Mais importante do que crescer, é amadurecer
Tem-se assistido a um fenómeno de crescimento acelerado. Seja da alimentação, da influência dos média, ou do distanciamento dos pais, está provado que as crianças cada vez atingem a adolescência mais jovens. Enquanto isso, a legislação cada vez os considera adultos mais tarde. O resultado é que a adolescência, já de si complicada, tem sido esticada e começa a ser preciso dividir em diversas etapas. Pois o marketing literário adorou a ideia e começou a inventar nomes para isso. Temos o pré-escolar, o infantil, o juvenil e depois o “jovens adultos”.
O que separa o juvenil do jovem adulto é uma linha muito ténue. Primeiro a idade dos protagonistas e depois os seus desafios. No juvenil estão por volta dos 12 anos e correm riscos físicos como os famosos Cinco de Enyd Blyton que inspirou praticamente todos os outros autores. No jovem adulto estão entre os 14 e 18, quando começam a assumir responsabilidades e a enfrentar mais questões sociais do que pessoas malvadas. Preferencialmente o público-alvo tem a mesma idade dos protagonistas e hoje em dia é normal uma saga fazer essa transição para manter os leitores por mais tempo. Sente-se maior afinidade com uma personagem que envelhece ao mesmo ritmo que nós.
O problema é que apesar do enorme sucesso de vendas e da identificação com as personagens, poucos leitores têm a idade mental para terem o mesmo comportamento idóneo dos seus heróis. Mais grave é quando nem os autores conseguem ser exemplo. Esta é a história de Mavis Gary, a escritora-fantasma de uma popular colecção para jovens adultos prestes a ser cancelada. Mavis sofre de um bloqueio de escritor durante a escrita do último livro e ao ver as fotografias do bebé recém-nascido do seu namorado de liceu, decide voltar a uma época em que era jovem, bela, popular e tudo era simples. O problema é que passaram vinte anos e apesar de continuar a ser popular - foi a única a sair da vila e a tornar-se alguém famoso - as suas atitudes mesquinhas para com os outros não caem bem entre gente adulta. Enquanto tenta recuperar o namorado que não quer saber dela e foge aos pais que não sabem dela, vai conviver com aqueles que ostracizou na juventude e constatar as mazelas da sua maldade.
É um filme independente com alguns nomes sonantes. Quem conhece a carreira de Reitman não estranhará a estratégia que tão bons resultados trouxe nas tentativas anteriores. Desta vez o filme foi menos mediático e não esteve nomeado a prémios. Isso não significa que seja mau, neste caso foi apenas mais específico. Uma indústria do cinema multicultural como a americana por vezes não reconhece a riqueza de uma história que se adequa apenas aos americanos. Os EUA são conhecidos como a terra dos sonhos, mas é preciso perceber que é essencialmente uma terra de sonhadores. Nas pequenas terras todos sonham em sair para a grande cidade e ser alguém. Os que ficam conformam-se. Os que conseguem escapar, muitas vezes criam rancor por não terem cumprido o sonho. Esta é uma história que balança entre os que se conformam, os que sentem que falharam, os que ainda sonham, e os que descobriram que o seu sonho estava onde sempre viveram. Temos histórias destas em todo o mundo, mas para os americanos ter um sonho e ir atrás dele é uma questão de orgulho pessoal. Em “Young Adult” assistimos a uma caricatura reflexiva onde a protagonista – uma fenomenal Charlize Theron - está alheada numa demanda contra moinhos enquanto aqueles em torno dela reflectem sobre aquilo em que se tornaram e aquilo em que ela se tornou.
É um conto do anti-herói moderno com a visão sarcástica de Diablo Cody. Como filme pode não colar à primeira (desculpem se não é entretenimento), mas a mensagem que tem a passar chegará a quem estiver disposto a perceber. Com tantos filmes feitos pela receita, é refrescante aparecer algo que aposta mais na mensagem do que no conforto do espectador, à semelhança de "Juno". Convém ver enquanto se é um jovem adulto para não se cometer os erros de Mandy.
Tem-se assistido a um fenómeno de crescimento acelerado. Seja da alimentação, da influência dos média, ou do distanciamento dos pais, está provado que as crianças cada vez atingem a adolescência mais jovens. Enquanto isso, a legislação cada vez os considera adultos mais tarde. O resultado é que a adolescência, já de si complicada, tem sido esticada e começa a ser preciso dividir em diversas etapas. Pois o marketing literário adorou a ideia e começou a inventar nomes para isso. Temos o pré-escolar, o infantil, o juvenil e depois o “jovens adultos”.
O que separa o juvenil do jovem adulto é uma linha muito ténue. Primeiro a idade dos protagonistas e depois os seus desafios. No juvenil estão por volta dos 12 anos e correm riscos físicos como os famosos Cinco de Enyd Blyton que inspirou praticamente todos os outros autores. No jovem adulto estão entre os 14 e 18, quando começam a assumir responsabilidades e a enfrentar mais questões sociais do que pessoas malvadas. Preferencialmente o público-alvo tem a mesma idade dos protagonistas e hoje em dia é normal uma saga fazer essa transição para manter os leitores por mais tempo. Sente-se maior afinidade com uma personagem que envelhece ao mesmo ritmo que nós.
O problema é que apesar do enorme sucesso de vendas e da identificação com as personagens, poucos leitores têm a idade mental para terem o mesmo comportamento idóneo dos seus heróis. Mais grave é quando nem os autores conseguem ser exemplo. Esta é a história de Mavis Gary, a escritora-fantasma de uma popular colecção para jovens adultos prestes a ser cancelada. Mavis sofre de um bloqueio de escritor durante a escrita do último livro e ao ver as fotografias do bebé recém-nascido do seu namorado de liceu, decide voltar a uma época em que era jovem, bela, popular e tudo era simples. O problema é que passaram vinte anos e apesar de continuar a ser popular - foi a única a sair da vila e a tornar-se alguém famoso - as suas atitudes mesquinhas para com os outros não caem bem entre gente adulta. Enquanto tenta recuperar o namorado que não quer saber dela e foge aos pais que não sabem dela, vai conviver com aqueles que ostracizou na juventude e constatar as mazelas da sua maldade.
É um filme independente com alguns nomes sonantes. Quem conhece a carreira de Reitman não estranhará a estratégia que tão bons resultados trouxe nas tentativas anteriores. Desta vez o filme foi menos mediático e não esteve nomeado a prémios. Isso não significa que seja mau, neste caso foi apenas mais específico. Uma indústria do cinema multicultural como a americana por vezes não reconhece a riqueza de uma história que se adequa apenas aos americanos. Os EUA são conhecidos como a terra dos sonhos, mas é preciso perceber que é essencialmente uma terra de sonhadores. Nas pequenas terras todos sonham em sair para a grande cidade e ser alguém. Os que ficam conformam-se. Os que conseguem escapar, muitas vezes criam rancor por não terem cumprido o sonho. Esta é uma história que balança entre os que se conformam, os que sentem que falharam, os que ainda sonham, e os que descobriram que o seu sonho estava onde sempre viveram. Temos histórias destas em todo o mundo, mas para os americanos ter um sonho e ir atrás dele é uma questão de orgulho pessoal. Em “Young Adult” assistimos a uma caricatura reflexiva onde a protagonista – uma fenomenal Charlize Theron - está alheada numa demanda contra moinhos enquanto aqueles em torno dela reflectem sobre aquilo em que se tornaram e aquilo em que ela se tornou.
É um conto do anti-herói moderno com a visão sarcástica de Diablo Cody. Como filme pode não colar à primeira (desculpem se não é entretenimento), mas a mensagem que tem a passar chegará a quem estiver disposto a perceber. Com tantos filmes feitos pela receita, é refrescante aparecer algo que aposta mais na mensagem do que no conforto do espectador, à semelhança de "Juno". Convém ver enquanto se é um jovem adulto para não se cometer os erros de Mandy.
Título Original: "Young Adult" (EUA, 2011) Realização: Jason Reitman Argumento: Diablo Cody Intérpretes: Charlize Theron, Patton Oswalt, Patrick Wilson, Elizabeth Reaser Música: Rolfe Kent Fotografia: Eric Steelberg Género: Comédia, Drama Duração: 94 min. Sítio Oficial: http://www.youngadultmovie.com/ |
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