21 de abril de 2011

NATO contra o cinema em casa

Num mundo perfeito toda a gente teria uma tela de cinema em casa e quando queria ver um filme teria o produtor a vir trazê-lo em mão no instante do pedido, o realizador estaria por perto para explicar as suas opções quando solicitado e os actores... bem, poderiam aparecer no final caso o filme seja merecedor de aplausos ou tão mau que surja uma vontade incontrolável de atirar tomates.
Mas não é assim hoje em dia. Temos de nos deslocar a um local público, rezar para que tenham o filme que queremos e num horário aceitável, dividir o espaço com muitas pessoas mal-educadas, suportar ruído de pipocas e sorvedores de refrigerantes, por vezes enfrentar problemas de imagem ou som e alguns outros acidentes. Se for na Letónia até podemos levar um tiro. Como seria bom poder levar o filme para casa... Mas isso já é possível!

A partir de hoje a DirecTV vai disponibilizar nos EUA um serviço de VOD (video on demand) chamado Home Premiere que disponibiliza os filmes da Warner, Fox, Sony e Universal 60 dias após o lançamento em cinema por 29,99 dólares. A NATO (National Association of Theater Owners, Associação Nacional dos Donos de Cinemas) manifestou-se contra e apela a um boicote ao serviço. Junto a eles está um batalhão de nomes sonantes incluindo Peter Jackson, Michael Bay, Kathryn Bigelow, James Cameron, Guillermo del Toro, Roland Emmerich, Antoine Fuqua, Shawn Levy, Michael Mann, Todd Phillips, Brett Ratner, Robert Rodriguez, Gore Verbisnki e Robert Zemeckis.

Alegam que isso é um incentivo à pirataria (em vez de levarem câmaras para a sala de cinema gravam directo do ecrã da TV), que o preço tendencialmente vai descer levando a um prejuízo anual de centenas de milhões, e que vai destruir os hábitos de ir ao cinema.
Eu acho que excepto casos muito pontuais passado um mês ou dois da estreia já o filme saiu de exibição. Isso é apenas um ataque ao Home Video que custa o mesmo e permite múltiplos visionamentos. Quem quer ver filmes vê onde muito bem entender e quem aprecia Cinema continuará a ver em tela.

Isso significa que não indo ao cinema:
Posso ver um filme para crianças sem as ouvir o filme todo e sem ser obrigado a ver dobragens?
Posso ver um blockbuster sem esperar uma hora na fila pelo bilhete, sem ir para uma sala a transbordar, sem que me contem opiniões sobre o livro e sem cotoveladas à saída?
Óptimo!

E se for ao cinema:
Os pais não vão deixar os filhos adolescentes ir a uma sessão da noite porque podem ver em casa umas semanas depois?
Os bandos ruidosos vão começar a ficar em casa (por esse preços até compensa se forem mais de 5 ver) deixando o cinema para as pessoas que vão sozinhas ou aos pares e normalmente se portam melhor?
As salas vão ter de proporcionar um melhor ambiente, projecção de qualidade e preço ou simplesmente começar a passar filmes independentes?
Óptimo!

Agora apresentem-me argumentos contra que não estejam já no Hollywood Reporter.

Os restantes signatários são Todd Garner, Lawrence Gordon, Stephen Gyllenhaal, Gale Anne Hurd, Karyn Kusama, Jon Landau, Bill Mechanic, Jamie Patricof e Adam Shankman.

1 comentários:

Rita Santos disse...

Eles já fizeram inclusivamente ameaças muito sérias. Neste momento a estreia da última parte do Harry Potter, poderá não esterar nos cinemas.

http://www.youtube.com/watch?v=nM47RVFr4TM&feature=share