3 de fevereiro de 2005

"The Aviator" por Ricardo Clara

Estreia hoje um dos filmes mais esperados do ano. "The Aviator" dirigido por Martin Scorsese, vem apimentado com as nomeações para Óscar: 11 no total, entrando em categorias tão importantes como Melhor Filme, Melhor Actor ou Melhor Actor / Actriz Secundários. Com um elenco de luxo, será concerteza o grande vencedor da noite de 27 de Fevereiro, apesar da feroz concorrência que o persegue este ano (sexta nomeação para Scorsese, que nunca conseguiu arrebatar o galardão).
"The Aviator" é um biopic sobre a vida de Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), um multimilionário, realizador e aviador, que bateu inúmeros recordes de velocidade, e que investiu mulhões de dólares numa companhia aérea (TWA), um homem excêntrico, cuja paixão por mulheres era sobejamente conhecida (Hughes teve affaires com grandes estrelas de cinema de Hollywood, como é o caso de Katherine Hepburn, Ava Gardner, Jean Harlow e Bette Davis, entre outras). Neste filme, que retrata a sua vida dos anos 20 aos anos 40, somos levados a ver desde a realização do filme mais caro da história, naquela época ("Hell's Angels") até aos casos amorosos com Katherine Hepburn (brilhantemente interpretada por Cate Blanchett) e com Ava Gardner (Kate Beckinsale). Em meados dos anos 30, e já com a sua doença em franca manifestação, o jovem milionário empreende uma luta para tornar uma companhia aérea, da qual era proprietário maioritário, a primeira a realizar voos de longo curso entre os EUA e a Europa. Com a feroz oposição de Juan Trippe (Alec Baldwin), dono da PGA Airlines, rival da TWA detida por Hughes, e do senador Ralph Owen Brewster (outra fabulosa interpretação,agora de Alan Alda, nomeado para Melhor Actor Secundário), Howard Huges vê-se a braços com um inquérito publico, que o acusava de ter gasto dinheiro em tempo de guerra (estavamos em plena Segunda Guerra Mundial), numa tentativa de retirar-lhe o controlo da companhia aérea. Impulsivo, mulherengo, esbanjador, louco, tudo epítetos de uma das grandes figuras da sociedade norte-americana do início do século passado, que podem ser apreciadas nesta grande obra.
E para entrar um pouco mais no filme, nada como falar um pouco da equipa que o produziu. À cabeça, o incontornável Martin Scorsese (quando falamos de cinema, falamos de Scorsese, quando falamos de Scorsese, falamos de "Raging Bull", de "Taxi Driver", de "Goodfellas", ou de "Gangs of New York"). Brilhante a realização, as sequências, os planos que, apesar de maçadores em certas situações, conseguem ser arrebatadores noutras, é perceptível uma mudança na estética do realizador, mas nunca abandonando a su genialidade, e a forma mágica como ele manipula os nossos sentimentos. De seguida o elenco (e que elenco): Leonardo DiCaprio no papel principal (também nomeado para Óscar), tem a interpretação da sua vida; uma fabulosa Cate Blanchett traz literalmente à vida Katherine Hepburn (os tiques, as poses, o sotaque de New England, trabalhado até à exaustão), sendo com certeza a grande candidata para Melhor Actriz Secundária. Kate Beckinsale no papel de Ava Gardner, Alec Baldwin enquanto Juan Trippe, um fantástico Alan Alda no papel do Senador Brewster, ou John C. Reilly (Noah Dietrich), interpretando o braço direito de Hughes. Mas sem esquecer os cameos: Gwen Stefani (vocalista dos No Doubt) no papel de Jean Harlow, Jude Law na pele de Errol Flynn, Willem Dafoe e Rufus Wainwright completam um elenco notável, escolhido a dedo e com interpretações fabulosas. A banda sonora fica a cargo de Howard Shore ("Seven", "eXistenZ", "Lord of the Rings", estando a trabalhar actualmente em "King Kong"), com uma escolha notável de temas, com homens como Glenn Miller, Django Reinhardt ou Artie Shaw. Com uma fotografia a todos os títulos notável, que ficou a cargo de Robert Richardson, somos, sem ser perceptível, transportados instantaneamente para Hollywood dos loucos anos 20, das festas em clubes típicos, convivendo com Kate Hepburn, com Errol Flynn, com Ava Gardner ou com Louis B. Mayer, todos misturados numa amalagama de cores, despertando (quase) todos os sentidos. Talvez com uma duração um pouco escessiva (170 minutos), o filme que hoje estreia em Portugal vem demonstrar que Martin Scorsese é, sem dúvida, um dos maiores realizadores de todos os tempos.



Título Original: "The Aviator" (EUA, 2004)
Realizador: Martin Scorsese
Intérpretes: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Alec Baldwin e Alan Alda
Argumento: John Logan
Fotografia: Robert Richardson
Música: Howard Shore
Género: Drama
Duração: 170 min
Sítio Oficial: http://theaviatormovie.com

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