocupado faria. A orquestra começa a tocar, o par de olhos mecânicos centra-se no palco e a peça tem início.
A apresentação da maioria das personagens é feita de forma deslumbrante num primeiro acto seguro e eficaz em que o 3D prova a utilidade. No segundo acto o 3D não tem tanta utilidade, nota-se inclusivamente algumas falhas, mas uma interpretação sublime de "Nous avons en tête une affaire" torna tudo mais secundário. O terceiro acto é demasiado escuro para que o 3D surta efeito. A nível musical não há tantas sonoridades conhecidas (os imortais "Habanera" e "Chanson du toréador" são respectivamente primeiro e segundo acto), mas a emoção centra-se na narrativa. O quarto acto é puro espectáculo, visualmente arrebatador e com artifícios que justificam a dimensão extra.
De lamentar que a legendagem não corresponda à qualidade sonora porque foram frequentes os erros (trocas de género, mudanças de tempo verbal, letras em falta...) e os anglófonos a cantarem em francês não são fáceis de perceber.
Quanto às performances, comparando com outras versões (inclusivamente da mesma Royal Opera House) disponíveis pela Internet, foi o melhor conjunto de cantores que ficou nesta versão. Não avaliarei interpretações por toda a teatralidade que está subjacente à interpretação de uma Ópera, mas posso referir vozes. O grande destaque vai para as mezzo soprano Christine Rice (Carmen) e Paula Murrihy (Mercédès) e em segundo para o barítono Aris Argiris. Esta preferência pode ser discutível visto que sou famoso por ser duro de ouvido.
A sala de cinema ainda não substitui uma ópera qualquer e o Covent Garden é incomparável. É uma nova forma de trazer a ópera às pessoas e talvez leve à ópera pessoas insatisfeitas com a versão cinematográfica. Convém é não esquecer que nem todas as versões têm a mesma qualidade e esta, apesar de em tela ser tão impessoal, é de um nível superior a praticamente qualquer uma que passe pelo nosso país.
Título Original: "Carmen 3D" (Reino Unido, 2011) Realização: Julian Napier Argumento: novela de Prosper Mérimée, libretto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, Intérpretes: Christine Rice, Bryan Hymel, Aris Argiris, Maija Kovalevska, Elena Xanthoudakis, Paula Murrihy, Adrian Clarke, Harry Nicoll Música: Georges Biset Fotografia: Sean MacLeod Phillips Género: Drama, Musical Duração: 170 min. Sítio Oficial: http://www.carmen3d.com/ |
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