Infelizmente li o livro. Não consegui resistir e devorei a trilogia numa noite. Era o meu estilo de livro e por isso aguardava com expectativa a versão cinematográfica, sabendo todos os riscos que a transposição de formato acarreta. Por norma prefiro a versão literária de tudo e aqui tenho de dizer que, lamentavelmente, foi a melhor desilusão que tive em muito tempo.
Sou apologista que o formato ideal para a trilogia não era quatro filmes. Sou totalmente contra a divisão do terceiro livro, não só não tem história para isso como é o mais fraco. Se tivessem adaptado para série, com 6 a 8 horas por livro talvez conseguissem fazer algo excelente. Há-de chegar uma época em que os autores defenderão a integridade da obra e procurarão o formato mais indicado. Até lá o poder do dinheiro ganhará sempre. Apesar disso, eis “The Hunger Games” em filme e não saiu mal.
No país pós-apocalíptico de Panem surgiu um torneio de participação obrigatória.Uma vez por ano cada um dos doze distritos deve enviar um rapaz e uma rapariga com idade entre os 12 e os 18 para um combate mortal de onde apenas um dos 24 sairá vivo. Enquanto nos distritos ricos há quem se treine e voluntarie para esse privilégio, nos distritos pobres os contemplados têm de ser decididos por sorteio. Esta é a história de algumas pessoas que acham o sacrifício inútil e que por se considerarem mortos por antecipação, farão o que lhes for possível para vencer as probabilidades e o sistema.
A realização de Gary Ross deixou-me apreensivo. O realizador de “Pleasantville” e “Seabiscuit” começa o filme com um estilo demasiado tremido para a situação. Enquanto estamos no primitivo distrito 12 não se justifica a câmara instável nem tantos movimentos rápidos. Quando partimos para o sumptuoso Capitólio esse efeito fica mais despercebido e finalmente, na arena, era a técnica que melhor se aplicava. O outro erro do arranque foi a forma como reduziram uma história que lendo é tão apelativa a algo frio e distante. Finalmente o quarto ponto negativo (passei um há frente a que voltarei mais tarde), quando Stanley Tucci aparece como Caesar é uma pequena desilusão. Felizmente é fácil mudar de opinião. Quando chega o sorteio a cena de acompanhamento da escolhida é filmada de forma a mostrar a solidão brusca em que a eleita cai. Aí as esperanças no realizador voltam a surgir, com alguma prudência.
Era suposto a frase seguinte capturar o espectador (no livro captura o leitor), mas ainda não. Ainda temos de esperar mais uns minutos até a "rapariga em chamas" mostrar que ir ver este filme não foi um erro. É nesse ponto que se começam a compbinar as interpretações, os efeitos e a história. Entretanto já Tucci é o Caesar perfeito que se imaginava e Toby Jones mesmo calado faz-lhe boa companhia no papel de Claudius.
Com o avançar da narrativa a realização começa a ajustar-se ao filme e já se consegue observar a história de forma emocional. Quem trouxer uma imagem preconcebida com o livro vai sentir algum choque pela forma fugaz como tudo é tratado. Enquanto no livro se partilha a mente de uma personagem, no filme somos bombardeados com os acontecimentos em quatro perspectivas: concorrentes, familiares/conhecidos, produção e presidente. A mensagem transmitida não é exactamente a mesma, mas há uma grande diferença. É que este argumento não se centra num momento, não é resultado da adaptação de um livro. Nota-se pelo cuidado nos detalhes que Ross tem uma ideia bem construída de Panem e as alterações que faz enquadram-se no que lemos na trilogia. A única alteração imperdoável (eis a terceira falha) é a proveniência do mimo-gaio a que pessoalmente dava muito mais simbolismo e servia de fio-condutor. Mas, atendendo à forma inteligente como transformou tudo em algo com cabimento, dou o benefício da dúvida e esperarei pelos próximos capítulos para ver como decalça esta bota.
O filme é muito rápido. Tem de o ser para condensar tamanho livro em 140 minutos. Quem tiver a mente no livro e perder tempo a tentar comparar pode não conseguir acompanhar. Quem estiver a ver partindo de uma tábua rasa não se aperceberá, mas assistirá a uma adaptação incrivelmente fiel ao material original onde uma excelente escolha de actores, grande banda sonora e uma produção financeiramente desafogada conseguiram criar aquela que até à data será a melhor adaptação de literatura juvenil para cinema. Se não fosse por aquele princípio desajustado seria já um dos filmes do ano.
Sou apologista que o formato ideal para a trilogia não era quatro filmes. Sou totalmente contra a divisão do terceiro livro, não só não tem história para isso como é o mais fraco. Se tivessem adaptado para série, com 6 a 8 horas por livro talvez conseguissem fazer algo excelente. Há-de chegar uma época em que os autores defenderão a integridade da obra e procurarão o formato mais indicado. Até lá o poder do dinheiro ganhará sempre. Apesar disso, eis “The Hunger Games” em filme e não saiu mal.
No país pós-apocalíptico de Panem surgiu um torneio de participação obrigatória.Uma vez por ano cada um dos doze distritos deve enviar um rapaz e uma rapariga com idade entre os 12 e os 18 para um combate mortal de onde apenas um dos 24 sairá vivo. Enquanto nos distritos ricos há quem se treine e voluntarie para esse privilégio, nos distritos pobres os contemplados têm de ser decididos por sorteio. Esta é a história de algumas pessoas que acham o sacrifício inútil e que por se considerarem mortos por antecipação, farão o que lhes for possível para vencer as probabilidades e o sistema.
A realização de Gary Ross deixou-me apreensivo. O realizador de “Pleasantville” e “Seabiscuit” começa o filme com um estilo demasiado tremido para a situação. Enquanto estamos no primitivo distrito 12 não se justifica a câmara instável nem tantos movimentos rápidos. Quando partimos para o sumptuoso Capitólio esse efeito fica mais despercebido e finalmente, na arena, era a técnica que melhor se aplicava. O outro erro do arranque foi a forma como reduziram uma história que lendo é tão apelativa a algo frio e distante. Finalmente o quarto ponto negativo (passei um há frente a que voltarei mais tarde), quando Stanley Tucci aparece como Caesar é uma pequena desilusão. Felizmente é fácil mudar de opinião. Quando chega o sorteio a cena de acompanhamento da escolhida é filmada de forma a mostrar a solidão brusca em que a eleita cai. Aí as esperanças no realizador voltam a surgir, com alguma prudência.
Era suposto a frase seguinte capturar o espectador (no livro captura o leitor), mas ainda não. Ainda temos de esperar mais uns minutos até a "rapariga em chamas" mostrar que ir ver este filme não foi um erro. É nesse ponto que se começam a compbinar as interpretações, os efeitos e a história. Entretanto já Tucci é o Caesar perfeito que se imaginava e Toby Jones mesmo calado faz-lhe boa companhia no papel de Claudius.
Com o avançar da narrativa a realização começa a ajustar-se ao filme e já se consegue observar a história de forma emocional. Quem trouxer uma imagem preconcebida com o livro vai sentir algum choque pela forma fugaz como tudo é tratado. Enquanto no livro se partilha a mente de uma personagem, no filme somos bombardeados com os acontecimentos em quatro perspectivas: concorrentes, familiares/conhecidos, produção e presidente. A mensagem transmitida não é exactamente a mesma, mas há uma grande diferença. É que este argumento não se centra num momento, não é resultado da adaptação de um livro. Nota-se pelo cuidado nos detalhes que Ross tem uma ideia bem construída de Panem e as alterações que faz enquadram-se no que lemos na trilogia. A única alteração imperdoável (eis a terceira falha) é a proveniência do mimo-gaio a que pessoalmente dava muito mais simbolismo e servia de fio-condutor. Mas, atendendo à forma inteligente como transformou tudo em algo com cabimento, dou o benefício da dúvida e esperarei pelos próximos capítulos para ver como decalça esta bota.
O filme é muito rápido. Tem de o ser para condensar tamanho livro em 140 minutos. Quem tiver a mente no livro e perder tempo a tentar comparar pode não conseguir acompanhar. Quem estiver a ver partindo de uma tábua rasa não se aperceberá, mas assistirá a uma adaptação incrivelmente fiel ao material original onde uma excelente escolha de actores, grande banda sonora e uma produção financeiramente desafogada conseguiram criar aquela que até à data será a melhor adaptação de literatura juvenil para cinema. Se não fosse por aquele princípio desajustado seria já um dos filmes do ano.
Título Original: "The Hunger Games" (EUA, 2012) Realização: Gary Ross Argumento: Billy Ray, Gary Ross, Susanne Collins (e livro) Intérpretes: Jennifer Lawrence, Josh Hutchrson, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Amandla Stenberg, Wes Bentley, Donald Sutherland, Liam Hensworth, Willow Shields, Isabell Fuhrmann, Lenny Kravitz, Toby Jones Música: James Newton Howard, T-Bone Burnett Fotografia: Tom Stern Género: Acção, Drama, Ficção-Científica, Thriller Duração: 142 min. Sítio Oficial: http://www.thehungergamesmovie.com/ |
2 comentários:
ola! acompanho sempre os comentários aos filmes mas desta vez tinha de comentar. Concordo contigo em quase tudo..o inicio tambem me desiludiu um bocado. Em relação à maneira como eles abordaram o resto do livro muito bem porque se fores ver são quase só monologos e aJennifer Lawrence tem uma interpretação fantastica =) e também devorei os livros em dias (so nao gostei do final)
Olá Joana.
Sim, era muito difícil adaptar estes livros, mas foi um excelente trabalho.
Se gostas de livros recomendo a secção de lviros do blog que por enquanto tem apenas estes 3.
antestreia.blogspot.com/search/label/Livros
Obrigado pelo comentário.
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