27 de fevereiro de 2005

”Deadly Cargo” por Nuno Reis


Mais uma vez o cinema espanhol… Ver um por dia começa a ser cansativo, mas como já deram quase todos que vieram ao festival daqui para a frente a programação será mais variada. No Senegal uma repórter fotográfica decide fazer um pouco de mergulho em mar alto antes de regressar a casa. Depois de conhecer os seus companheiros de excursão - um casal à espera do primeiro bebé e dois jovens desportistas – vai vestir o fato de mergulho o que, obviamente, é uma ocasião para mostrar o corpo ao público e ao miúdo que os levará. Já não me lembro de filmes espanhóis em que nenhuma actriz se despisse, neste fazem-no de uma forma mais incompreensível mas também mais inocente. Durante a viagem, um cadáver a boiar torna-se o prenúncio de um desastre e momentos depois encontram-se todos a nadar, a quilómetros da costa. Ao fim de algum tempo avistam um barco para onde nadam desesperados, o que mais tarde se apercebem é que nesse barco estão uns vultos negros a matar pessoas. Enquanto a mente do espectador pensa em piratas ou terroristas os seis aventureiros sobem para o barco. Escondidos descobrem que o barco “apenas” faz tráfico de animais e ficam cada vez mais preocupados com as suas vidas, os opositores são cinco e estão armados, eles têm entre eles os seis duas mulheres (uma delas grávida) e uma criança e apenas levam uma máquina fotográfica, uma faca e a roupa colado ao corpo. São levados por um animal a procurar ajuda médica e serem vistos nessa busca faz com que um deles tenha de se entregar para não ameaçar os restantes. A partir daí é a clássica história de grupo de clandestinos - sacrifício do indivíduo pelo colectivo, sobrevivência e resistência, vida ou morte – havendo uma ou outra cena com interesse. Gostei do final debaixo de água, pela simplicidade com que fizeram as filmagens (não inventaram novas técnicas mas conseguiram imagens bonitas) e por mostrarem alguma dedicação nas personagens sem tornarem o filme estúpido.
Um thriller ao estilo americano com personagens estereotipadas pouco desenvolvidas mas que cumpre o seu objectivo: entreter. Não sendo um grande filme é bem capaz de se safar nas salas comerciais, uma boa antestreia num festival que começa a pedir salas esgotadas.

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